quarta-feira, 6 de abril de 2011

Degradação social e o desejo de partir



Caminho em uma frequencia diferente do fluxo de minha própria vida, e não me entendo. De verdade. Realizei finalmente meu objetivo e por um tempo, foi bom. Mas depois de um tempo, percebi que por mais que eu lutasse pra me encaixar, eu não consigo. Sou uma carta fora do baralho deles. Esse post infelizmente é um desabafo, antes que eu cometa uma besteira.

Há tempos, anos a fio, não pensava em me matar. Essa noite, voltando pra casa, eu pensei novamente. Saltar do alto do Banespa no Anahngabaú foi um pensamento que me deu um friozinho na barriga, mas cheguei à conclusão que seria uma morte muito feia. Queria uma morte bonita. Desejei que Deus, em sua sabedoria, me mandasse seu anjo da morte hoje. Que fosse rápido e indolor, um tiro no peito esmigalhando esse coração seco, sem amor, sem importância. Eu finalmente responderia o maior mistéiro da vida, pronto pra voltar a viver, ou pra reencontrar quem se foi, ou mesmo pra simplesmente deixar de existir... até quem sabe encarar o que ninguém jamais imaginou, posto que a morte pode ter sido imaginada como é, ou pode ser como algo que jamais ninguém pensou.

Enfim, foi um pensamento de fraco, mas sou fraco. Tão fraco que não tenho coragem de tirar minha própria vida, acreditem, se tivesse esse post não estaria no ar. Não estou querendo pena de ninguém, nem que se preocupem comigo. Ainda que seja fraco, sou forte o suficiente pra continuar levantando, ainda que seja penoso.

O pesar se deve ao mal que assola toda a humanidade moderna para os que abrem seus olhos. Estamos todos sós. Mas o pior não é apenas se sentir só, e sim ter provas conclusivas dessa constatação. Começou há quase um mês no meu novo emprego. As pessoas que conheci, oito de uma equipe de tratadores de imagem, aos poucos demonstraram não ter nenhum interesse em minha integração com eles. Sempre que precisei de ajuda, recorri à minha supervisora, sentada ao meu lado, a que me colocou lá, que conhecia meu irmão dos tempos de um emprego em que trabalharam e que pareceu a única disposta a um diálogo interessante. O restante da equipe, nada. Nenhuma conversa direcionada a mim, todas as piadas que faziam era de um repertório interno que só eles entendiam, vindo de vídeos vistos e fatos vividas, apelidos com suas próprias histórias e situações que eu não compreendia. Até ai tudo bem, pensei. Eles devem demorar pra aceitar um novo membro no grupo, é normal um estranho invadindo seu espaço.

Mas então, em uma sexta feira, ouvi de um deles que o rapaz novo, que entraria segunda feira, era um amigo de um dos membros da equipe. Eles começaram a rir do nome engraçado do rapaz e um deles falou algo que é melhor ter ouvido do que ser surdo:

"Esse ai já vai entrar enturmado na equipe."

Dito e feito. Segunda feira, a supervisora me mudou de lugar pra ponta da fila, sentando-me ao lado de Dinho, o rapaz que, em momentos em que a supervisora não estava, me auxiliava (com muita má vontade). E eu, involuntariamente, escutei TODO o treinamento que ele deu ao novato, muito do que se eu tivesse recebido quando entrei, não teria tido tantos problemas. Em um momento, o rapaz saiu da sala e seu amigo que o indicou perguntou:

"E então, o que achou do rapaz?"

"Parece bem legal!!"

Não parecia. Era como eu, meio timido, meio acanhado, não tinha dito nada de legal até então. A única coisa que o fazia legal era o fato de todos o terem elegido o novato legal. E eu, o cara chato, mudo, deslocado.

Hoje, terça, segundo dia do rapaz, já estavam aos risos, compartilhando histórias sobre os apelidos que nunca entendi, prometendo mostrar todos os repertórios de vídeos que eles vêem e riem, para que o novato se integre a eles, contando o sentido de suas piadas internas, puxando diversos assuntos aleatórios que sempre que tentei puxar com o Dinho e ele apenas respondia sem prolongar assunto. Comparei cada frase, cada atitude, cada riso. Em dois dias, o novato conseguiu aquilo que de início tentei, mas depois desisti: entrar para a equipe.

E o que não é essa solidão no emprego senão uma grande metáfora de minha existência? Minha meia dúzia de amigos ou mora há quilómetros de São Palo e quando vêm pra cá não têm interesse em sair ou já se arranjaram e estão amando, sem tempo pro que restou da amizade. Não tenho amigos senão por telefone, minha vida é vazia de pessoas a quem possa abraçar e acreditar que gostam de mim. Não sei amar e não sei se alguém algum dia já me amou ou ao menos gostou de mim incondicionalmente, com minhas falhas e erros, torto como sou. Não sei me integrar. Ando solitário por essa vida. Nunca me importei até hoje, vendo aqueles risos daquelas pessoas parecendo ignorar minha existência:

"Estou treinando você por que se seu amigo o fizesse, ele só te zoaria. Vamos deixar a zoeira entre nós pra daqui mais ou menos uma semana, quando tiver mais intimidade, quando você for um brother nosso."

Pérolas que eu ouço o dia todo direcionadas ao novato, como se me ignorassem ao lado, ouvindo tudo. Não quis me matar por essa idiotisse de não estar integrado às pessoas que trabalho, mesmo por que converso nos intervalos com vários do andar de cima. A questão é que pareço não estar integrado à própria vida que levo. No fundo de mim, nesse escuro sem fim, não encontro paz. Estou só, sou só, e nada nem ninguém pode mudar isso. Chego à constatação de que NÃO CONSIGO ESTAR SATISFEITO NUNCA.

Se eu morresse, demoraria quanto tempo pra cada amigo meu, à distância, descobrir? Dias, talvez meses, talvez nem soubessem. Enfim, vou cavando minha própria cova social, afundando no desespero silencioso de mais uma vez ter sido quase feliz. Sempre quase amei, quase me satisfiz, quase sosseguei. Por sorte ou azar, pra morte não há quase... Nesse ritmo, terei quase vivido, e isso não quero jamais. Novamente busco minha salvação em algum objetivo desconhecido, por que só o que me move é a expectativa. Como não as tenho, me falta forças pra caminhar. Buscarei objetivos pra não definhar nos pensamentos fúnebres.

9 comentários:

Stênio disse...

Sabe, não é só umq questão de se identificar com o que escreveu aqui, é quase como se falasse por mim... Amigo, não pense que um emprego, uma integração, ou qualquer coisa vai nos suprir, nunca vai... Somos seres fadados a solidão de avenidas, não pertenceremos jamais a nada... Vamos ter momentos de felicidade, mas só, o todo será sempre bem triste...
Com esse discurso deve estar pensando: "que legal, o Stênio quer que eu me mate"... =) Não, é exatamente por sermos assim que não podemos morrer... Pense onde essa insatisfação pode te levar... Você acha que é a toa que somos assim? Muitos de nós ainda não sabem, mas eu acredito que isso tudo acontece por um propósito, algo como lições que precisamos aprender na vida para alcançarmos algum objetivo maior que nós mesmos...
Somos amaldiçoados, mas porfavor, não chegue as vias de fato, eu odiaria saber (que fossem semanas, meses, anos depois) que você não aguentou a tristeza de sua essência e partiu daqui...
Eu sei que é difícil aí, mas aqui também é... Hoje mesmo estava pensando nisso... As pessoas me tratam tão mal no serviço, quase como se não tivesse sentimento, me isolo, trabalho quieto, tenho vontade de chorar, não porque sou uma chorão que não aguenta nada, mas pela falta de sensibilidade do mundo... Falta gentileza no mundo, e como é triste ser vítima de agressões verbais e psicológicas, ainda mais alguém sensível como eu... É duro... Daí eu fico pensando, deixei meu pai, minha mãe, minha família e amigos para viver a obsessão de um sonho bom, e agora trabalho 11 por dia, e aguentando todos despejando suas frustrações em mim...
Estou triste e te entendo, mas segue daí que eu sigo daqui... Um dia a gente se encontra e ri de tudo isso...
Abraços! =)

Stênio disse...

Viu, dá um sinalsinho de vida aí, só para eu saber que você não se matou... Grato! =)

James disse...

Kkkkk, calma, cara, eu to vivo ainda. e não pretendo me matar. Como eu disse antes, escrever por aqui alivia muito os pesos que carrego, é um desabafo. E nesse dia eu precisava realmente disso. No dia segunte, acordei desanimado, fui ao banheiro e dei uns tapas na minha cara, mandei eu mesmo acordar pra vida e ser autosuficiente. Funcionou um pouco. As coisas não melhoraram em nada no emprego, nem na vida. Minha busca continua, mas agradeço as palavras, e não se preocupe. Não me mato não por ter medo do outro lado (isso também), mas por que eu acho que tenho ainda muito o que mostrar e oferecer ao mundo. Preciso viver uma história completa, devo isso a mim mesmo. E espero um dia encontrar você e rir de tudo isso, rs. Tudo na vida passa, tudo é momento. Vamos ver o que as nossas nos oferecerão nos próximos capítulos, hehe.

Junior disse...

Precisamos conversar me mande seu numero de telefone ou algo assim.Por favor é muito importante p nós.Meu email zejudeu@gmail.com ou msn bat_ati_nhalok@hotmail.com.Espero confiante em sua resposta.Bjos e se cuida.

James disse...

Ok, add no msn ^^

Anônimo disse...

Oh wait, esse é O segurança? o_o

James disse...

Não entendi o comentário acima....

Anônimo disse...

Eu não sou o anonimo acima, mas acho q ele ta falando do guarda da facul q vc estudava.
Abraços

James disse...

Hmm, bom, não tenho contato com o segurança faz tempo, só por SMS. Puxa, quanto anonimo, hehe