sexta-feira, 22 de abril de 2011

Inatividade



Como a maioria dos que lêem deve ter reparado, a frequencia de Posts por aqui tem sido escassa. Os motivos são muitos, mas a principal razão é a falta de interesse que tenho de narrar a vida cotidiana que tenho levado atualmente. Simplesmente não tenho o que dizer, melhor não dizer nada. O que posso dizer é que depuz minhas armas e estou deixando a vida acontecer. Sempre fui de correr atrás das pessoas a minha volta, de dar minha cara a tapa, de lutar por amizades que tive. Lutei muito pra segurar as pessoas perto de mim. E o resultado foi o esperado. Todos se foram. O momento não é mais de lamento, mas de reflexão. Avaliar onde errei, pra que um dia, se conhecer pessoas novas, não me torne um fardo a elas, não me torne alguém a quem não se quer por perto. Mudei de estratégia. Quem quiser partir, que parta. Não vou forçar minha presença na vida de ninguém, não tenho esse direito. Sou um fardo a mim, imagino aos outros.

Há duas frase que acho bem interessantes:

"Seja indispensável na vida de alguém." e "não vou tratar como prioridade quem me trata como opção". São frases de efeito de orkut e msn, mas acho-as interessantes, dizem muito sobre esse período.

Na primeira frase, falhei feio. A segunda diz respeito a uma frase que ouvi de uma pessoa sobre amizade e opção que prefiro não repetir. Por um tempo, fui o melhor amigo dos meus amigos. Acho que esse tempo se foi. Como diria os Beatles, let it be, deixe estar.

Ontem estava procurando um namorado.... hoje tenho que reconstruir toda minha vida... faz parte.
quarta-feira, 6 de abril de 2011

Degradação social e o desejo de partir



Caminho em uma frequencia diferente do fluxo de minha própria vida, e não me entendo. De verdade. Realizei finalmente meu objetivo e por um tempo, foi bom. Mas depois de um tempo, percebi que por mais que eu lutasse pra me encaixar, eu não consigo. Sou uma carta fora do baralho deles. Esse post infelizmente é um desabafo, antes que eu cometa uma besteira.

Há tempos, anos a fio, não pensava em me matar. Essa noite, voltando pra casa, eu pensei novamente. Saltar do alto do Banespa no Anahngabaú foi um pensamento que me deu um friozinho na barriga, mas cheguei à conclusão que seria uma morte muito feia. Queria uma morte bonita. Desejei que Deus, em sua sabedoria, me mandasse seu anjo da morte hoje. Que fosse rápido e indolor, um tiro no peito esmigalhando esse coração seco, sem amor, sem importância. Eu finalmente responderia o maior mistéiro da vida, pronto pra voltar a viver, ou pra reencontrar quem se foi, ou mesmo pra simplesmente deixar de existir... até quem sabe encarar o que ninguém jamais imaginou, posto que a morte pode ter sido imaginada como é, ou pode ser como algo que jamais ninguém pensou.

Enfim, foi um pensamento de fraco, mas sou fraco. Tão fraco que não tenho coragem de tirar minha própria vida, acreditem, se tivesse esse post não estaria no ar. Não estou querendo pena de ninguém, nem que se preocupem comigo. Ainda que seja fraco, sou forte o suficiente pra continuar levantando, ainda que seja penoso.

O pesar se deve ao mal que assola toda a humanidade moderna para os que abrem seus olhos. Estamos todos sós. Mas o pior não é apenas se sentir só, e sim ter provas conclusivas dessa constatação. Começou há quase um mês no meu novo emprego. As pessoas que conheci, oito de uma equipe de tratadores de imagem, aos poucos demonstraram não ter nenhum interesse em minha integração com eles. Sempre que precisei de ajuda, recorri à minha supervisora, sentada ao meu lado, a que me colocou lá, que conhecia meu irmão dos tempos de um emprego em que trabalharam e que pareceu a única disposta a um diálogo interessante. O restante da equipe, nada. Nenhuma conversa direcionada a mim, todas as piadas que faziam era de um repertório interno que só eles entendiam, vindo de vídeos vistos e fatos vividas, apelidos com suas próprias histórias e situações que eu não compreendia. Até ai tudo bem, pensei. Eles devem demorar pra aceitar um novo membro no grupo, é normal um estranho invadindo seu espaço.

Mas então, em uma sexta feira, ouvi de um deles que o rapaz novo, que entraria segunda feira, era um amigo de um dos membros da equipe. Eles começaram a rir do nome engraçado do rapaz e um deles falou algo que é melhor ter ouvido do que ser surdo:

"Esse ai já vai entrar enturmado na equipe."

Dito e feito. Segunda feira, a supervisora me mudou de lugar pra ponta da fila, sentando-me ao lado de Dinho, o rapaz que, em momentos em que a supervisora não estava, me auxiliava (com muita má vontade). E eu, involuntariamente, escutei TODO o treinamento que ele deu ao novato, muito do que se eu tivesse recebido quando entrei, não teria tido tantos problemas. Em um momento, o rapaz saiu da sala e seu amigo que o indicou perguntou:

"E então, o que achou do rapaz?"

"Parece bem legal!!"

Não parecia. Era como eu, meio timido, meio acanhado, não tinha dito nada de legal até então. A única coisa que o fazia legal era o fato de todos o terem elegido o novato legal. E eu, o cara chato, mudo, deslocado.

Hoje, terça, segundo dia do rapaz, já estavam aos risos, compartilhando histórias sobre os apelidos que nunca entendi, prometendo mostrar todos os repertórios de vídeos que eles vêem e riem, para que o novato se integre a eles, contando o sentido de suas piadas internas, puxando diversos assuntos aleatórios que sempre que tentei puxar com o Dinho e ele apenas respondia sem prolongar assunto. Comparei cada frase, cada atitude, cada riso. Em dois dias, o novato conseguiu aquilo que de início tentei, mas depois desisti: entrar para a equipe.

E o que não é essa solidão no emprego senão uma grande metáfora de minha existência? Minha meia dúzia de amigos ou mora há quilómetros de São Palo e quando vêm pra cá não têm interesse em sair ou já se arranjaram e estão amando, sem tempo pro que restou da amizade. Não tenho amigos senão por telefone, minha vida é vazia de pessoas a quem possa abraçar e acreditar que gostam de mim. Não sei amar e não sei se alguém algum dia já me amou ou ao menos gostou de mim incondicionalmente, com minhas falhas e erros, torto como sou. Não sei me integrar. Ando solitário por essa vida. Nunca me importei até hoje, vendo aqueles risos daquelas pessoas parecendo ignorar minha existência:

"Estou treinando você por que se seu amigo o fizesse, ele só te zoaria. Vamos deixar a zoeira entre nós pra daqui mais ou menos uma semana, quando tiver mais intimidade, quando você for um brother nosso."

Pérolas que eu ouço o dia todo direcionadas ao novato, como se me ignorassem ao lado, ouvindo tudo. Não quis me matar por essa idiotisse de não estar integrado às pessoas que trabalho, mesmo por que converso nos intervalos com vários do andar de cima. A questão é que pareço não estar integrado à própria vida que levo. No fundo de mim, nesse escuro sem fim, não encontro paz. Estou só, sou só, e nada nem ninguém pode mudar isso. Chego à constatação de que NÃO CONSIGO ESTAR SATISFEITO NUNCA.

Se eu morresse, demoraria quanto tempo pra cada amigo meu, à distância, descobrir? Dias, talvez meses, talvez nem soubessem. Enfim, vou cavando minha própria cova social, afundando no desespero silencioso de mais uma vez ter sido quase feliz. Sempre quase amei, quase me satisfiz, quase sosseguei. Por sorte ou azar, pra morte não há quase... Nesse ritmo, terei quase vivido, e isso não quero jamais. Novamente busco minha salvação em algum objetivo desconhecido, por que só o que me move é a expectativa. Como não as tenho, me falta forças pra caminhar. Buscarei objetivos pra não definhar nos pensamentos fúnebres.
segunda-feira, 4 de abril de 2011

Retiro



Sem pensar em um plano B
Falhei em minhas expectativas.
Com esperança, confiei que a competência vencesse
e ainda que tivesse prometido não desanimar
desanimei.

Já diz o velho ditado
que quando a vida nos quer castigar
atende nossos desejos
não foi diferente comigo
mesmo na vitória não encontro conforto.

Tudo que eu quero é não me importar
tudo que eu quero é ignorar a opinião alheia
é desconsiderar a importância do outro
quero independência pessoal

quero respirar por mim mesmo
quero não precisar de ninguém
ainda que isso me torne menos humano
Pra que humanidade em um mundo
que se esqueceu de acreditar?

Quero correr
quero saltar
mas sou preso ao outro
por que os olhos alheios
pesam tanto sobre meus ombros?

Retiro-me de meus projetos
de minhas esperanças
de minhas falhas
Estou me fechando
na escuridão de dentro de mim
e não há luz...

não houve luz...