sábado, 28 de agosto de 2010

A psicóloga, o rapaz sem nome e a gargalhada fatal...



Qual o peso da palavra "AMOR"? E da expressão "Eu te amo"? Quando devemos dizer isso? Quando temos certeza ou quando sentimos ser o momento ideal? E a banalização da expressão? É correto chamar alguém de amor o tempo todo? E quando for real? Qual impacto terá?

Outro dia eu estava caminhando pra facul e recebi um SMS de Tiago:

"I love you"

Como resposta, enviei:

"I like you so much"

Ai ele me devolveu:

"Eu escrevi 'eu te amo', não 'gosto de você'."

Ai eu respondi:

"Eu sei. Mas não vou te devolver por obrigação. Quando eu disser 'eu te amo', será pra valer, por que eu senti que devo."

Pra mim a palavra "AMOR" é mais forte que tudo. Posso dizer que nunca amei ninguém. Só aqueles que é natural amar (família, animais de estimação). Arrisco dizer que uma OBI é um amor não correspondido. Pra mim OBI é uma pessoa inalcançável, onde só o desejo de tê-la faz com que a deseje mais, e passa a viver em um ciclo sem fim.

Perguntei ao Tiago o quanto ele me amava em uma escala de zero a dez.

"Sete ponto cinco"

Foi a resposta que eu ouvi. O amor está na média. Quando me devolveu a pergunta, eu disse:

"Nunca amei alguém. Não posso dizer que te amo, pois não tenho com o que comparar, só sei que gosto muito de você."

O mais estranho em não saber o que é o amor é que passamos a vida toda vendo filmes, contos, livros, romances e épicos sobre o amor, descrições trágicas dessa máquina que move o mundo, que não deixa dormir, que nos faz sonhar. Nunca ter sentido o que todos sentem por natureza é mais um ponto que me faz ir sempre contra a maré da humanidade.

Por anos eu pensei que o amor não existiu em minha vida por causa de meus bloqueios gerados por minha insegurança. Tal insegurança me levou a tomar uma drástica atitude: Procurar um profissional.

Fui ao médico da minha cidade, mais precisamente o clínico geral e lá, pedi uma guia para o psicólogo.

"Por que você quer passar no psicólogo?"

"Como assim?"

"Pra você passar, preciso de um motivo pra colocar na sua guia." (disse o Clínico de forma muito estúpida [Por que não vai trabalhar no que gosta?])

"Hmmm... Stress..."

Na época eu tinha saído do trabalho, stress foi o motivo que me veio em mente mas eu sabia que não era isso, óbvio. Em casa, ninguém podia saber que eu ia passar em um psicólogo, escondi de todos. Então, em um sábado de manhã, o telefone tocou enquanto eu dormia. Alguém atendeu e após um tempinho, a porta do quarto abriu. Minha mãe.

"Rud, ligaram do médico. Disseram que seu psicólogo está marcado pra tal dia."

Óbvio que eu não soube onde enfiar minha cara. Só pra começar as consultas, já tinha acumulado meia dúzia de traumas novos. Minhas sessões não foram muito produtivas. A psicóloga era uma mulher legal... até demais. Eu procurava uma psicóloga que me desse tapas na cara, que me dissesse verdades que eu não podia ver, que eu não queria ver. Eu sentava, falava várias inseguranças que eu tinha e o que eu ouvia era:

"Hmmm... É complicado..."

Com o dinheiro do seguro, entrei na academia na época. Um lugar chato, onde eu me sentia por várias vezes deslocado, até que uma vez eu O avistei.

Cabelos enrolados, braços à mostra na regata, shorts revelando suas pernas definidas, um corpo PERFEITO, sem tirar nem por... simplesmente lindo. Eu apenas o admirei. Até que um dia no vestiário ele olhou pra mim e deu um sorrisinho. UM SORRISINHO...

Em um outro dia, eu estava sentado em um aparelho e ele se aproximou:

"Podemos revesar?"

"Claro!!"

Queria ter feito mil séries ali só pra revesar com ele.

Alguns dias depois, eu o reencontrei. Ele estava entrando e eu saindo e ele disse:

"Oi, tudo bem? Já vai?"

"É, vim mais cedo hoje."

Ele deu seu sorrisinho e parti contente. Estava ali meu motivo pra ir na academia sempre. E eu ia com gosto. Na psicóloga, contei sobre ele.

"Que bom, Rud. É bom saber que você está libertando-se de seus medos. Qual o nome dele?"

"Hmmm... Não sei..."

"Haaaaah, Rud, não acredito que você não sabe. Sua missão dessa semana vai ser descobrir esse nome."

Voltei à academia obstinado a descobrir aquele nome. Estávamos sempre juntos quando nos encontrávamos lá, fazendo os exercícios e falando sobre academia, eu sem corpo nenhum e ele com o corpasso desejando mais (detalhe que eu era dois anos mais velho que ele). Um dia ele me pediu ajuda em um exercício. Ele colocava seus braços no banco e as pernas no banco da frente, agaichando. Ele precisava de peso e pediu que eu pressionasse seus ombros pra baixo.............



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Eu poderia morrer naquele momento. Pensem na cena: Eu empurrando os ombros daquele Deus grego, em um movimento quase sexual pra cima e pra baixo... ele fazendo força pra subir e eu força pra descê-lo... Aiai, um daqueles momentos em que vale a pena estar vivo.

Eu não descobri seu nome, infelizmente. Ele desapareceu por quase um mês e nesse tempo eu abandonei minha psicóloga. Motivo? A distância pra chegar lá e um ato que ela cometeu que eu chamo de pecado. Lembram do caso Tom? Do namoro de uma semana? Quando eu contei esse caso a ela... sua ação foi totalmente ANTI-Profissional. Ela gargalhou...

"Namorar em uma semana? Ah, Rud, pelo amor de Deus né?"

Sem palavras. Isso por que eu procurava ajuda.

O rapaz voltou à academia depois de um tempo longe e me contou que havia se acidentado no local. Não fiquei mais muito tempo por lá devido à grana e a não gostar mesmo de academia. Me irrita repetição de coisas. Mas nunca esqueci aquela OBI de verão, só a dúvida se ele era gay ou não me deixa pensativo. Se fosse nos tempos atuais (vide Segurança) eu não mediria esforços pra descobrir.

Por que eu contei tudo isso? Bom, outro dia eu estava conversando com o Fulano e disse:

""Se uma OBI minha parasse na minha frente e dissesse: 'Vamos?' Eu largava tudo que estou tendo."

Até hoje tive 3 OBIS: Adriano, na "T", Alvaro, o motoqueiro e o rapaz sem nome... Esses três tem um poder sobre minha vida que não posso explicar. E esses dias estava voltando do FILE (evento de tecnologia na Paulista) e, caminhando no centro de minha cidade, eu o avistei.

O rapaz sem nome.

A partir dai meu corpo não me obedeceu mais. Comecei a seguí-lo de perto, caminhando em seu encalço. Percebi que ele estava com um amigo.

"Será que é amigo? Ou será algo mais? Será que é parceiro novo da academia? Será que ficou em meu lugar?"

Então eu parei de caminhar. Parei e os observei partir, atravessando a rua. E segui meu caminho. Será a vida me testando? Será que reencontrarei todas as minhas OBIs pra descobrir se a palavra amor poderá ser enfim usada? Ou foi só coincidência? Não acredito em coincidência...

Logo após encontrá-lo, contei ao Tiago sobre minhas três OBIs. Ele ficou enciumado, mas eu deixei bem claro:

"Assim como sei que sua vida não começou comigo, você tem que aceitar que a minha não começou com você."

Cogitamos a possibilidade de, se não der certo,além de sermos amigos, vivermos em uma espécie de relação aberta. Tipo, quando ambos estiverem sozinhos e quiserem resolver certas necessidades, irem se encontrar e se resolver sem mais compromissos... Relação moderna. Gostei da idéia (podem me crucificar a seguir).

Acho que o mal de eu ser roteirista é que autmaticamente eu espero o fim das coisas. Tenho necessidade em ver os créditos subirem. E o pior de tudo isso é que sou a pessoa mais mal resolvida que conheço. Seja em relacionamentos, seja em consultas com psicólogos, em academias e até com sonhos de uma OBI de verão. Nada nunca termina...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dicas ao Sol: Românce está no ar... e um pouco de maldade



Olá, povo!!



Sem muitas novidades em minha vida, só fazendo muito trabalho do semestre final e mantendo contato com o Tiago pelo celular, espero as segundas feiras com cada vez mais ansiedade. Depois preciso contar sobre nossa última saída (ou não, vou pensar), fizemos coisas bem ousadas, rsrs.



Enfim, passo aqui pra deixar algumas dicas legais de minhas navegações pela net.



Um vídeo bem educativo e simples sobre a polêmica se é opcional ser gay!!






Este outro é uma campanha bem legal pela camisinha. Eu como adoro animação sou suspeito pra falar, heheh.






Já esse aqui é só pra rir da pura maldade:






Mais uma maldade, rsrsrs:






Eu não ia postar esse mas achei bem legalzinho, então ai vai:






No mesmo naipe do segundo video, essa aqui nos interessa mais, rsrs:






Sensacional!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Como eu disse em uns posts anteriores, assisti Inception (A Origem) e recomendo, o filme faz pensar sobre as diversas camadas que temos em nossas mentes, simplesmente fenomenal:






É o tipo de filme que me faz pirar. Nunca tinha viajado tanto desde Matrix, hehe.



Pra finalizar essa lista, aqui vai um filme que assisti na mesma semana que vi Inception e que, coincidentemente, tem o mesmo ator (que achei um gato) do filme, Joseph Gordon Levitt, do qual já me tornei fã. O filme é 500 dias com ela (500 days of summer), se puderem vejam, comédia romântica bem real, faz refletir sobre relacionamentos em geral... Aqui vai a sequência depois que o principal tem a primeira noite com a garota que gosta, quem nunca se sentiu assim, rsrsr:






A cena seguinte é hilária, rsrs. Assistam que é bueno!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Brainstorm: A persistência da aleatoriedade



Brainstorm é um termo utilizado pelo designer no processo de criação. Ele, sozinho ou com companheiros de profissão, pega um papel e coloca todas as idéias que vierem à mente, sejam essas ordenadas ou não. É uma tempestade de idéias que, trabalhadas, formarão uma idéia bem trabalhada no futuro. Baseado nesse termo e nessa premissa, inauguro essa sessão chamada Brainstorm no Nosso Lugar ao Sol.



Geralmente eu jogo algumas idéias coerentes em meus Posts, de forma que tudo faz meio que sentido no final. Nessa sessão, não espere sentido. Vou apenas jogar idéias, tentar falar um pouco sobre elas mas nada muito compromissado ou específico, apenas colocá-las aqui e ver no que dá, viajando mesmo.



Estava voltando pra casa outro dia e vi um rapaz com olhos azuis e braços bem definidos, um corpo em forma e um cabelo liso. Tentei me colocar no lugar de um cara desses. Não deve nunca ter tido problema em pegar meninas e meninos, simplesmente o bam bam bam, e o pior é que sabe disso. Imagino como é viver a vida sem ter dificuldade de chegar em alguém e ter quem quiser. Tento imaginar, mas não consigo, é irreal demais.



Tinha também um rapaz com a pulseira do arco iris, daquelas que os gays assumidos utilizam. O celular dele tocou e ele disse ao seu "amor" que estava chegando em sua cidade. O jeito de falar já o denunciava, a pulseira era pura confirmação. O mais engraçado foi ver um emo com calça colada e sua amiguinha tirando uma dele. Mesmo que sofram preconceito, as pessoas continuam propagando-o, é tão engraçado isso. E falando em homofobia (sempre ela), eu li que a cada 4 brasileiros, um tem aversão aos homossexuais. É o pior índice de preconceito do país.



Leia na íntegra:



http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5449&sid=7



Igualmente engraçado é que com esse índice de preconceito não há nenhuma lei que puna tais agressores. É como se os próprios homens que constituem as leis fossem preconceituosos. Mas quem sou eu pra falar de política, pra mim não passa de um ciclo vicioso do rouba mas faz, rouba e não faz, rouba e sai de férias, entre outros roubos. Às vezes queria ter uma consciência política maior... Só às vezes.



Ainda no trem, vi um rapaz com um grupo de amigos cantando uma bela mulher que dormia em um dos bancos e que foi acordada pelo idiota que, em uma necessidade de provar sua virilidade e de se inserir num grupo de marginais tolos que adoram mexer com as mulheres pra se aparecer, age como um neandertal. Por causa desses grupinhos, por causa desses "homens" virís é que leis contra a homofobia são distantes da realidade. É contra eles que ela vem lutar. É de um candidato que pense nessas questões que temos que votar. Mas pelo jeito não há...



Dentre esses vândalos, está meu primo. Aliás, primos vândalos são a especialidade de meus tios. Quanto mais primos surgem, mais cedo vândalos se tornam. Novamente a necessidade de inserção em grupos, falando que nem mano, com um fogo no rabo e uma indiscritível falta de senso de realidade e compromisso com o futuro (tô parecendo político falando). É daqueles que você olha na cara e prevê o futuro: Viver em um subemprego, ter mais de quatro filhos e morar na casa dos pais. É previsível que pessoas sem perspectiva caminhem para um destino assim.
A poluição só aumenta...



Não sei se o que mais vale a pena é sacrificar o hoje por um amanhã estável que valha a pena ser vivido ou se mais vale uma vida emocionante, intensa e na flor da pele. Nunca tive uma vida intensa, sempre me preocupei com o futuro, com o que eu viria a ser. Afinal, você colhe o que planta...



Atlas Shrugged, escreveu:



“Não deixe sua chama se apagar com a indiferença.
Nos pântanos desesperançosos do ainda, do agora não.
Não permita que o herói na sua alma padeça frustrado e solitário com a vida que ele merecia, mas nunca foi capaz de alcançar.
Podemos alcançar o mundo que desejamos. Ele existe.
É real.
É possível.
É seu.”



Marcante. Inesquecível. Perfeito.



Sempre sonhei em ser um herói de uma grande história. Aos poucos meu sonho morreu, dando lugar a realidade, onde escrevo histórias de heróis pra entreter. O mais engraçado é que tento deixar meus heróis o mais humanos possíveis. Talvez uma tentativa de aproximá-los de minha humanidade e imperfeição. A ficção tenta imitar a vida. Eu só queria poder imitar a ficção às vezes.



Será que as ciganas podem ler as mãos?



Será que esse negócio de sorte existe? E os números, será que significam algo? Sempre que olho no relógio aleatóriamente, vejo as seguintes horas:



11:11



22:22



2:22



Será que estou perdendo algo? Nasci no dia 22, é a única coisa que bate. Quem sabe um sinal, sei lá. Outro dia estava desenhando e senti uma sensação estranha, como se já tivesse feito o mesmo desenho MUITO tempo antes e sentido aquela sensação, um Déjavù literalmente falando. Arrepiante.



Pra fechar essa micelânea, um curta da Disney sobre Salvador Dali, meu pintor surrealista predileto:






Ah, sim, e ODEIO a Disney por ter criado a lei de direitos autorais pra mais de 90 anos!!
quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dicas ao Sol: Como sobreviver a uma OBI (Relatos de um sobrevivente)



Bom, ultimamente tenho presenciado muitas pessoas com problemas em relação às famosas OBIs, aquelas pessoas que surgem em nossas vidas e que nos tornam pessoas mais felizes, mais motivadas... e de uma hora para a outra nos torna obcecados, doentes e dependentes delas. A coisa piora quando essa pessoa, que só de abrir um sorriso nos derrete e só de falar ilumina nossas vidas vazias não pode ficar conosco, justificando através de vários subterfúgios como "sou hétero", "creio em Deus", "somos amigos demais pra estragar tudo". Eu já passei por isso e você leitor já deve ter passado. É triste. MASSS eu sou um sbrevivente. Isso mesmo, eu sbrevivi e uma OBI em minha vida. E vou contar como.


Minha OBI era uma pessoa difícil, mas tinha dentro dele um lado bom. Ele era o famoso pegador, o bonzão, típico mano cheio de gírias e trejeitos, o "vida loka". Mas por detrás dessa máscara, eu via sua necessidade de ser notado pelos caras que moravam perto da casa dele, um rapaz que pegava tantas garotas mas que não se satisfazia com nenhuma, em busca de um rumo na vida, mas preso no destino da maioria daqueles peões que trabalhavam comigo na empresa onde o conheci. Enfim, um derrotado em pele de vitoriso descolado. Por ver além de sua carapaça, eu tive esperanças. E cada sorriso, cada vez que ele me chamava pra acompanhá-lo, cada bincadeira que fazíamos, cada vez que ele falava um de meus palavrões pessoais (eu invento palavrões pra não falar os verdadeiros, hehe) eu me derretia. Eu simplesmente FLUTUAVA perto dele...

Só não saímos da empresa no mesmo dia por que ele tinha estabilidade devido a um acidente que sofreu (com a moto). Ainda assim, toda vez que ele entrava na net, eu ia falar com ele no MSN (nem sempre sendo bem tratado). Quando deletou seu orkut, eu fiz de tudo pra descobrir se ele tinha outro. Salvei todas as suas fotos no computador. Ficava esperando ele ficar online, e quando ficava, eu ficava que nem um urubu na carniça.

Além de ter quase me oferecido pra fumar maconha com ele, cheguei no fundo do poço quando ele me ligou dizendo que tinha roubado números de documentos da empresa em que trabalhamos e queria que eu falsificasse tais documentos trocando fotos e números de RGs para utilizar no ROUBO de motos....... e eu quase aceitei!!! Liguei pra ele para dizer que aceitava mas ele tinha conseguido de outra forma. Chegar ao ponto de quase cometer um crime pela pessoa era o fim. Então comecei a reavaliar minha condição e aceitei que estava doente.

O processo de eliminação da OBI é lento, já aviso. Comigo foi lento, e doeu bastante. Mas sobrevivi.

1. O primeiro passo é o desapego, e provavelmente é o que mais machuca. A ÚNICA forma de se desapegar é mantendo distância. Convivência não deixa a OBI morrer. Então afaste-se.

2. Vá cortando outros tipos de contato como Orkut e MSN. Diminua a frequência de conversas, demore para responder as mensagens até que a pessoa perceba que você não é mais o mesmo. Assim, perceberá que deve te tratar de forma diferente, pois aquele antigo dependente livrou-se dele.

3. Deletar de sua vida é a parte mais triste do processo. Livrar-se de vez do telefone, MSN e Orkut, até que mais nada reste, somente a lembrança. Suas fotos também devem ser deletadas assim que possível. Tão difícil quanto deletar é deixar a pessoa lá na lista de contatos e vê-la entrar e sair e parar pra pensar: "Puxa... eu superei." É perigoso, pois se ele vier a falar algo, pode trazer vários sentimentos à tona e isso pode ruir todo o trabalho. Mas vale a pena superar. Hoje essa é minha situação. Ele fica on, e eu ignoro. Ainda não consegui deletar as fotos, mas hoje às vejo como as de amigos, não mais como antes (que ficava meia hora olhando em cada foto, admirando cada pedaço do rosto e desejando estar junto e.... Deixa pra lá).

Não sei se essas dicas ajudam, só sei que é um processo BEEEM lento e é preciso se atentar às recaídas, resistir a cada vontade que surgir de sequer falar com a OBI, pois qualquer palavra trocada pode ser um retrocesso. Vençam suas OBIS, pois sem elas a vida pode brilhar menos, os pássaros podem não cantar, o despertar do relógio pode ser penoso e o caminhar pode ser cansativo. Enfim, dias ensolarados podem ser envoltos de sombras e escuridão quando elas não estão presentes... MAS... NÓS SOBREVIVEMOS!!!
domingo, 15 de agosto de 2010

Depois: Zona de conforto perante um céu de núvens escuras...



Após o desapontamento, cheguei em casa e comecei a pensar no Tiago. De uma forma diferente. Ele não mandou mensagem, não ligou, simplesmente sumiu. Então mais à noite eu liguei pra ele.



"Decidi ir no shopping fazer compras. Pensar na vida, sei lá."



Foi o que ele disse. Depois diz que não é gay, mas tudo bem. Expliquei de novo que não fiquei com raiva dele mas sim da situação e ele pareceu entender. Conversamos até descontraídos com a situação...








No dia seguinte, acordei de mal humor relembrando o acontecimento do dia anterior e na saída da faculdade, começamos a conversar por SMS.



"Rud, mudaram meu dia de folga. Agora é segunda feira..."



"Legal. Mas ainda assim é ruim. O que se faz de bom numa segunda?"



"Não sei. Vê um lugar legal pra gente ir?"



PS: Odeio que eu tenha sempre que escolher pra onde sair.



"Não, é sua vez de ver. Bom mesmo era quando você folgava na quarta feira."



"Pra mim segunda é um ótimo dia."



"É, acho que não faz diferença, considerando que você não sai pra nenhum lugar que pessoas normais saem.."



"Tipo qual?"



"Barzinho por exemplo..."



"Hmm. É, sei que as coisas estão difíceis pra gente. Sinto que você vai me deixar."



"Se eu quisesse te deixar, já o teria feito. A gente tá tentando, não tá?"



"Tá, mas preciso descobrir se é isso que eu quero."



"Como assim? Descobrir se é gay?"



"Também... Mas preciso descobrir se é isso que eu quero em relação a nós... Ao que você quer... Se eu posso te dar o que você quer e ser quem você quer que eu seja."



Até passei minha estação de trem, tendo que descer na estação seguinte pra voltar. Fiquei desconfortável com a idéia dele partir... De tudo acabar de novo antes de começar... Justo agora que estava tão perto de ter algo legal com alguém. Pensei nas noites solitárias em baladas que odeio, em salas de bate papo, em orkut e msn com aquelas conversas chatas quando se quer conhecer aguém, na insegurança de agradar o outro, em ficar mandando fotos, à mercê do julgamento alheio... Enfim, todo o processo que esse um mês e meio com o Tiago me fez esquecer.



Mas isso me fez levantar uma nova HIPÓTESE: A zona de conforto. Será que estou com o Tiago apesar dos pesares por ele ser bom pra mim ou por eu estar confortável nessa situação? Dúvidas, dilemas...



Não sei, só sei que depois daquelas palavras escritas por mensagem de celular, fiquei com o coração apertado.



"Acho que você que vai partir."



Escrevi, finalmente, e ele disse:



"Vou tentar enquanto eu puder."



Na quinta feira, fui almoçar com a karla depois da aula, pois ela tirou nota baixa em um relatório de TGI (trabalho de graduação interdisciplinar) no qual eu fui bem e para dar umas dicas a ela, eu à acompanhei. A Karla é minha única amiga mulher da facul, para a qual uma vez eu contei ser gay também. Foi meio estranho, pra dizer a verdade (ela contou que gostava do amigo que então revelou-se gay. Eu aproveitei a brecha e contei de mim). A reação dela foi embaraçada, ela meio que fingiu não estar nem ai... Mas senti que ficou constrangida. Com o tempo contei do segurança da facul mas fora isso não falei mais nada. É a única hétero com a qual não sinto dificuldade em não falar sobre nada (ela e o DVD) por que os dois parecem não ligar pra nada dessas coisas (no sentido de nunca tocarem no assunto), apesar que eu sei que ligam.



E nesse fim de semana, marquei com os dois pra ir numa exposição na Sé. Muuuito boa por sinal,lá na Caixa Cultural, na faixa (grátis). Colocamos assunto em dia e depois fomos ver Inception (A Origem), simplesmente FILMASSO, recomendo!!



Em um momento, eu disse:



"Gente, preciso falar uma coisa..."



Eu ia falar sobre algo da facul, mas o DVD me cortou:



"Que foi? Você é gay? Resolveu se assumir?"



Ai eu disse:



"Ainda não."



Provavelmente ele não entendeu, mas a Karla sim. Ainda não resolvi me assumir. O DVD é uma daquelas pessoas que provavelmente sumiria se soubesse de mim. Mas eu preciso dele em um projeto meu. E às vezes me sinto culpado por que lembro que no primeiro ano de facul inventei que a Hayashi era minha ex e ele chegou a me dizer que eu era um dos melhores amigos dele...



Mas enfim, foi bom viver uma noite hétero com amigos héteros falando de coisas héteros (e nerds, como teorias mirabolantes com relação ao filme). Mas é bom que voltemos à realidade.



E voltando a essa realidade, me dei conta do quão cruel ela pode ser. Outro dia uma amiga da minha mãe (da época do colegial) veio aqui em casa e pude escutar partes da conversa. Entre outras coisas, contou de como meu irmão conheceu sua "mulher" (entre aspas por que vivem juntos sem casar) e que eu me formo no fim do ano. Conveniências apenas. Imaginei o desgosto dela quando souber que seu caçula não lhe dará netos. Fiquei imaginando o que ela contará à amiga quando eu sair de casa, sozinho ou com meu parceiro... Só imaginando. É tão clássico contar as vantagens da família. Difícil é expressar a realidade com orgulho:



"Meu filho é gay, ele teve coragem de vir a mim e se assumiu. Hoje mora com seu parceiro, estão bem de vida, dividem tudo. Precisa ver que história de amor eles têm, melhor que muitos de nós."



Irreal, eu sei, por mais que não haja nada de anormal nisso. Quem sabe um dia muito muuuuito distante.



Nunca estive tão confuso em relação ao que eu sinto... Acho que os leitores devem estar enjoados de mim falando dessa chatisse de confusão, mas não tenho culpa, me desculpem se estou sendo chato. Estou deixando rolar mas a cobrança da Hayashi por minha identidade me faz sentir a necessidade de definir coisas. Preciso definir, definir, definir. E ele (Tiago) também precisa descbrir se ele quer ou não estar comigo. E se ele desistir assim que eu decidir querer? Será que ele tá tão confuso quanto eu? Será que ele tem um blog secreto onde desabafa?? Dúvidas cruéis...



Só o que eu posso afirmar é que pra mim não será nada fácil abrir mão de tudo que tá acontecendo agora. Podem esperar uma época negra para esse blog... Sinto a leve brisa que antecede a tempestade...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Durante: Identidade, Déjavù e armadilhas do destino...



De manhã, tomei um chá pra tentar equilibrar meu inconstante estômago, mas não funcionou muito. Fui para a faculdade com a expectativa no auge. Animado, mandei uma mensagem:

"Está pronto pra hoje?"

E recebi a resposta:

"Estou a ponto de bala!!"
Otimista, fui para a aula, onde meu nervosismo atacou: A professora propôs que levantássemos e fossemos diante da sala nos apresentar como profissionais de designer. Dizer no que somos bons. Um a um, todos caminharam para falar um pouco de sí. O bipolar, a beata, o homofóbico, todos foram lá.
Chegando na minha vez, ainda temeroso, eu falei:
"Bom, nunca trabalhei na área de Designer, mas o meu foco principal é animação. Pretendo me especializar nessa área, faço animações experimentais que estão em um canal na web, pretendo me tornar um diretor de arte."
Basicamente foi isso, gostei muito de ter falado e ouvido o pessoal da sala. Fui pra casa e almocei. Minha mãe foi pra igreja à tarde e eu deixei um bilhete dizendo que iria dar uma saída. Fui pra República. No caminho, imaginando o que estava prestes a acontecer, fiquei todo empolgado, relembrando os momentos do parque em que estivemos juntos NAQUELA intensidade. Cheguei atrasado e ele estava com um pouquinho de raiva do atraso. Estava lindo com camiseta de botão preta e regata branca por baixo como eu pedi, calça preta e boné pra trás. TUDEBÃO!!
Caminhamos na direção do motel. Frio demais, fomos andando enquanto ele me contava o que houve enquanto me esperava.

"Um cara veio até mim e pediu pra eu ajudar com dois reais pra sua passagem, disse que me recompensava com comida. Eu dei os dois reais e falei que não precisava me recompensar, ai ele disse: 'Você foi o primeiro que me ajudou... Tem certeza que não quer comer?? Tenho uma bunda gostosa...'"
Indignado, perguntei se era bonito e ele respondeu que era bnitinho... Pelo menos ele é fiel...

Chegamos na rua do motel. Haviam algumas pessoas lá na frente. Ele parou.

"Não precisa ficar com medo, pode vir."

Passamos na frente do local, estava mesmo cheio de gente na porta, mesmo naquele frio de rachar. Passamos direto.

"Tenho que ligar pro meu amigo!! Ele tenque me dar coragem agora!!"

Disse o Tiago, começando a telefonar.

"Cara, cria coragem, resolve seus próprios problemas." (eu tentando me meter na amizade novamente)

Ninguém atendeu. Lembro-me que uma vez contei a ele do caso do loirinho boyzinho que travou na porta do motel. E lembro que ele deu risada.
"Rud, descupa, mas eu não consigo... Tem muita gente ali. Não tem outro lugar? Aqui não vou conseguir...
Saímos caminhando. No dia que vim em uma balada do Arouche, descobri um outro motel lá perto e fomos até lá.
"Eu tô imaginando a raiva que você tá..."
"Tô não... Ainda não."
Chegamos na porta. Estava aberto, porém na escada que dava à recepção, havia uma grade. E estava trancada... Encostei minha cabeça na grade, já imaginando o que estava prestes a acontecer. Desci as escadas e nos olhamos. Então eu disse:
"Como resolvemos isso? Quer ir no do Tatuapé?"

"Não vamos poder fazer mais hoje..."

Fiquei em silêncio, olhando com seriedade pra ele.

"Tenho medo de você terminar comigo por uma coisa dessas..."

"Não sou tão raso assim..."

"Mas tô vendo que você tá chateado."

"Não tô."

Nem disfarsei o quanto estava.

"Vamo no cinema?"

"Não. Depois daquele parque, não posso ficar mais perto de você, pois é capaz da gente ser preso!!"

"Por favor..."

"Vou ser sincero com você: Não estou chateado com você por não entrar lá... Mesmo por que quero que seja uma coisa que nós dois queiramos... Assim como você é paciente comigo em minhas nêuras, vou ser com você. Só o que me chateia é essa situação... É você saber o por quê de termos vindo aqui hoje e dar pra trás na hora 'H'. Só isso. Mas não tô chateado com você. Só não espere que eu abra um grande sorriso, por que não vou fazer isso."

Caminhamos até a praça e foi ali que eu senti algo inexplicável. Nos sentamos bem próximos, ambos com aquela vontade louca de nos abraçar e nos beijar, mas com o mundo à nossa volta como um imã em negativo, nos afastando. Eu, marrudo, não querendo ir no cinema, com aquela raiva pronta pra explodir. A raiva, obviamente, não é por não transar naquela tarde, mas por estar me relacionando com uma pessoa sem coragem de estar comigo, sem coragem de enfrentar seus medos e o mundo por mim... Essa era minha raiva, de todos os tabús que sou capaz de vencer e que ele não é. Raiva de estar lutando sozinho... Por tudo isso, senti o olho lacrimejar, como um soco no estômago, como um engasgo na garganta...

"Que olho molhado é esse, Rud?"

"É esse vento frio... Meu olho tá ardendo..."

"Vamos no cine, quero um tempo com você..."

"Não vou no cinema, Tiago..."

"Então vamos embora."

Levantei do banco. Aquilo era meu sim. Viemos embora...

Após abraçá-lo na estação e deixá-lo ir, sentei no banco do metrô, ainda engasgado com toda a situação. Aquele dejávù do dia em que o loirinho boyzinho me ensaiou e não cumpriu minhas expectativas. Aconteceu tudo de novo.

Sentei no banco da Barra Funda e liguei pra Hayashi, que agora trabalha em sampa.

"Deu tudo errado..."

Combinamos de nos encontrar na estação de Osasco. Eu coloquei a toca devido ao frio. Foi então que, diante de mim, me deparei com uma inesperada armadilha do destino...

Do outro lado da estação de trem, na outra plataforma, entre centenas de pessoas esperando o trem, meus olhos conseguiram vê-lo de pé, ironicamente diante de mim. Edgar. Pra quem não se lembra dele, leia aqui:


Sim, meu pior inimigo de meu último emprego, o homem que (não contei aqui) foi capaz de voltar à empresa na noite que foi demitido pra tentar me matar na saída por ter atribuído a mim sua demissão (um dia termino a minissérie da OBI suprema, rsrs...). Levantei imediatamente e coloquei a mão na boca, como se à protegesse do frio. Com a toca e a mão na boca, era impossível ele me reconhecer. Então, olhei fixamente pra ele, que me olhou também fixamente. Eu sabia que ele não podia me reconhecer, mas haviam dúvidas em seus olhos. Será que ele tava sacando?

Nunca saberei. Seu trem chegou... Graças a Deus. Espero ter sido nosso último encontro.

Encontrei a Hayashi e contei os últimos acontecimentos. Na hora de nos despedirmos, ela me deu uns bons tapas na cara (simbólicos).

"Você está perdido, Rud. O que você precisa é de uma definição. É saber quem você é. Você se forma no fim do ano. Chegou aquela hora de saber o que você vai querer pra sí mesmo daqui pra frente. Qual sua meta. Estabelece um objetivo, aquilo que você quer ser, não importa o que seja. É como se fosse um alvo. Ai você vai caminhar até ele, não importa o quão longe esteja. Se formar é só o primeiro passo."

No mesmo dia em que me apresentei como Designer na sala... No mesmo dia que a crise de identidade do Tiago atacou de novo... Sou incentivado a achar quem eu sou no meio desse turbilhão. Identidade... Como é difícil a definição de sí próprio. De noite, lembrei de como fiquei diante da situação com o Tiago. Totalmente anormal...
segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Antes: Nosso Lugar ao Sol Versus Tiago: Homofobia internalizada



O meu relacionamento com o Tiago alcançou um mês e pouco de vida e só uma certeza pairou entre nós: Precisamos fazer sexo!



Já saímos juntos, ficamos de pegação, vivemos bons momentos, mals momentos, brigas, reconciliações, carícias e críticas. Muitas DR também. Só uma coisa não foi vivida: O tal do sexo.



Não sei se vocês se recordam mas pra mim em um relacionamento, três coisas contam. Sexo é a terceira. Não é a mais importante, mas é importante. Afinal, é o apse, é o teste final se toda a química faz sentido. Claro que se for ruim, não iremos desistir. Mas se por cinco vezes seguidas for ruim, não tem nem o que dizer, significa que não rola.



O grande problema com o Tiago é seu preconceito. Ele já me disse coisas horríveis sobre sua repúlsa ao universo gay, sobre como não faz parte desse universo e considera-se meio que superior a tudo isso por ser bi e até chegou a citar pessoas que vão a barzinho na república como "passivonas". Muitos desses termos e manifestações já me motivaram a crer que nosso relacionamento não vai longe. Não vou namorar alguém que não se aceita como gay e se acha melhor que gay por ter diferentes opções.



Escutei diferentes opiniões sobre tais manifestações:



Fulano: "Na boa, eu já tinha terminado. Você deixa esse cara te tratar assim, isso é errado. É muita mancadinha."



Segurança: "Ele sofre de algo muito frequente para pessoas mais novas como ele: É o chamado MEDO da exposição. Ele viu coisas que não gostou e que não quer para si. Acho que trabalhando ele, você consegue uma coisa legal! Sinto que ele tem muitos medos com relação ao que é..."



Ed: "Você mereceu o que ele disse. Ele só pagou com a mesma moeda tudo aquilo que você fala dele. Aqui se faz, aqui se paga."



Temos o racional, o emocional e o prático. Considerando a opinião de cada um, estou tentando trabalhar a pessoa, mas sei que não tenho muita paciência nesse quesito. Quero alguém que se aceite e goste do que é, e que não tenha medo de entrar em barzinho e de sair comigo assumindo ser o que somos. Isso não posso exigir dele, rapaz novo, confuso e cheio de medos.



No domingo, fomos ao parque da água branca e depois de muito caminhar (sob algumas reclamações dele), seu celular tocou. Era seu melhor amigo (o equivalente ao que o Fulano é pra mim) e eu falei um pouco com ele. Pareceu uma pessoa legal. Já vi fotos, e o Tiago parece meio que pagar um pau pra ele. Cara bonito, cheio de si, diz que é ativo, ousado e que transa muito (15 vezes numa noite = conversa fiada...), é aquilo que o Tiago provavelmente considera um homem ideal, ou um gay ideal, aquela pessoa que o inspira e que o faz ter tantas idéias (erradas) sobre o mundo GLTB. Na batalha entre Rud e o melhor amigo de dez anos do Tiago, Rud não terá vez. Mil vezes mais fácil trocar o "namorado" do que o amigo. Isso é fato e é o que eu faria. Competir com o melhor amigo é impossível. E nem vou entrar nessa briga.



Ainda no parque, eu e Tiago subímos uma escadaria que dava no segundo andar de um casarão trancado, que abre as vezes para exposições. E ali entendemos as necessidades incontroláveis que temos de dar o próximo passo. Rolou uma pegação de um jeito como nunca tinha rolado, com uma intensidade superior a muitas outra intensas que tive. Saindo do parque às seis, atravessamos o minhocão (grande ponte de uns dois ou três quilómetros que atravessa São Paulo através dos prédios) interditada de domingo e conversamos de vários assuntos, combinando de acabar com nosso fogo na terça. Chegamos na República e sugeri acabar com aquilo naquele momento, entrar em um motel ali mesmo... Mas estávamos mortos de tanto andar.



O grande problema é: Tiago não é uma boa pessoa. Estar com ele é conviver com a arrogância de alguém que está além de mim, que acha sempre que é mais do que eu simplesmente pelo fato de ser bissexual. Seu amigo reforça seu ego bilateral com a pose de ativo viril e poderoso, insentivando-o a manter seus preconceitos. E à distância, não gosto de conversar com o Tiago, pois parece escrever o que é conveniente, pensa demais. Quando o encontro, não sei o que acontece mas todo aquele ódio que tenho de sua personalidade construída para ocultar seus medos (isso se segurança estiver certo) simplesmente some, desaparece. Dá lugar a uma vontade de estar com ele, de querer abraçar e beijar e de se consumir nas chamas, o que aumenta com sua constante esquiva e medo de ser pego. Quanto mais nega, mais aumenta o fogo. Tudo isso é causado pela tal da expectativa...



Então, o sexo é a solução. É decretar o fim dessa chama, é tirar a camada que me cega e me levar a enfrentar a realidade por trás do desejo. É determinar se eu quero o Tiago como pessoa ou como corpo. Muitos acham que eu devia esperar. Mas quero saber logo em que território estou pisando. Será como abrir meus olhos...



Essa minissérie é mini mesmo, terá três episódios. No próximo: A consumação...

O porquê, Dicas ao Sol e pai



Hoje me peguei triste pensando em algumas coisas. Entre elas, o fato de não saber se estou sendo lido nesses últimos posts. Ainda bem que conheço pessoas legais que o lêem e que me lembraram do real objetivo que tenho em escrever o Nosso Lugar ao Sol:



EU ESCREVO POR QUE GOSTO DE ESCREVER, LEIA QUEM SENTIR QUE DEVE.



Acho que o que sempre gostei no meu blog foi de minha liberdade de expressão, falar do que quero, na hora que quero, sem temer julgamentos alheios. O que mais me deixa contente é que eu jamais me distanciei dos meus leitores. Vejo blogs por ai em que faço comentários que nunca são respondidos, aqueles escritores que chamo de inalcançáveis, que acham estar no topo e desvalorizam a comunicação com aqueles que os creditam. E isso é algo que posso me orgulhar. Nunca ignorei um leitor meu e sempre respondi os comentários, fossem dicas, elogios ou críticas. Posso ter exagerado no comentário do meu leitor furioso, mas foi necessário, por que a coisa estava tomando proporções até perigosas. Peço desculpas por certas colocações que usei, já que escrevi bem furioso e chateado, mas não por ter direcionado o post à ele, já que isso foi necessário. Comunico ainda que estou tirando o post do ar para evitar polêmicas, afinal, o recado foi passado.



Não sei se é um erro querer conhecer meus leitores e até me envolver com eles, mas sei que eu sou assim e acho difícil mudar isso. O mais importante é que continuarei escrevendo esse blog por que gosto de escrever e gosto de saber que alguns me lêem, ainda que um só esteja lendo, fico feliz!!



Dito isso,vamos às dicas de hoje:

Muito bom esse vídeo sobre inversão de valores, que eu vi no blog

http://blogdosakamoto.com.br/2010/08/06/a-cura-para-a-homossexualidade-e-o-cristianismo/#comments



Interessantíssimo também é ver os comentários (mais de 300) no blog do Sakamoto, cristãos se digladiando contra homossexuais, cristãos e não cristãos, gays contando relatos do quanto podem viver bem sendo gays e cristãos, enquanto que os cristãos continuam como sempre demonstrando sua imparcialidade, como se ser gay fosse acordar de manhã e dizer: Hoje serei gay, tal como um ateu ou não-cristão pode acordar um dia e decidir ir à igreja louvar a Deus.

Eu já fui cristão, mas infelizmente os ataques e alfinetadas constantes contra meus semelhantes acabaram me afastando da igreja. Hoje creio em Deus, mas não creio na instituição dirigida pelos homens. E discutir esses temas acaba se tornando inevitável nessa sociedade imparcial que vivemos. 







Muito engraçado também esse comercial sobre gel lubrificante, kkk. Bizarro...






Se seu amor é ilimitado.... cuide de você e dos outros. Rsrsrs...



http://www.youtube.com/user/wickydkewl



Aqui vai um canal do único vlog gay que achei interessante (depois terei que falar de outros Vlogs, brasileiros, muito interessantes que tenho visto ultimamente) apesar de não ter procurado muito. O rapaz só filma sem camisa, pra provocar, eu acho, rsrs. Bem legal o vlog, um dia terei coragem pra fazer um.



Ontem foi dia dos pais e era pra eu ter postado isso aqui, mas acabou não dando tempo. Feliz dia dos pais a todos os pais que me lêem (kkk, nenhum, acho) e a todos os pais dos meus leitores, e a meu pai também, rsrs)



Reparei que nunca falei do meu pai por aqui. Acho que é devido à distante relação que temos. Ele é muito apegado à minha irmã e eu à minha mãe, nunca fiz muita questão de conversar com ele, nem imagino sua reação quando souber de mim, principalmente por já tê-lo visto muito sereno e MUITO descontrolado. Ele bravo já me deu medo... Tínhamos brigas constantes quando nos mudamos pra casa nova, mas nossa relação ficou instável quando eu ainda era pequeno, lembro que ele começou a trabalhar no taxi e sua personalidade mudou muito, ficou distante e ele e minha mãe só brigavam. Eu, apegado à minha mãe, ficava do lado dela. O tempo passou, minha mãe e meu pai se entenderam mas eu nunca esqueci a época do taxi... E nossa relação perdura instável até hoje.

O mais estranho é relembrar o quanto éramos ligados. Uma vez eu sofri um acidente (devia ter uns seis anos de idade) e bati a testa na escada (tenho a cicatriz até hoje) e meu pai me pegou com sangue jorrando e foi até o meio da rua, parando um carro pra me levar pro hospital. Enquanto eu era levado pra fechar o ferimento, gritava "pai, pai", o qual tinha ido trabalhar, enquanto minha mãe estava lá. Não sei quando tudo mudou, mas hoje nossa relação é muito distante. Ás vezes penso que ele nem sabe o que é gay, homossexual, homofobia, tamanha a alienação e falta de interesse. Pior é a idéia que a mídia vende e que ele muitas vezes compra. Ainda assim, gosto do meu velho, pois sei que mesmo fazendo muita burrada, ele é uma boa pessoa. Então feliz dia dos pais atrasado!!!



Fora isso tudo, espero muitos anos de Nosso Lugar ao Sol e nunca precisar me distanciar dos meus leitores para que me leiam. Até a próxima!!
sábado, 7 de agosto de 2010

Eu tô pronto pra namorar (!) (?)



Obrigado pelos comentários dos meus posts e obrigado Rud pela oportunidade de escrever aqui. Agora pra vocês mais um post do Primo.

Nestes últimos meses aconteceram algumas coisas na minha vida que me fizeram parar pra pensar em três perguntas: Porque eu quero namorar (relacionamento sério)? Eu sou muito jovem pra namorar? Estou pronto pra namorar?

O meu repertório de relacionamentos é pouco, sendo assim tenho pouca experiência, mas ao longo da minha vida fui formando a idéia de que deveria namorar sério. Ficar e depois largar na maioria das vezes me ocasionava um vazio no meu peito e assim eu conclui que eu deveria ter um namorado fixo.

Mas estou solteiro, SINGLE BOY. Primeiro que eu tenho algumas “neuras” sobre sexo e foi um assunto difícil na minha vida, que estou aprendendo a resolver. Segundo que eu sempre tive uma idéia ingênua que um rapaz nem muito lindo nem muito feio, inteligente e gentil iria aparecer na minha vida (até que apareceu, mas não deu certo). Terceiro que eu num saio muito pra “caçar” e num dou muita oportunidade pra conhecer pessoas, depois de trabalhar e estudar prefiro muitas vezes ficar em casa.

Eu estava lendo uma revista eletrônica GLS que possui um psicólogo que responde perguntas dos leitores chamada http://acapa.virgula.uol.com.br/ (que no momento o site tá indisponível, mas é muito bom eu recomendo) um rapaz de 19 anos pergunta se deve esperar pra perder a virgindade com alguém legal e sério ou ir curtir a vida com pessoas legais, mas sem compromisso até aparecer o tão cobiçado namorado. O psicólogo fala pra ele que seria interessante ele conhecer pessoas e “curtir a vida” e aumentar o seu repertório sexual ou comportamental em geral até aparecer alguém legal e ele estiver maduro.

Parece meio obvio essa resposta, mas é difícil chegar a essa conclusão e principalmente colocar em prática. A minha identificação com esse rapaz veio no momento que eu li.

Vamos começar a responder as perguntas propostas no começo do post.

1) Eu quero namorar porque primeiro é um dos exemplos de relacionamento que eu tive em toda minha vida. Os meus amigos e pessoas próximas falam que namorar é ruim, mas eles namoram. Segundo porque parece que há uma cumplicidade e uma intimidade sem igual que muitas vezes me causa inveja, eles vão ao cinema, ao parque, ficam juntos no domingo (o dia mais tediosos em minha opinião), tirando aqueles casais patológicos que não desgrudam e vivem em uma eterna simbiose, ter alguém junto parece ser maravilhoso. Terceiro que depois de pegar horrores em uma balada, chegar em casa e tudo aquilo ter sido momentâneo e nem haver um sms nem uma ligação nem um outro vinculo me causa um mal estar absurdo, um vazio que me deixa pra baixo. (Só um adendo: tem dias que me dá um “comichão” de ficar com todo mundo e depois largar. Acho que é próprio da espécie e principalmente pros machos do homo sapiens XY). E quarto um parceiro sexual fixo...hehehe

2) Acho que apesar de poucas experiências vai depender do envolvimento que irei criar com os meus possíveis “ficantes” e pretendentes pra saber se irei namorar ou não, sendo assim, dependerá do vinculo e do clima que irá se criar nos meus relacionamentos. Portanto não dependerá da minha idade.

3) Claro que eu estou pronto pra namorar!!! (PRETENDENTES, ESTOU AQUI!) E eu quero namorar. Mas enquanto isso vou viver cada dia com o que tenho e com o que posso. Quero conhecer gente e ter várias experiências. E eu continuo na interminável estrada do auto-conhecimento.

Leitores do blog eu queria saber a opinião de vocês sobre namoro e estarmos prontos pra namorar. Abraços pra todos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pendências: Parte Final: Velhas incertezas em tempos de agosto



Agosto... O mês das sombras, da angústia e da morte. Sempre houve uma lenda local sobre o mês de agosto. Notícias ruins chegam nesse mês agourento. É o mês que dizem ser o mais comprido do ano. E é entrando em agosto que finalizo essa minissérie. Tinha dito que o fim seria a grande decisão de uma pendência mas acabou não sendo. O fim fica marcado por mais pendências inconclusivas.

O estigma de agosto começou a revelar-se cedo. Domingo fui com meu amigo da facul DVD (o único que chamo de amigo na facul, mesmo sendo hétero e não sabendo de mim) ao Animamundi, evento de animação que foi sediado na Barra Funda e levou sua prima (linda) e o namorado dela (mediano, mas simpático). Não gostei muito de não ser avisado que eles iriam mas tudo bem. O evento foi bem legal, porém eu quis ver um pacote de filmes e a dupla de intrusos não quis. Pra não fazer desfeita, acabei indo junto com eles só pra ouvir a pérola da prima dele:

"Ecaaaaaaa.... que nojo... Duas mulheres se beijando..."

Revoltados, eu, o namorado dela e o DVD lhe chamamos a atenção:

"Baaaah, é normaaaal, larga a mãoo!!"

"É século 21!! Acordaaa..."

Fiquei até feliz com a reação do DVD. Mas queria ter visto a animação...

Na segunda, não teve aula. Fui ao médico remarcar uma consulta e passei raiva quando descobri que é para eu retornar com os exames que fiz na semana passada. Depois, no msn, tive uma discussão com o Tiago e nos desentendemos feio.

E hoje, tive meu primeiro dia de aula com uma professora chatérrima que também coordena estágios e que soltou a sentença:

"Quem não fez estágio ainda... está ferrado."

Além disso, passou um trabalho pra semana que vem, onde teremos que nos levantar e ir lá na frente nos apresentar e dizer no que somos melhores em Designer, a pergunta mais crítica que eu poderia receber nesse momento, já que as dúvidas bateram nessa reta final de facul (na qual me formo no fim do ano, sem muitas perspectivas).

Como se não bastasse, encontrei na facul a Bette (aquela minha "colega" que me considera amigo, com a qual estudo desde o pré). Eu marquei meio-dia no msn com o Tiago pra gente decidir o que faria hoje, dia de folga dele, e eu tinha que ir logo pra casa. Ela me pediu pra esperá-la ir na secretaria.

Esperei.

Depois ela pediu pra eu ir no último andar com ela.

Eu fui.

Após conferir LEEEEERDAMENTEEEEE o que queria no local, ela pediu pra eu descer de novo com ela, e eu disse que tinha compromisso.

"Não me deixa ir embora sozinha...."

O caminho dela normalmente é de ônibus, mas se ela fosse comigo, iria de trem, andando 15 minutos. Resolvi esperar, inventando uma desculpa pro Tiago (já eram 12:45). Na saída, ela olhou no relógio e disse:

"Ai, Rod... não vai dar tempo de ir com você... Entro às duas no emprego..."

Ódio. Ódio mortal... Tudo isso no 3° dia de agosto...

Eu contei semana passada que iria ter um momento a sós com o Tiago. Mas uma série de pequenos eventos acabou destruindo as tais expectativas. E gerou várias brigas entre nós em poucos dias. Brigas que me fizeram avaliar o relacionamento e se eu de fato conheço a pessoa com quem eu estou. Não vou ficar dissertando todos os problemas pra isso não virar uma chatisse, então resumindo:

O tiago não sabe tomar decisões ("Escolhe o lugar que a gente vai...")

O tiago não tem outro dia de folga senão terça (ótimo dia pra sair)

O tiago não entra em barzinho (nem gosta de beijar na rua, nem no Tatuapé, nem de ir na República).

Conclusão: O Tiago não está pronto para se envolver com homens.

Segundo o Tiago, eu também tenho certos problemas:

Eu sou reclamão e briguento.

Eu mudo de opinião muito rápido.

Meus problemas não atrapalham nossa relação. Já os dele praticamente anulam nossas possibilidades. Eu disse que ele não está pronto para ter um relacionamento com um homem enquanto caminhávamos hoje a tarde, mais precisamente às cinco da tarde no parque Vila Lobos, nesse frio de lascar. Nos sentamos em um banquinho, quase congelando, e ficamos namorando como se fossemos livres de todos os preconceitos do mundo, que sensação boa... O encontro, que era para ser mais uma DR, foi bom em diversos aspectos e esclarecimentos. Colocamos na mesa tudo que vem nos atormentando. Cheguei então a uma conclusão: Conversando, a gente se entende muito bem. O segredo é sempre a comunicação. E o melhor: Olhei pro Tiago e me peguei pensando: Pow, eu gosto desse carinha... Isso é uma coisa boa, considerando que pela fúria que eu estava horas antes no msn (com direito a palavrão que quase não falo) só faltava a gente se engaufinhar na rua.

Pendências resolvidas? Longe disso...

Certezas pro futuro? Nenhuma...

Agosto será um bom mês? ....