sábado, 27 de novembro de 2010

Tremhunt: Esperando que o acaso aconteça...



Antes de começar esse post, tenho que relembrar um fato que aconteceu no meio desse ano. Fui para a faculdade atrasado e cheguei na estação, indo para o último vagão por ser mais vazio. Chegando lá, tinha um carinha. Ele estava lá parado, esperando o trem como eu e começamos a trocar olhares. Entrei no trem e ele ficou do lado de fora. Continuei olhando para ele da janela e então ele entrou, sentando um pouco a frente. Ficamos nos olhando, olhando...... e nada aconteceu.

O tempo passou, e em alguns dias que fui para a faculdade novamente atrasado, reencontrei o rapaz. O estranho foi que dessas vezes, ele começou a me olhar com cara feia, como se fosse um homofóbico. Meu "gaydar" não falha, eu sabia que aquele cara era gay, o máximo que estava acontecendo ali era ele com raiva por eu não ter tomado uma atitude. Mas ele também não tomou. Fazendo uma cara bem feia também, me sentei longe e ignorei aquela existência desaforada no vagão.

As coisas ficaram bem calmas e monótonas nos últimos meses de faculdade. Adiantamos bastante o nosso TCC/TGI e eu comecei a nem me importar com horários. Passei a ir mais tarde, afinal, só precisava ir pra supervisionar meu grupo, cuidar para que continuem trabalhando, já que minha parte eu concluí. E também relaxei nos horários. Em alguns dias, encontrei o zangado novamente, sempre com aquela cara de bravo, e em um dos dias, o vi com um amigo, rindo e conversando. O amigo? Com certeza gay também. Ignorando ambos, segui meu caminho tranquilo.

Em um determinado dia, um rapaz entrou em uma das estações e ficou de pé, de costas para onde eu estava sentado. Quando me viu, não parou de olhar para mim. Fiquei até envergonhado, de tanto que ele olhava, era coisa de torcer o pescoço mesmo. Quando fui descer, ele continuou olhando, sentando no banco e dei um sorrisinho acanhado. Ele apenas olhava, parecia extasiado. Saí do trem e caminhando pela estação, eu o vi olhar de dentro do trem....

E eu gamei nele.

Arrependido por não ter dito nada, por não ter sentado do lado dele, ignorando passar da minha estação, eu anotei o horário e decidi vir no dia seguinte no mesmo horario para poder reencontrá-lo e quem sabe acontecer algo.

No dia seguinte, cheguei à estação e esperei ansiosamente o trem no mesmo horário. Vi um rapaz na plataforma e trocamos olhares. Mas eu não estava nem ai para ele, só pensava naquele que eu ia encontrar em breve. Sentei, peguei um papelzinho e anotei meu telefone para entregar a meu príncipe encantado (kk). O rapazinho da estação sentou na outra ponta do vagão e ficou me olhando. Ele acenou com a cabeça para eu me sentar próximo a ele. Eu balancei negativamente a cabeça...

Chegando na estação em que o rapaz entrou, eu estava trêmulo. Mas ele não apareceu. Desci do trem decidido a encontrá-lo, afinal, ele poderia estar atrasado. Só depois do trem partir que me dei conta do tamanho da minha falta de auto-estima... descer atrás de homem em uma estação. Fundo do poço, com certeza. Desisti, e parti no trem seguinte.

Algumas semanas se passaram e reencontrei o rapaz que balancei negativmamrnte a cabeça na estação de novo... e ele estava acompanhado do zangado. Na verdade ele era o amigo do zangado. Uma estação antes de eu descer, o zangado desceu e eu me levantei, já que iria descer logo. Olhei para o rapazinho, que me olhava de forma tímida, e dei um sorrisinho sem dentes para ele. Ele retribuiu com uma cara de pena de sí próprio, como se tivesse dúvida das minhas intenções. Desci do trem e fui andando na plataforma. Quando vi que ele ainda me olhava, levei a mão à boca e dei um tchauzinho apenas com os dedos, de forma discreta, gargalhando sozinho depois, já imaginando o desespero do rapaz preso no trem sem poder voltar, o mesmo arrependimento que me tomou há semanas atrás.

Na semana seguinte, reencontrei o rapazinho na estação e ele caminhou decidido até mim.

"E ai, beleza?"

Perguntou, e o trem já vinha chegando.

"Beleza."

Respondi, sem aparentar interesse. Entramos e um rapaz sentou do meu lado e ele de frente para mim, com outro rapaz sentado ao lado dele. Só faltando uma estação para descer é que conseguimos sentar lado a lado. O nome dele era Kevin. Tivemos uma conversa rápida e xôxa.

"Eu vou te passar meu número..."

Eu disse, abrindo a bolsa.

"Ah, não é muito indiscreto?"

"Ah, beleza então... Nos vemos amanhã.... talvez."

Terminei, partindo e deixando-o seguir viagem.

No mesmo dia, descendo as escadas da faculdade, vi um rapaz no bebedouro e desci na frente dele. Saímos da faculdade, caminhando para a estação e parecíamos estar apostando uma corrida silenciosa, às vezes ele me passava, ai eu ia e o passava de novo. Ambos caminhavam em um determinado rítmo. Em nenhum momento ele demonstrou algum interesse. Meu "gaydar" não detectou nada. Chegando na estação, ele foi comprar passe e eu finalmente olhei para trás, ganhando a corrida. Lá embaixo, me sentei e ele veio após um tempo. Ao passar por mim, eu o olhei e ele se sentou do meu lado.

"Oi... Tudo bem?"

Perguntou, e respondi que sim. Começamos a conversar e viemos o caminho inteiro falando de faculdade e cursos. Em minha estação, tirei meu caderno e coloquei meu msn e telefone para ele, sem nem saber se ele era ou não gay. Uma pena que ele não adicionou e nem ligou.Vai ver for alarme falso.

A moral da história é que é complicado procurar o acaso, esperando que este aconteça. Se é acaso, como esperar por ele? Acaso é acaso... Não se pode esperar uma segunda chance para ter uma primeira ação e as certezas podem ser duvidosas, assim como as dúvidas acabam provando-se certas se investimos. Mas de qualquer forma, o que esperar de alguém que se encontra na caça do trem? Não muito...

Bom, pelo menos não me envolvi com o Kevin. afinal, poderia dar algum rolo com o zangado, que pelo jeito é amigo dele e um dia rolou uma faísca conosco. Melhor tudo ficar como está mesmo.

Certo?

Eu achava que sim. Mas o que acontece também não é o que achamos... Estava eu na terça feira esperando o trem e surgiu o Kevin, todo sorridente.

"Oi, Rud... Vem cá, minha amiga está aqui comigo, disse que a gente se conhece faz tempo."

Fui arrastado por ele e nós três começamos a conversar. O que achei que seria uma péssima situação até que foi legal. Do meu lado, o Kevin começou a, de braços cruzados, acariciar meu braço de forma bem discreta. Chegando na minha estação, eu peguei meu celular para ver a hora e ele pegou da minha mão, anotando o número dele. Mas eu de qualquer forma não poderia ligar.

"Acho que você deveria cabular aula hoje..."

Disse o Kevin, e eu disse que não podia. Me despedi deles e parti. O que aquele garoto estava querendo fazer lá na estação que ele desce eu não sei, mas não sou desses.

Na quarta feira, descobri um pouco mais a respeito do Kevin. Outra amiga apareceu e fomos conversando até ela decidir dormir. Então eu e ele começamos a falar de algumas intimidades. Foi ai que ele me contou de seu namoro quando tinha apenas 16 anos, com um garoto de 14. Seus olhos encheram de lágrimas nesse instante e finalmente encontrei a resposta...

Caçadores do trem também tem coração. E a resposta estava em mim o tempo todo, considerando que eu caço no trem em busca de amor cotidiano e verdadeiro. Em busca do que eu estava tendo ali, encontrando o garoto todos os dias e conhecendo aos pouquinhos. Ele começou a acariciar meu braço de novo.

"Ontem eu fiz isso também..."

"Percebi, né?"

"Posso parar se você quiser..."

"Não, não, rsrs..." 

Eu disse, quase que de imediato, e rimos muito. Em um ato impulsivo o convidei para ver Harry Potter no cinema e ele disse que estava sem dinheiro, mas que me ligaria para saber se poderiamos sair à noite.

"A aula que eu tenho hoje é muito chata, eu não quero ir... Então eu te ligo."

De tarde, me ligou e combinamos de nos encontrar às 18:20 na Barra Funda. E lá estava eu, no horário, como em raras vezes. Descendo ao metrô no horário de pico, vimos uma briga de niandertal..... quer dizer, de Palmeirenses na estação e ele ficou temeroso. Chegando ao cinema da República, ele disse não ter dinheiro MESMO e decidimos apenas caminhar. Bebemos um suco em um bar não-gay e depois saímos, conversando e rindo. Uma química legal surgiu e fomos para a pracinha quase vazia da Viera, onde atrás de uma banca finalmente ficamos.

E foi ótimo!!

O dono da banca bateu pelo lado de dentro algumas vezes e tivemos que sair. Fiquei fulo da vida, mas de longe vimos uns caras na banca bem mal encarados e pensamos: "Será que ele nos avisou para ficarmos espertos?"

Na volta, o Kevin encontrou mais um amigo (o terceiro diferente essa semana, cada dia um....) na estação e ele era MUUUITO gay, daqueles BEM afeminados mesmo. Só ao chegar na minha cidade tivemos um tempo curto juntos. Combinamos de nos ver no dia seguinte, mas eu tive que me abrir:

"Seu amigo da estação não gosta de mim, Kevin. Se você estiver com ele, não me espere..."

E por fim, na sexta feira, cheguei na estação e lá no final, avistei o Kevin com seu amigo. Decidi não ir para lá. Meu celular tocou.

"Alô? Rud? Já tá chegando? Estou aqui com meu amigo, ligando do celular dele, inclusive. Tô esperando."

Quando eu fui falar que ia me atrasar...

"O trem da plataforma dois não presta serviço, favor desembarcar."

Fui denunciado pelo auto-falante da estação de trem.

"Já estou chegando, Kevin..."

E lá fui eu, como se caminhasse para o matadouro., prestes a passar por uma situação constrangedora. Ao me aproximar dos dois, o zangado de costas e o Kevin me esperando, fiz sinal de quem corta o pescoço para ele, que riu sem jeito, e falei com uma voz doce:

"E ai, Kevin..."

Apertei sua mão, e ambos ficamos nos olhando enquanto o zangado permanecia de costas, provavelmente tinha me visto de canto de olho...

"Will, esse é o Rud."

Ele se virou, e finalmente nos encaramos.................................
sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Dicas ao Sol: Vai melhorar



Após os ataques na Avenida Paulista, que eu sempre achei (inocentemente) que era um lugar seguro, fiquei bastante perturbado e temeroso quanto a nosso presente, quanto a nosso futuro. O medo de ser quem somos, medo de sair à noite, medo de viver. Eu fiquei com medo de ir à "T" sozinho...

Encontrei um blog muito interessante que passarei a acompanhar, o qual abordou o assunto das recentes manifestações de homofobia ocorridas nos últimos tempos e o apelo da senadora Fátima do PT de rondônia sobre o assunto:

http://homofobiajaera.wordpress.com/2010/11/17/senadora-fatima-cleide-pt-rondonia/

Há algum tempo foi criada uma grande campanha nos E.U.A. em resposta a uma grande onda de suicídios de homossexuais vítimas de bullyng (agressão física e psicológica) que atingiu o país. Celebridades, grandes empresas e pessoas comuns reunindo-se para passara  mensagem de suas experiências, de suas tristezas e de como tudo melhora se você acreditar. Não há momento mais oportuno para mostrar esses vídeos aqui do que este em que São Paulo presencia a brutalidade que quase saiu impune, não fossem as câmeras de vigilância de um prédio.

Entenda a campanha pelo jornal nacional:


Ai eu achei o clip rsrs:


Esse é um depoimento bem legal de Joel Burns na câmara de Forth Worth, sobre onda de suicídios, de como ele quase desistiu e se reergueu.


Um exemplo de pessoas comuns, vlogueiros, fazendo seus vídeos, também muito interessante. Está em inglês, não consegui legendado, mas quem entende o básico consegue compreender a maior parte das palavras (digo por experiência).


Por fim, esse é um exemplo de grandes empresas participando da campanha. Há vídeos do google e do facebook mas esse da Pixar é excepcional!! Agradecimentos a Margarida da equipe Paperblog, eu conhecia a campanha mas esse foi um dos melhores vídeos!!

http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?origem=home&codigo=11955&titulo=Funcion%E1rios+gays+da+Google+gravam+v%EDdeo+em+homenagem+a+jovens+discriminados


Fica a mensagem aos homofóbicos: Melhorará para nós, as vítimas. Quanto ao destino dos intolerantes... Não sei, nunca tive notícia de algum deles que tenha se dado bem. Talvez em um ponto de suas vidas eles acordem e percebam o mal que fizeram... Tomara não ser tarde.

Ah,e seguindo o exemplo da campanha dos Estados Unidos, se alguém está sofrendo preconceito, se estiver se sentindo só, se precisar de ajuda, de um ombro amigo ou de qualquer coisa, escreva: hamlethtobeornot@gmail.com

E lembre-se: Vai melhorar.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Família: Dilemas de dois armários lacrados



Continuando a minissérie de reflexão sobre quem eu sou e quem eu almejo ser daqui por diante, dessa vez vou falar de um assunto bem complexo e difícil de explicar. A família.

Em minha família atualmente, somos em quatro. Eu, meus pais e minha irmã. Meu irmão emancipou-se, mora junto com a mulher de sua vida. Cada um tem uma visão (ou não) sobre o que é ser um homossexual. E essas visões não são muito otimistas.

Eu sempre achei que meu irmão fosse liberal nesse assunto, já que conheci o amigo dele que é gay assumido e ele e todos os seus amigos aceitam de boa. MAS em um fim de semana, fui visitá-los para passar a noite lá e meu irmão foi me buscar na estação.

No carro, chegando no apartamento deles, meu irmão disse que seu amigo gay estava lá e insinuou certo preconceito com relação a ele. E pior, mais à noite meu irmão e sua mulher malharam um rapaz, amigo do amigo gay deles, taxando-o de gay e caçoando dele. E o amigo gay ria, gargalhava, sem nenhuma postura, o que só intensifica a homofobia internalizada.

No caso dos meus pais, é o clássico.:Pai católico não frequentante, mãe Cristã (apesar de ser a mais liberal de sua família de irmãs beatas que vivem num mundo paralelo aos real). Meu pai aparenta não saber o que é ser gay, um daqueles que confunde um travesti com um homossexual, e não o culpo. Sua falta de formação e interesse pelo assunto é como o da maioria dos brasileiros homofóbicos. Minha mãe parece aceitar bem melhor as coisas. Há gays na novela Tititi (que não perco nenhum episódio) que não são do tipo estereotipado. O fato de meu pai não gostar da novela é obviamente entendível. Já minha mãe gosta, argumenta algumas questões, já chegou a xingar a mãe religiosa que expulsou o gay de casa (rsrs) e eu adoro isso.

Mas o que aumenta mesmo minha estadia em meu armário lacrado é minha irmã. Ela é a irmã do meio, enquanto sou o filho mais novo. E ela.............. é gay também.

Mas minha irmã não é somente lésbica. Ela é A lesbica. Sempre desconfiei dela. O jeito truculento, a fama de valentona, as roupas. Ela cortou o cabelo e assumiu o look das mais ousadas. Fiquei contente, e pensei: Acho que agora ela vai sair do armário.

Mas não saiu.

E respeitando a hierarquia da idade, fica complicado o mais novo sair do armário e o mais velho continuar. Eu resolver essa questão pendente e ela continuar lá... é complicado. E a questão vai muito além disso. Descobri que minha irmã tinha um caso com uma prima que saiu do armário. Quando essa prima louca deixou sua casa, os familiares dela acusaram minha irmã de ser má influência a ela. E chamaram minha irmã de "Sapatão" na frente do meu pai. Nunca vi o homem espumar tanto.

Então, meu pai, que escancaradamente é mais ligado à minha irmã, nem faz idéia de que a filha é o filho que ele sempre sonhou. E eu, que ele obviamente tem distância e pouca afinidade (a que compartilho com minha mãe), sou a filha que ele teria pouco contato (não sou afeminado, estou falando na questão comportamental tipo força, atitude, ação, lógica contra minha intelectualidade, raciocínio emocional e indecisão constante).

Uma vez perguntei à minha mãe:

"Se as suspeitas sobre a Mana forem certas... se ela realmente for gay... o que a senhora faria?"

A resposta? Mais estranha do que a pergunta.

"O que eu poderia fazer? Matá-la? Isso não posso, né?!"

.......................................................................

Tenho pena dos meus pais às vezes. Ter dois filhos gays, ter um filho que já se resolveu mas que não quer ter filhos. É o fim de nossa família. E tenho pena por ter que explicar a eles que Deus ou a biologia ou a genética ou seja lá o que for... decidiu que seríamos gays... E o pior: gays covardes, sem o mínimo de perspectiva de sair do armário.

Descobri sobre minha irmã de uma forma um tanto inusitada. Estava indo para um encontro com um cara e pedi carona a ela até a estação. Chegando próximo à estação, eu perguntei:

"E ai, tá namorando?"

"Enrolada...."

Exitando um pouco, perguntei...

"É aaaa......."

E ela me olhou com espanto.

"A?! Você... sabe?!"

"Óbvio, né Mana..."

Então nos tornamos mais íntimos, mas não ao ponto de trocar confissões. Atualmente ela trouxe uma garota para morar com ela em seu quarto. Meus pais sabem que as duas dormem na MESMA cama e caem na história de que minha irmã está apenas acolhendo uma amiga.

Caem mesmo?!

Não sei... Só sei que o brilhante armário de minha irmã ofusca o meu discreto armário trancafiado. A meta é que assim que eu tenha estrutura para sair de casa, revele à minha mãe. Não sei se meu pai precisa saber, nem se merece saber. Mas ela tem que saber quem eu sou... tem que me conhecer e eu preciso saber se mesmo depois disso nossa ligação continuará. Afinal, ela é a mais importante pra mim em todo esse jogo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Erradicação do mal inominável



Quando vi a notícia de que homossexuais foram atacados por homofóbicos na Avenida Paulista às seis da manhã de ontem, me lembrei de todas as vezes que passei naquele mesmo ponto naquele horário sozinho, até mais cedo. Provavelmente os jovens agredidos vieram da "T", onde costumo ir sempre. Nesse fim de semana, por pouco não varei a noite por lá, só me faltou a companhia...


Essas coisas me fazem pensar sobre esses tempos modernos em que estamos vivendo e em como a homofobia é estúpida e banal. O pior de tudo é que é um dos males que mora na mente humana facilmente influenciável pelos parametros sociais retrógrados. Seja por machismo, seja por valores religiosos, a homofobia se manifesta e destrói sem piedade. E o pior é a impunidade dos agressores e ver nossos irmãos sendo espancados, humilhados e feridos por apenas serem quem são e terem coragem de assumir, diferente desse bando de selvagens que muitas vezes são covardes e só se manifestam em bando.

Já presenciei muita homofobia, seja comigo ou no cotidiano. Por eu não aparentar ser gay (pelo menos até abrir minha boca) o preconceito nunca se manifestou contra mim na rua com desconhecidos, mas em todas as empresas em que trabalhei, aconteceram casos de homofobia. Não sei se desconfiavam de mim ou se apenas falavam por que não sabiam da verdade. O fato é que eu sempre saía com a auto-estima pior do que entrava. Uma vez eu estava no trem e saí na minha estação. Um gay todo rebolante estava andando na minha frente e atrás vinha um rapaz afrobrasileiro que falava ao celular. Eis o que ele dizia:

"Tinha uma coisa aqui perto de mim no vagão que deu vontade de dar umas porradas.... Por que não?! Ah, não dá! Ele é preto. Bater em preto é crime, ai é embaçado!"

Sim, eu ouvi isso...

Infelizmente a inconsequência e a falta de estudos e informação são as coisas que mais alimentam a homofobia. Jovens "vida loka" que saem em grupos provocando bullyng social por onde passam, o qual vai crescendo e acaba nas agressões que por não sofrerem punições vão se expandindo.... E ninguém faz nada.

Não podemos esperar a lei áurea nos salvar, precisamos de revoluções como as mulheres que se organizaram e mostraram aos homens que tinham seu espaço na sociedade. Quando o homem entendeu que nem tudo deveria ser como está nas escrituras sagradas e superou seu machismo, considerando que em famílias modernas os homens de verdade dividem tarefas de casa com suas companheiras, a sociedade mudou (principalmente a ocidental, que parece evoluir mais rápido). O mundo está em constante mudança mas apesar disso o preconceito continua escolhendo suas vítimas. Sempre o machismo quer ter alguém para oprimir, para mostrar que é superior, que é poderoso com relação à minoria. Mas o que não toma consciência é que essa minoria cresce, se organiza e deixa de aceitar com passividade seu retrocesso comportamental que beira o status patológico. É isso que a comunidade GLTB precisa: Organização, passeatas com objetivo (não carnavalesco como parada gay), protestos, força na política para criação de leis anti-homofobia, criação e organização de forças sociais e quem sabe até religiosas (há religiões criadas para gays), que sabemos influenciar muito em todos os aspectos políticos.

Isso é um desabafo diante dos acontecimentos, provavelmente estou falando algumas besteiras, mas tinha que dizer algo em solidariedade a eles, que mesmo sem conhecer me causam um aperto no coração por não ter podido ajudar ou coisa do tipo. Precisamos sempre imaginar que no andar da carroagem social, mais cedo ou mais tarde esses eventos isolados acabam por nos atingir. É pensando nisso que reforço uma conscientização por parte de todos nós. NÃO A HOMOFOBIA!!!!!!!!!!!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Persona: Quem sou e quem gostaria de ser



Nos últimos posts tenho feito uma série de perspectivas com relação ao que eu almejo. Já passei pelo quesito afetivo, profissional... E agora vem o mais complexo: O quesito pessoal.

Traçar um perfil psicológico do que eu tenho sido nos últimos dez anos e no que eu quero ser daqui para frente é uma tarefa complexa e talvez não possa colocar tudo em um único post, mas vou tentar.

Há dez anos atrás, eu tinha 14 anos e estava na 7° série do ensino fundamental. Foi nesse ano que eu conheci as duas pessoas mais importantes de minha vida: O fulano e a Hayashi. Melhores amigos, eles me ensinaram muito. Na 7° série eu era um garoto deslocado, que vivia com o grupinho dos menos inteligentes e bagunceiros. Nesse ano, foi a transição em minha vida, pois fui para o grupo dos nerds (do qual nunca mais saí).

Com o término do colegial, me tornei uma pessoa reclusa. Dessas que não curte sair, e que quando sai parece ser uma obrigação e até um grande evento, e que tudo que acontece quando sai merece ser postado num blog................................

O que posso dizer é que sou recluso. Prefiro sair sozinho ou com apenas um amigo, para que eu seja o foco de sua atenção e para que eu só precise conversar com essa pessoa. Grupos me incomodam. Aprecio a solidão do meu quarto. O problema dessa personalidade isolada é que as pessoas "sociais" acabam se afastando de você. E acabo sozinho sem gostar, já que não é mais por opção, é por ter sido cortado. Já cortei pessoas da minha vida, já fui cortado da vida de muitas pessoas.

O que mais me angustia é a inércia. É a sensação de que em dez anos pouco mudou. Quando encontro com amigos do colégio que não falava faz tempo, vejo que eles estão sempre casados, amando ou felizes em sua vida resolvida. Em dez anos sou o mesmo garoto que não trabalha, que nunca amou ninguém e que está aqui, parado no tempo, vivendo na casa dos pais, esperando algo acontecer.

Tenho quatro amigos de sangue (daqueles que contaria que matei alguém), sendo duas héteros e dois gays. Uma das héteros mudou-se para o Piauí, e nosso contato é raro por E-mail... A outra hétero, Hayashi. Nossa amizade vivia em um constante equilíbrio, já que nós dois só tinhamos um ao outro, considerando que seus verdadeiros amigos ficaram em sua outra cidade, onde ela vivia. E tudo ia bem. Compartilhamos juntos o sonho da mudança, de encontrarmos pessoas por essa vida que nos guiassem para novos caminhos. Mas desejamos isso juntos. O caso é que ela foi a um evento (para o qual me chamou) em que trabalharia uma semana como apoio, e eu não fui. Lá, ela encontrou o que procurava. Além de ter conhecido o amor da sua vida, encontrou amigos e contatos pessoais e profissionais que mudaram tudo.

E eu...

Bom, eu fiquei. Acompanhando da estação mais um trem que se vai. Hayashi me levou para um encontro com seu mais novo grupo, e a sensação foi desastrosa. Fiquei deslocado diante daquele papo super nerd. Simplesmente eu não estive presente no lugar ao sol deles, eu era a peça fora do tabuleiro. Foi uma noite péssima. O que se seguiu foi uma amizade enfraquecendo-se cada vez mais. Sempre que ela me chamava, eu não podia ir por falta de grana e por não querer ficar novamente deslocado. Eu estava perdendo-a.

E a situação culminou no fim de semana em que ela me chamou para ir ao cinema e eu disse que só iria se conseguisse que um de meus amigos fossem. Ela considerou que eu estava chamando seu namorado e sua amiga de "nada", já que minha presença só seria confirmada caso eu conseguisse levar alguém. Disse ainda que eu tinha que mudar e que não dava pra ficar como eu estava, com medo de conhecer gente. Disse que queria me ajudar. E fechou com chave de ouro.

"Mas faz assim.... nem vá... não quero favores e desculpa... NUNCA mais tento lhe ajudar. Se é feliz assim fique desse jeito."

O que a hayashi não entende é que ela teve seu "Turning point", ela teve a grande virada em sua vida, aquele momento em que ela juntou oportunidade com atitude e conheceu um novo mundo. Ela mudou. Eu não.

Não devemos querer forçar ninguém a mudar. E não devemos também nos forçar a mudar. Eu tentei fazer isso me encontrando com um grupo gay de rapazes na virada cultural e de lá não tirei nenhuma amizade proveitosa (O Albano só serviu pra que eu conhecese o Primo, nada mais). Eu ainda não cheguei a um ponto em que diga que esse é o ponto de virada, e quando eu chegar, espero poder levar aqueles que mais amo comigo, não virar as costas para eles como alguns. O fato é que minha "melhor amiga" conheceu o homem de sua vida e essa história é velha: Quando amamos e nos entregamos demais à essa pessoa, todo o restante parece perder a importância. Mas existem duas questões muito perigosas em se esquecer de quem é importante:

1. Essa pessoa pela qual você vira as costas para seu mundo pode não durar para sempre na sua vida (relacionamentos começam e podem se acabar).

2. Voltar com o rabo entre as pernas pedindo colo pode ser bem constrangedor e a mágoa e o buraco deixado em quem você abandonou pode ser grande demais.

Bom, eu sempre acreditei em nossa amizade, mas essa é a primeira vez em que não sinto vontade alguma de buscá-la. É a primeira vez em que me sinto leve. Amizades não devem ser um fardo. Devem nos deixar bem. Mas eu considero que essas sacudidas podem ser um reforço caso a amizade seja real. Se é que não é real só para um dos dois lados...

Voltando à questão de estar no mesmo ponto em que estava há dez anos, devo ressaltar que fiz progressos.

Eu conheci a noite gay paulistana, que me salvou de muitos tempos de solidão

Eu escapei do exército e com curso profissionalizante entrei para a área de Logística

Descobri o designer como profissão e me identifiquei muito

Coloquei aparelhos nos dentes, que estão melhorando muito

Estou em tratamento de acne em sua reta final, o que para mim é muito importante resolver, já que minha auto-estima é um ponto a ser trabalhado

Consultei uma psicóloga para me encontrar (apesar da pobre estar meio perdida)

Superei todas as nêuras iniciais de ir pra cama com um cara (o que me trouxe de presente nêuras novas e quentinhas saídas do forno)

Tive um relacionamento de três meses que me fez ter uma idéia do que é gostar, sentir ciúmes e superar no término

Me formarei no fim do ano

Acho que esses são os progressos e as mudanças que nos últimos anos fizeram a grande diferença entre o que eu era e o que eu sou. Nossa, lendo isso me sinto tão pequeno com relação aos progressos alheios...

Em contrapartida, há muito mais que preciso trabalhar em mim:

Socialização

Encontrar lugares em que me sinta bem em estar sem sofrer discriminação ou me sentir obrigado a ir

Sair mais de casa e não parecer um velho com medo do mundo e da vida

Fazer contatos profissionais

Me tornar um ser multicultural (essas pessoas legais que conhecem o mundo da cultura como cineastas de curtas, médias e longas, fãs disso e daquilo)

Me tornar um Webmaníaco (será que eu quero isso?) conhecedor das tendências e do que rola na rede, ainda que somente por caráter profissional

Ter perto de mim pessoas que queiram estar

Saber terminar relacionamentos

Saber começar relacionamentos

Abandonar a noite paulistana (a idade chegando, preciso de novas opções)

Desbravar novos horizontes

Arranjar emprego

Arranjar alguém com quem compartilhar a vida

Colocar sonhos e expectativas para fora da gaveta

Viajar mais

E sair do armário...

Acho que um ser humano nunca deve alcançar o conceito da perfeição, nunca deve estar somente de passagem curtindo o momento sem se importar e nunca deve estar pleno. O ser humano é falho, e admitir que erra é o princípio da superação de sí próprio. Pessoas que chegam ao ponto de dizer: "Eu mudei e estou muito feliz assim" são aquelas que estacionaram em um porto seguro e que vivem satisfeitas pelo que conquistaram, como velhinhos na varanda. O que vale na vida é o desafio de escalar montanhas e olhar do topo dela para as mais altas. Se eu não mudei ainda, é por que não tenho pressa. Aprecio o vento no topo de cada mntanha, sem medo de deslizar e recomeçar do zero. "Sou errado, sou errante, sempre na estrada, sempre distante".

Minha frase em homenagem à estagnação e ao tédio: 

"Nada é mais crítico do que a força exercida pelo tédio que consome minha existência com sua falta de lirismo e renovação."

Boa sorte aos amigos ausentes...
quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carreira: O futuro é o presente e o presente já passou



Falta um mês para acabar a faculdade. Um mês para as portas do futuro se abrirem... E meu pânico toma conta de mim. Por esse motivo está tendo tão poucas postagens, peço desculpas a meus leitores...

No Post anterior, eu expliquei que tipo de homem estou procurando. Nesse, irei contar um pouco do meu objetivo a curto, médio e longo prazo na área profissional. Em minha vida, nunca desejei dinheiro ou poder. A única coisa que sempre me incomodou foi o anonimato. A idéia de nascer, estar nesse mundo competitivo, cheio de injustiças e passar batido, sem deixar uma marca... Muitos humanos se contentam com a procriação como meio de eternizar a sí próprio. Eu, por opção própria, não seguirei esse caminho. Afinal, que direito temos de colocar alguém no mundo? Que direito temos de condenar alguém a esse mundo cruel e competitivo?! Ao menos eu não acho ter esse direito. E outra, tenho 24 anos e considero que não sei cuidar de mim, imagine de um inocente. Claro que anos virão, e minha cabeça talvez um dia mude. Mas por enquanto.....

Quando eu era mais jovem, assistia filmes de guerra, admirando-me com aqueles homens de honra que salvavam o dia, que escreviam a história. Quando assisti o Resgate do Soldado Ryan, minha vida mudou por completo, fiquei perplexo com aquele mundo apresentado e cheguei a sentir culpa de não ter estado num mundo desse. Eu chegava a desejar que o mundo entrasse em guerra e tive até uma época depressiva me sentindo o homem mais impotente do mundo, vivendo em uma era de liberdade e comodismo que nada acontecia, vítima da liberdade. Se não me engano, foi o ano em que fui dispensado do exército, o que agravou a situação. Anos obscuros aqueles. Mas a núvem negra passou e eu acordei. Desisti da idéia de que para ser um homem, eu tinha que entrar em uma guerra. Mas ainda assim, a idéia de deixar meu nome escrito no mundo não deixou de me atormentar. Qual a segunda melhor forma de fazer isso? ARTE.

Sim, eu sempre me atraí por artes. Desenhando desde os seis anos, larguei o desenho pra me dedicar à escrita, depois voltei ao desenho e hoje os dois me atraem. Sou roteirista, desenhista e quebro um galho na animação. Inclusive meu trabalho final da faculdade é uma animação que eu criei o roteiro, desenhei, dirigi e animei. Sou o carro-chefe da história.

O nome dela é Frozen, que vem do inglês "Congelado". O nome remete ao estado vegetativo de uma humanidade que perdeu seu rumo. Os humanos são despertados por sua evolução natural, chamada de Homoscentris. Estes acabam por escravizar os humanos, que são inferiores na cadeia da evolução. Então, alguns humanos encontram informações de que existiu um mundo chamado Terra, em que eles eram a raça superior e viviam soberanos. Ai, passam a desejar o retorno desse mundo (alusão ao retorno ao paraíso) e utilizam de tecnologia para criar uma nova raça que poderá destruir sua evolução autoritária. Começa então uma disputa entre ideologias, crenças e governos que almejam o poder. E em meio a essa guerra, tanto os Homoscentris quanto a nova raça criada creem em uma divindade sagrada personificada em uma árvore que só florece no inverno, chamada Frozen. Esse é o pano de fundo de uma obra cuja história explora diferentes personagens com diferentes ideologias, além de ser uma metáfora à nossa sociedade em seus valores e preconceitos que estão congelados no tempo e nunca evoluem.

Além de Frozen, que será um quadrinho digital com animações integradas, tenho outros projetos como uma história de fantasia que se passa em um mundo onde homens são capazes de se elevar a Deuses e uma terceira obra que aborda o fim de uma jornada, o que acontece após uma grande história, a volta para casa de um grupo arrasado de heróis. Juntas, essas três histórias completam um ciclo que chamo do ciclo da superação do homem: "O homem supera a morte", "O homem supera o divino" e "O homem supera a mente", respectivamente. E, obviamente, as consequências de cada superação.

Saindo um pouco dessa trilogia, tenho planos de criar um grande projeto de rede social gay gratuíta. Os projetos que tenho junto com o Fulano estão em andamento e as idéias fervilham. Esse desejo veio de várias frustrações que obtivemos nesses sites de relacionamento que só pensam em lucros e sacanagem. Criar uma rede gay decente é nosso ideal, seguindo exemplos de Google que não cobra por serviços mas ganha por anunciantes.

Ah, e tenho idéias de um projeto que superará o Google... Vocês ainda ouvirão falar de mim, heheheh...

Também apresentei um projeto aqui sobre uma história gay envolvendo fotografia. O projeto passará por várias reformas devido a contratempos do roteiro e da produção, mas não desisti dele. Em paralelo, estou criando uma websérie musical que pretendo gravar o piloto e tentar vender para emissoras ou produzir de forma independente mesmo, o importante é produzir um musical.

Mostrando minha animação para algumas bandas, obtive retorno de algumas que ficaram interessadas em clips com minha autoria. Esse ano que vai entrar, pretendo criar esses clips, dirigir uma animação em longa metragem (minissérie inicial de Frozen) e me inscrever no Animamundi para existir. A faculdade me proporcionou essa consciência sobre a produção de animação e não vou parar. Sei que os maiores projetos desse mundo tiveram início de forma caseira e em conclusão de faculdade. É só o princípio...

Além de tudo isso, também quero me dedicar à produção de um game. Uma das minhas histórias só se encaixa nesse contexto.

O plano é entrar para a história com a arte. Como? Inalgurando uma nova era de entretenimento no Brasil, que carece tanto em todas as áreas de produção nesse ramo. Tudo no Brasil tem que ter um fundo social, moral e educativo. CHEGA!! Todos os países produzem entretenimento de pura ficção voltada para a diversão, e aqui no Brasil precisa de um pioneiro. Como se sabe que os pioneiros são os que mais se ferram, não ligo se tiver o suficiente para viver e ter o não muito que desejo. O importante é o eco do nome e do pioneirismo, é um nome no livro de história. Sonho demais? Deixe-me sonhar, pois tudo que o homem sonha é capaz de se tornar realidade.

Fecho com uma frase que escrevi em algum de meus perfis da internet:

"As histórias são sempre contadas do ponto de vista do fraco que se reergue ou do forte que acaba caindo, mas nunca do inerte que não se move."
quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Perfil: O homem da minha vida



Após um longo tempo minha net voltou... não sei até quando, mas estou por aqui, senhores.

Após perder a comemoração do post 100, no qual falei sobre a morte e que causou muita polêmica (heheh), voltamos à normalidade do blog (ou não).

Há alguns dias atrás me peguei na rua admirando rapazes enquanto caminhava e percebi que sou exacotômico quando o assunto são homens. Nesse post tentarei traçar um perfil o mais perto possível daquilo que eu procuro para ser meu companheiro, tanto em personalidade quanto em aparência. A tarefa não é fácil, mas quem disse que a vida é?!

Na questão da personalidade, um homem tenque ser, acima de tudo, um homem. Nenhum traço feminino, nenhuma frescura agravante do tipo crônica (não rejeito os afeminados, apenas não quero nada amoroso com eles, nada impede amizades). Esse homem também precisa ter atitude pra compensar minha falta da mesma, considerando que eu adoto muito da personalidade de quem está comigo (se você é covarde, eu o serei com você). Se duas pessoas não tem atitude para embarcar em algo, nenhuma delas se move. E a inércia é o pior dos males dos relacionamentos (depois da traição). O medo gera a inércia, e o medo vem de pessoas que são mal resolvidas consigo mesmas. as quais não têm certezas concretas, estão em cima do muro quanto à coisa mais importante de suas vidas depois de si mesmo, que é que tipo de parceiro quer para si. Então, indecisos e bis de plantão, comigo vocês não tem vez. Quero um homem que bata no peito com orgulho e se assuma gay, mesmo que somente para si próprio. Sua personalidade precisa ir além da normalidade. Todos os meus verdadeirs amigos têm personalidades tão fortes que muitas vezes geram conflitos, e praticamente me afastei de todas as pessoas que não tinham nada a oferecer. O homem que estiver comigo precisa ser único, não uma cópia impressa de um estilo de vida (vide minha Obi da antiga empresa, um impresso dos manos motoqueiros de sua vila). Nisso, meu último relacionamento me laçou. Ele não era nenhum padrão de beleza mas nossas personalidades, nossos diálogos, nossas ironias e até nossas DRs (saudades) nos tornava únicos e em harmonia. Tanto que até hoje conversamos sem parar (por telefone) e nunca nos falta um assunto. Um homem precisa me fazer falar, por que quando me sinto bem com alguém, eu falo sem parar! Fora isso tudo, o homem precisa saber ser safado no momento apropriado. Não curto homens que usam a safadeza para dizer que são homens. Há momentos apropriados e adequados para uma boa safadeza. E sou à favor do ato safado mais do que do verbal.

Com relação à aparência... bom, a primeira coisa que olho nos homens é o.......... braço. Sim, exatamente. O braço é um fator primordial. O homem deve ter braço de homem, e na minha opinião (isso vai soar muito estranho) o braço carrega toda descrição do modo de vida daquele determinado indivíduo. Quanto mais massa tem o braço do homem, mais esforço físico ele teve em sua infância, adolescência e etc. O braço de um homem demonstra seu estilo de vida, se ele praticou esportes, se ele já brigou na rua, e por ai vai. O meu braço demonstra como sou: sedentário, fracote, anti-esportes (melhor eu parar por aqui). Não curto homem bombado de academia. O braço desses homens traduz o que são: Pessoas que passam horas dedicando-se à saude do corpo mas que acabam passando dos limites. Braços adquiridos com a natureza do cotidiano do homem são tudo para mim. Em seguida... as mãos. Mão de homem é a coisa mais linda que existe. Não é aquela coisa delicada, há um peso na mão masculina que não se encontra em nenhuma mão feminina. Braço + Mão = Pegada boa. As pernas pouco me importam, barriguinha não me incomoda, e cabelo, por mais que eu adore um liso com gel, não é um fator determinante. Tenha um braço e uma mão relativamente masculinas e metade de mim já foi conquistado. O rosto do homem ideal não tem um padrão certo, basta não ser todo milimetricamente perfeito, basta ter sua personalidade, seja exótica, seja misteriosa, mas seja única. Acho que um homem com essas características físicas me conquista.

E depois de conhecer o tal homem, vem a hora do beijo, a hora mais importante. O beijo, a pegada, a forma como as linguas dialogam sem emitir um único som é o que diz se o que está acontecendo ali irá progredir ou parar por ali. Semana passada fiquei com um rapaz na "T" que me fez refletir sobre tudo isso. Seu rosto me chamou a atenção, principalmente por seu sorriso lindo. Começamos a nos beijar e eu peguei em seu braço. Era mais fino que o meu. Estava de blusa, e não o tinha visto antes. Por mais que o rosto fosse bonitinho e a barriguinha quase tanquinho, aquele braço dizia que a coisa não seria tão boa. O beijo, a pegada... foram legais, porém, muito lentos, muito amenos, sem intensidade ou empolgação, uma atmosfera de comodismo, de estar beijando só por estar. E então, ele soltou as pérolas de safadeza, falando sobre cama, sexo e outras coisas... um homem falar isso para alguém que nem sabe o que faz da vida, que nem sabe o sobrenome... acho muita precipitação. Mas é só o que se encontra na pista da balada. Pra diversão ele foi ótimo, mas esteve longe de ser alguém marcante.

Acho que é isso. Não lembro se tem mais algum detalhe. Agora é só esperar que esse rapaz leia isso e se comunique comigo (até parece...)