sábado, 22 de maio de 2010

Ser ou Não ser... uma questão de opinião





Eu só queria ser simples. Queria uma vida simples. Sem precisar me preocupar com coisas que para os outros é normal. O problema de ser gay, é que a vida é a única que pode te ensinar. Sua mãe não está ali pra pegar na sua mão e dizer o que você deve fazer. Nem seu pai pra aconselhar que homem você deve evitar, quais são perigosos pra você, quais você pode confiar. Você não pode pedir um abraço à sua mãe por estar magoado com a decepção que um homem lhe causou, nem dizer que quer chorar por ter tido seu coração partido. Temos que mentir pra quem mais amamos, talvez pela insegurança de deixar de ser amado. Quem deveria nos dar suporte muitas vezes fica contra nós, muitas vezes não nos reconhece. Eu queria muito chegar a algum lugar, mas estou correndo em circulos. Depois dos últimos acontecimentos... um único desejo grita dentro de mim.

Eu não quero ser gay.

Não é escolha, não é algo que se coloca e se tira. Mas ser gay é um fardo à mais, e é um fardo pesado, principalmente pra quem não consegue se adaptar ao mundo em que estes vivem. Eu não consegui me adaptar. Tive tantas desilusões diante de tantas esperanças vãs e diante de tantas promessas. E aos poucos quase me tornei o que mais odeio.

Nunca pensei em contar aos meus pais. Nunca cogitei essa possibilidade. Procuro conquistar minha independência pra depois ter a coragem necessária. Tenho medo de ser rejeitado pelas únicas pessoas que incondicionalmente nos amarão. Mas não confio nesse amor, por que já fiz muita coisa errada, já decepcionei em diversos quesitos.

Estranhamente não estou triste, nem descabelando-me. Estou pensativo. O mais interessante da virada cultural foi a expontaneidade dos acontecimentos, foi viver um cotidiano com possibilidades. Naquele momento, rodeado de pessoas como eu, não precisei fazer média nem medir palavras. Fui eu mesmo vivendo, falando, dando em cima, pegando na mão, desejando, sem medo.

Dou tudo para viver assim pelo resto da minha vida. "Ser gay ou ser normal". Essa frase costuma revoltar as pessoas, mas o "normal" não é o padrão de normalidade social, e sim o normal das ações: poder SER sem medo, poder DESEJAR sem medo, ser LIVRE para andar de mãos dadas... e não unicamente num evento em que vai toda a cidade. Não se trata do meu lugar ao sol, somente, mas do lugar ao sol de todos os gays que estão calados. Gosto de não ser normal, de não seguir padrões. Só o que me cansa é não poder confiar em ninguém. Perdi a confiança em qualquer ser com duas pernas do sexo masculino, e resgatar novamente essa confiança será duro. Mas como diz a música: "Não se preocupe, você se encontrará, siga seu coração e ninguém mais. Você pode fazê-lo, oh, baby, se você tentar... "

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