sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010





E aqui acaba o ano de 2010, o ano do tigre. No horóscopo chinês, sou do signo tempestuoso do tigre, que também foi o signo correspondente a 2010. Ou seja, esse foi meu ano, e de todos nascidos em 1986. Segundo tal horóscopo:

"Este é definitivamente um ano explosivo. Começa geralmente com um estrondo e acaba com um choramingo. Um ano dado para a guerra, o desacordo e desastres de todo os tipo. Mas será também um ano grande, bold de realce). Nada será feito numa escala pequena, ou tímida. Tudo, bom e mau, pode e será levado aos extremos. As fortunas podem ser feitas e perdidas. Se você tiver uma possibilidade poderá agarrá-la mas nunca esqueça que tem grandes obstáculos pela frente."

Fonte:

http://www.hoops.pt/astrologia/tigre.htm

Bom, definitivamente foi um ano intenso, e nada melhor do que uma retrospectiva que relembre as alegrias, amarguras, tristezas, ressentimentos e vitórias desse ano que se finda.



O ano de 2010 começou com um único pensamento em minha mente: "Tenho 23 anos e nove meses de vida e nunca fiz sexo. EU PRECISO FAZER SEXO." Minha meta então era que, antes dos 24 anos, eu faria o bendito sexo pra me conhecer melhor. Não fiz sexo antes por causa de várias nêuras, problemas de aceitação interna, auto estima baixa.... enfim, sempre fui tímido e travado, e por mais que houvessem predadores querendo papar o virgem raro, ninguém chegava aos finalmentes. Eu nunca tinha me incomodado com o fato.... até 2010 começar.  A diferença é que agora eu queria. Isso mudava tudo.

Então, conheci um dos primeiros personagens da trama, o Loirinho Boizinho. Depois de um encontro intenso na "T", nós passamos a nos ver regularmente e ele se propôs a me ajudar a perder o que eu não queria mais. Mas na primeiroa vez que nos encontramos com o objetivo de entrar em um motel...... ele arregou. E lá se foi minha chance.

Então, conheci um rapaz de atitude na internet que veio de fora de São Paulo e realizou aquele desejo.

"Posso te chamar de doce?"

Apesar de ter ouvido isso na cama, eu resisti (sou anti-romântico, rsrs) e a coisa fluiu bem para uma primeira vez. Na verdade foi melhor do que ouvir:

"Posso te chamar de minha puta?"

Sim, ouvi isso na minha segunda vez...........

Acabaram-se as nêuras, paranóias e agora eu irei sair por ai desencanado transando com todo mundo, certo? Certo? Errado!!

Bom, decidi criar um blog para contar como perdi a virgindade e como seria a vida depoois desse fato. E criei este que você lê nesse instante. Nosso Lugar ao Sol. Um blog sobre a busca de um lugar, eu que sempre fui um desgarrado nesse mundo. Não demorou muito e conheci alguns leitores interessantes. O primeiro foi Ratio X, que me procurou para pedir que eu parasse de procurar a perda da virgindade. Mal sabia ele que eu estava escrevendo fatos já consumados, rsrs.

Uma pessoa que surgiu um pouco depois foi Max, um rapaz que conheci no bate-papo e que me tornei amigo. Acredito tê-lo ajudado a vencer alguns bloqueios com relação a rapazes, praticamente o obriguei a se encontrar comigo. Apesar de ter rolado altos e baixos entre nós, o máximo que aconteceu foi um selinho roubado na estação República por parte dele. Nossa amizade acabou não vingando graças a diversas pequenas mancadas que eu dei com ele e que ele deu comigo.

Talvez a pior mancada tenha sido ele se meter entre mim e meu conto de fadas, o chamado Tyler, rapaz encantador que mora na minha cidade e que conheci em um site de relacionamentos. Prometemos nos casar e passei a chamá-lo de marido. O Max descobriu e o adicionou, infernizando sua vida. Isso foi a gota d´água. Nunca encontrei Tyler. Foi uma ilusão, como muitas que vivi. Ilusões como a com Tony, rapaz que cursava filosofia e que, dois dias depois de querer me namorar, disse que não acreditava no amor....

Amor foi a palavra que ouvi de meu primeiro namorado. Não retribui:

"Não vou falar que te amo, pois é uma palavra muito forte. Falarei quando realmente sentir..."

Nunca falei. Ele me trocou por outro rapaz, dando a desculpa de que me trocava pela facilidade de namorar mulheres, já que era bi. Isso gerou em mim a necessidade da busca por pessoas resolvidas socialmente, acima de 25 e NÃO-BIS. De bis, só o chocolate.

Foi um ano intenso, pois além de ter transado pela primeira vez (e mais três vezes depois, com pessoas diferentes), eu pela primeira vez namorei um rapaz. Tiago foi único e marcante. Foi uma amizade com bônus, pois tinhamos conversas de horas a fio sem parar, nos entendíamos através das maiores ironias e a química era total. Mas sua indecisão e paranóia acabou com o relacionamento de três meses aos poucos. Foi bom enquanto durou, sinto saudades de namorar (mas não com ele).

Também foi um ano de amizades. Considero ter encontrado um novo amigo (real, já que virtual encontrei vários) nesse ano. O Primo e eu tivemos uma maneira de nos conhecer bem estranha. Primeiro conheci na internet o Turco, que me apresentou o Albano, um rapaz que parecia ter amizade com o mundo todo. Um belo dia, o Albano criou um grupal, uma conversa pelo msn com várias pessoas desconhecidas. E lá estava o Primo, que eu adicionei, sem mais nem menos.

Nos dias seguintes, ganhei pelo Catraca livre um ingresso para ver um concerto e estava na dúvida de quem chamar. Falei com várias pessoas até chegar naquele desconhecido chamado Primo na lista do msn. Propuz nosso encontro e ele aceitou. Quando nos conhecemos a química foi total: Amantes de Glee, de psicologia e de música clássica de Bach!!! A noite foi MARA, como diria ele próprio, nos divertimos HORRORES. Também houveram novas amizades como o encontro na virada cultural com o Albano e outros rapazes que conheci naquela noite, inclusive uma paixonite que tive mas que durou pouco. Mas a que prevaleceu foi a amizade com o Primo.

Ainda no campo de amizades, eu e o Fulano nos superamos: mais um ano da maior amizade de todos os tempos. Nos conhecemos na sétima série (não me perguntem que ano foi isso) e mesmo morando fora de Sampa, mantemos contato quase todos os dias e a boa notícia é que ele começou seu primeiro namoro. A Ju veio do Piaui também para passar esses últimos dias em sampa e continuamos firmes e fortes na amizade. Dessa vez eu e o Ed não passaremos a virada juntos, mas ainda assim aquela amizade que começou tímida na empresa há quase três anos continua a mesma, cheia de altos e baixos, mas sempre mantendo o respeito e a alegria merecida. O mesmo não se pode dizer de outras amizades como a de Hayashi, que conheci no mesmo ano que Fulano mas que esse ano passou por um terremoto maior do que o que aconteceu em nosso primeiro (e último) beijo. Nossa amizade acabou em uma briga por msn por eu não ter conseguido conciliar nossa amizade com suas novas e seu maridão que veio morar em Sampa. Eles foram feitos um para o outro e eu acabei sobrando. Ela até me ligou na véspera de natal, mas ai eu perguntei:

"Você vai ser uma dessas amizades de data comemorativa?"

Pareceu que nos entendemos na conversa, mas sabe quando falta algo? Quando algo se perdeu? Ficou assim, dessas amizades que você sabe que não poderá sobreviver muito.

No campo da vida acadêmica, conquistei o diploma ainda que a muito sacrifício. Assumi a responsa de colocar em prática um projeto meu no TGI/TCC, e isso me consumiu muita energia, sem contar que cuidei de 75% do projeto, além de ter que monitorar os quatro outros membros de meu grupo. Nessa empreitada, conquistei a amizade da Beata, briguei com o Bipolar, me irritei com o Homofóbico e tive que carregar o peso morto do quarto membro. Apresentamos o trabalho para a banca julgadora e tiramos 9. Não foi um dez como eu esperava, mas não ligo. Foi uma grande vitória.

Com relação à coragem, avancei algumas casas. Conheci o segurança da faculdade, me assumindo gay sem ter certeza de que ele corresponderia, acertando na mosca que ele curtia também apesar de nunca termos tido nada além de uma bela amizade; tive encontros calientes no parque, no cinema e escondido em vários lugares "proibidos" com meu ex-namorado, em um mundo que apesar de hostil, não parecia perigoso. Mas somente até acontecerem ataques de homofobia na paulista que mudaram nosso comportamento, reprimindo cada vez mais nossas atitudes, em uma guerra que parece estar sendo ganha pelo outro lado.

No quesito família, houveram bastante mudanças. Descobri que minha irmã realmente é lésbica e contei que sou gay, o que nos aproximou um pouquinho. Ela trouxe uma mulher para morar junto com ela no quarto do lado de fora de casa, como uma vida de amizade-fachada, já que meus pais (fingem que) não sabem sobre sua sexualidade. Descobri dormindo na casa de meu irmão que seu nível de homofobia está acima da taxa normal e tolerável e que talvez ele venha a se afastar de mim quando souber. Ainda assim o ajudei a fazer sua animação de final de semestre. Me orgulho por sempre ter sido comparado com meu irmão,como se fosse uma cópia dele e agora estar adiantado (formado primeiro que ele, lhe ensinando animação), tomara que ele tire uma bela lição disso.

Foi um ano de crescimento, de muita decepção e de pouco tempo pra sofrer por cada uma. Acredito que tive vários momentos bons, bem equilibrado com os ruins, senão a vida acaba monótona. Tudo veio em sua dose certa. Me conheci mais em 2010. Me livrei da acne, meu tratamento dentário entrou na reta final e minha auto-estima mostra sinais concretos de revigoração. A expectativa de 2011 é um ano de conquistar o que se começou no ano do tigre.

Agradeço a tantos leitores interessantes que surgiram pelo blog como Ratio X, Thinker, Chimera Within, Tito Fierce, Mister Thinker, jovem Urso, Sinner, Yossef, Somniator e tantos outros anônimos que contribuíram comentando no blog e gerando discussões inteligentes. Espero muito mais leitores daqui pra frente.

Para fechar, vamos aos 12 itens de destaque em minha vida em 2010:

1. A melhor frase ouvida: "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música." Frase que expressa o nosso sentimento de estar só no mundo, de dançar a dança cuja música ninguém ouve, de estar em uma situação social diferente de todos os seres do planeta.... Só podia ser Nietzsche.

2. Melhor encontro: Com o Max. Eu curti e tentei manter a amizade. Não rolou.

3. Pior encontro: Com o ex- namorado do Segurança, que perguntou: "Você vai transar hoje, Rud?" Rsrsrs. Ele foi embora após minha resposta negativa.

4. O melhor momento: Transar com o 3.9 com cara de 25 e descobrir que mesmo o corpo mais perfeito não tem muito valor quando não há profundidade na relação (mesmo o melhor momento tem parte ruim, rsrs).

5. O pior momento: Descobrir que a paixonite da virada cultural tinha namorado.

6. Revelação do ano: Amizade do Primo.

7. Desilusão do ano: Perder a amizade da Hayashi.

8. Melhor discussão: Eu e o Tiago no shopping, após uma noite péssima na balada, discutindo a relação, relembrando o que dissemos, esfregando SMS enviadas um na cara do outro e terminar rindo de tudo.

9.Maior ousadia: Apresentar na banca final e defender sozinho meu projeto do julgamento da banca.

10. Eu chorei com: A morte do meu cachorro Marley, o final do filme ONCE (apenas uma vez), o final do capítulo 18 da primeira temporada de Glee e mais algumas coisas que nem lembro...

11. Uma dúvida: Será que o amor entre gays pode existir?

12. Uma certeza: 2011 será um ano de vitórias. Que venha 2011!!!!!!!!!!!!
domingo, 26 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte V: Idéias suicídas em um mar de acomodações



Eu e o Fulano tivemos uma conversa que rendeu a última reflexão do ano de 2010. Foi uma conversa sobre a brevialidade da vida, o medo da morte, o medo de não viver maior do que o medo de morrer, o medo da solidão no fim da vida, de se valer mais a pena viver intensamente, ainda que pouco, ou uma longa vida ainda que regrada e pobre de conteúdo.

Não há conclusões, é claro, mas a vida que vivemos não é vida. Cada vez que deixamos de falar algo, cada vez que meus pais pensam algo sobre mim e tem expectativas com relação ao que eu sou e que eu sei que não corresponderei, ainda que minta pra eles...é um pouco de mentira. Meus pais não sabem nem 10% do que tenho sido nos ultimos 6 anos............ logo, eu sou uma mentira. O fato deles não saberem que sou gay e da sociedade não saber.... me torna uma máscara social.

Não sei se o pior são pessoas preocupadas como eu ou indiferentes como muitos que conheço que vivem numa redoma, despreocupados, sabendo que levam uma vida hiper limitada e não ligam, deixam acontecer. Conheço um rapaz de 22 anos na internet, cujo único encontro foi comigo e não rolou nada, que nem pensa em mudar de vida. Eu tenho mais medo da morte lenta e solitária do que repentina. Mas tenho medo da morte repentina pela sensação de que poderia ter feito mais.

Talvez já tenha falado aqui mas cheguei a conclusão de que as pessoas precisam, em algum momento de suas vidas, de um ponto de virada. Algo que as mude por dentro e por fora e que as faça tomar atitudes e passar a viver a vida de forma diferente....... O meu problema é não ter nada disso, viver no meio termo e estar acomodado.O pior do ponto de virada é que você não pode procurá-lo, ele precisa acontecer naturalmente. Enquanto não acontece, você acaba como uma vítima de seu próprio ciclo vicioso...

Quais riscos você já correu? Quais histórias vai contar no futuro? quem você vai ser? Quem você é? A gente se lamenta de quem é mas não faz nada pra ser algo mais, pra ser diferente...... adotamos um estilo de vida e somos escravos dele. No meu caso sou o grande acomodado que terá que acordar mas que por opção continuaria dormindo, projetando sonhos e desejando que eles nunca se realizem para ter sempre o que sonhar. COMODISMO é minha palavra chave, é meu elo com um mundo falso, é o mentir todos os dias pro mundo sobre quem eu sou, e as vezes me sentir culpado por ser, por existir. O ponto de virada será nesse sentido, será acordar desse sono, dessa mediocridade e viver algo real. Poder contar sobre isso no futuro. Fazer valer a pena.

O modo de vida nos escraviza. Meu comodismo me tranformou em uma pessoa com medo da realidade da vida. Medo de trabalhar no que não gosta, medo de não conquistar o que procura. Conheço um rapaz do Maranhão pela internet que vive um estilo de vida meio mórbido, entrando em sites de morte, pintando morte, sangue e destruição. Suas histórias também são sobre a morte. Percebi que ele é escravo de seu estilo de vida. Ele não pensa no futuro, por que vive sem esperanças, querendo se matar, em adiantar o inevitável, mas o inevitável nunca vem. Uma vitima de sua tristeza intrínseca. E afirma que a tristeza lhe trás inspiação. Logo, se a tristeza lhe recompensa, por que não conviver com ela? Tristeza com compensação acaba lhe tornando escravo de seu modo de vida. Acho que vivo como ele, mas no meu caso vivo na esperança da mudança, sem provocar efetivamente a mudança. Ela é necessária, mas meu medo me trava. É um ciclo. Preciso de uma ressaca. Porém, minha familia tem historico de alcoolismo, logo nunca coloquei uma gota na boca. Um deslise poderia me condenar. É triste ter que viver lúcido pra sempre

O Fulano disse que cada vez que nos omitimos de algo, cada vez que deixamos de dizer alguma coisa e de ser quem somos durante nosso dia nós nos matamos um pouco. E então, quantas vezes você se matou hoje? No fim, temos todos um pouco de suicídas...
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte IV: Paradigmas cíclicos



"Todo ano é tudo igual
A neve nunca vem
As chaminés que inexistem
as crianças no coral

Felicidade tem data
perdão tem lugar na mesa
familia toda reunida
e a intriga está servida."

By Rud.......................................

Bom, como já dá pra perceber, eu não sou fã de falsid..... natal.

Na teledramaturgia, geralmente o vilão fica sozinho no natal e os mocinhos em festas e jantares, felizes.......... (acho que sou o vilão nessa)

Tem aquele lance também de que aqueles que usam a internet no natal são as pessoas mais solitárias e desesperadas já vistas..... Ah, por favor. Prefiro o computador a um bando de reuniões sem sentido, mas cada um vive na fantasia que quer....

A mídia transforma o natal em um porre, acho que isso é o que eu mais odeio nele. E para piorar parece obrigação estar BEM nessa data. Eu sempre fico normal. O natal quase sempre vale mais pela lembrança do que foi do que pela beleza do que é. É como um paradigma de comportamento fadado a se repetir todos os anos, em um ciclo sem fim de consumismo desnecessário.

Para mim, essa foi a melhor expressão de natal do ano:


Mas ainda assim, feliz natal pra quem curte, hehe.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte III: Ironias e superficialidades natalinas



Bom, como todos sabem, fim de ano trás as férias e agente meio que se abstém de diversas responsabilidades, como por exemplo esse blog, rsrs. Nada de muito empolgante tem acontecido ultimamente, mas vamos às poucas novidades.

Após me formar em Designer Digital, as coisas começaram a esquentar. Fiquei doente na semana seguinte da apresentação (um problema no intestino do qual ainda estou me recuperando) e surgiu uma entrevista de uma produtora de animação para fazer. No dia eu estava muito mal, mas pelo telefone, a mulher perguntou:

"E ai, quando pode vir?"

"Eu estou livre qualquer dia."

"Vamos resolver hoje então."

Fui, debilitado, quase me arrastando, mas chegando lá não estava sentindo dor nenhuma. Me assustei quando vi que o local era uma casinha humilde (eu esperava um prédio de uns 20 andares). Ela levou meu pendrive para a sala de produção, onde tinham dois rapazes (um deles muito lindo) e ficou admirada com a animação que fiz para o TGI. Depois fomos para a outra sala e ela me disse dos planos deles de criar um curta metragem em animação (ou seja, não é exatamente um emprego fixo). Mesmo assim fiquei contente pelas portas da área estarem finalmente se abrindo. Saí de lá e a dor voltou...

Dois dias depois o telefone tocou. Uma vaga para Logística, minha área antiga, oferecendo um horário ruim, porém um salário como nunca tinha visto antes. No início pensei em nem ir à entrevista, mas com a ajuda do Fulano pensei melhor e fui. No momento, se vier bom salário em logística, é lucro, pois poderei pagar os sites de estágio (um absurdo site de estágio pago................) e também suprir alguns desejos que tenho desde que saí da última empresa.

Uma semana após terminar a faculdade, a vida coloca diante de mim a oportunidade de Designer e de Logística.... Santa ironia. Estou esperando a resposta dos dois lados, o que vier é lucro. E ainda que nenhum venha, continuarei correndo atrás das duas áreas. Só há uma certeza no ano que entrará: Eu irei trabalhar em algo e darei os primeiros passos para construir minha carreira e independência.

No quesito "homens", estou bem tranquilo e parado. Ultimamente voltei a entrar em um site de "relacionamento" (aquele que mais parece uma feira), mas quase nada acontece por lá. A maioria das pessoas é dotada de uma superficialidade astronômica. 

O último que conheci foi um rapaz de 26 anos. Quando adicionei ele, as fotos pareciam bem legais, fomos conversando e o papo foi interessante. Às vezes eu sou tão inseguro que se a pessoa gostou de mim, eu já me afobo e dessa vez eu o chamei para ir ao cinema precipitadamente. Mandei umas fotos minhas e ele curtiu, mandando algumas dele. Foi ai que eu vi onde me meti. Era o cão chupando manga..... e eu já tinha dado meu celular.

De noite, me mandou duas mensagens, uma com o horário do filme e outra dizendo:

"Rud, curti muito vc, espero podermos ter algo ^^"

Bom, eu não via mais possibilidade de encontrá-lo, então no dia seguinte esperei ele no msn. 

"Oi, Rud, tudo bem? Viu os horários do cinema? O que acha?"

"Ahn, tem algo que eu preciso dizer... Não podemos mais nos encontrar."

Dei a velha desculpa do rolo que estava enrolado e do dia pra noite desenrolou, e que por estar com outro, não poderia encontrá-lo.

"Tudo bem, Rud... Já estou acostumado, ninguém me quer. Melhor mesmo eu ficar sozinho. As pessoas sempre me trocam. É normal."

Me bateu aquele mal estar, olha o que eu proporcionei para o rapaz cheio de esperanças em seu natal... E o pior é que eu me identifiquei com ele. No fundo eu também sou sempre trocado por algo, vivendo histórias incompletas. E depois eu ainda chamo os outros de superficiais. Mas algo que aprendi é que não podemos fazer nada de forma forçada, e eu não estava no pique de sair com alguém por hora.

O natal está chegando e nessa época minha tendência é a de não ficar muito bem... É a velha história de que a lembrança de velhos natais é sempre  melhor do que os atuais. Mas vou tentar fazer desse ano algo diferente, nem que seja pela indiferença.
domingo, 12 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte II: Momento de glória



Cheguei duas horas mais cedo para montar o lap top no anfiteatro e ensaiar com meu grupo. Não tivemos muito tempo para o ensaio, pois os outros grupos chegaram para testar. À medida que os minutos avançavam, eu ia ficando mais tenso. Treinei ensaiando junto com a Beata e logo chegou um rapaz de outro grupo, o que fez eu ficar bem nervoso. Se com uma pessoa eu ficava assim, imagine quando chegassem todos os prometidos...

Porém, acabou que, tirando aqueles que estudaram conosco que eu chamei (incluindo o Jé, uma figura peculiar, que eu sempre achei que era gay mas que ficava só vendo pornografia hétero nos computadores da facul), ninguém mais veio. Nem segurança, nem ex, nem marido, nem Kevin do trem.... nem meu irmão foi. A Hayashi selou o fim de nossa amizade não indo também. E confesso que fiquei aliviado. Se algum deles fosse, eu ficaria muito nervoso.

Antes de começar a apresentação, a Beata pediu que nos abraçássemos em grupo e o fizemos, como uma equipe quase que pela primeira vez. E com as energias de todos, vestindo a camiseta da nossa obra, idealizada por mim, a apresentação começou.

Após a Beata, eu falei. Contei uma sinopse da história, apresentei personagens, rascunhos, produção, plano de comunicação, site, links de internet... e por fim, uma animação de 12 minutos produzida inteiramente por mim.

Após a animação, fomos aplaudidos. Finalmente acabou. Ficamos face a face com a banca, e defendi meu trabalho de seus argumentos, de forma equilibrada e inacreditável, como nunca pensei que eu pudesse fazer. Aquele foi meu momento de glória. Minha professora orientadora me abraçou e me elogiou, dizendo que meu medo era à  toa. Fechamos a vida universitária, viramos uma página da história.

No sábado, fizemos um amigo secreto com a maior parte da turma da facul, e até que foi legal. Eu que pensei que seria um daqueles eventos em que as pessoas ficariam com falsidade... Mas foi bem interessante, apesar das piadas homofóbicas que sempre tem entre os homens machões, das quais não ri para nenhuma.

Não tem muito o que alongar desses últimos acontecimentos. Já tive uma crise pós-término de facul, meu humor nesses dias está péssimo, já fiquei eufórico e grilado com o futuro... Enfim, vivo um período de estranhamento, de chegar em casa e não ter que ajustar detalhes de um projeto. Isso é preocupante.

Nesses anos de vida universitária, vivi os mais perturbadores dilemas. Tinha o dilema de trabalhar em logística e de ter que escolher se ficava ou partia... O dilema de, se conseguisse um emprego, não ter tempo de produzir o TGI, e o pior deles: Para arranjar emprego, precisaria de cursos... e para fazer cursos, precisava trabalhar. Mas como fazer curso, trabalhar e estudar na facul? A lição que eu tiro da vida universitária não poderia ser pior: "A vida te encurrala, e você precisa saber desencurralar. E se você não souber, vai aprender na marra. Ah, se vai."
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dicas ao Sol: A ferro e fogo



Nós, gays, levamos por nossa tragetória um estigma que nos acompanhará até o último dia de nossas vidas. Ainda que a sociedade passe por uma revolução e que todos os nossos direitos sejam reconhecidos, ainda que sejamos liberados para andar de mãos dadas, beijar no meio da rua como namorados felizes e poder sair de baladas sem medo de agressões violentas que procuram nos destruir sem piedade, que atacam a face para ferir a identidade... Ainda assim todo o processo que já presenciamos até hoje, toda a sociedade na qual estamos desde o início de nossas vidas estará marcada como ferro e fogo em nossas almas. Vivemos em uma época que não nos será segura, vivemos com nossa alma que nunca será tranquila. Talvez as gerações futuras possam desfrutar de um mundo melhor, de tolerância (essa palavra é tão forte... é como ter que "tolerar" a existência de alguém, ser "tolerado" como se fosse um fardo), de aceitação, mas nós, que nascemos nessa era em que tudo está noticiado e escancarado na mídia, em que o medo existe e é real, nunca teremos paz conosco. Haverá uma homofobia interna em nossa alma que sempre olhará para os lados e que sempre estará preocupada com os olhos da sociedade. Estamos marcados pela nossa época, vítimas de uma era que nos excluiu.

Agressões na Paulista, se é que alguém ainda não viu:


A pesquisa é velha mas parece comercial de margarina. E se os dados eram verdadeiros, tivemos um visível retrocesso.


Jô é meu herói:


Jarbor e a identidade dos homofóbicos


Por fim, uma frase muito interessante que li em um site:

"Pedofilia é crime, homossexualidade NÃO."
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte I: Expectativas de Banca Final



Bom, essa é a última minissérie do ano, que emoção!! Nela narrarei meu fim de ano.


Para fechar com chave de ouro, junto com esse fim de ano vem minha formação acadêmica, que para mim é uma emoção à parte. Está na hora de esquecer minha falta de perspectiva para o futuro e me atentar no que deve ser feito agora: Sobreviver à banca final.


Para quem não sabe, todos os cursos (que conheço) têm o TCC, trabalho de conclusão de curso, no qual os alunos fazem um trabalho em que colocam em prática tudo que aprenderam. E meu TCC está centrado em mim, que sou o criador do roteiro e da animação da história, ficando para o homofóbico a programação, para a beata a parte textual e para o bipolar a parte gráfica e plano de comunicação. O que nos leva a meu maior desespero: Eu terei que apresentar diante de um público e banca.


Dentre as expectativas desse evento, estão o fato de eu ter chamado amigos da net, velhos companheiros de faculdade, todos os grupos ferrados da noite (cujos trabalhos eu assisti e posso dizer que em pontos técnicos o meu até supera, mas em conceito visual já não posso afirmar, deixemos o julgamento para a banca).


Eu fiz a besteira de mandar um convite a todos os meus contatos de E-mail e isso acabou incluindo amigos e ex-amigos (como a Hayashi, que eu ainda não voltei a falar e que se for, irá ser constrangedor e se não for irá definir o que somos agora um para o outro), meu ex (sim, o Thiago ficou super empolgado e vai estar lá se conseguir uma folga), o segurança ninfomaníaco (que inclusive já deu em cima do meu ex, o que fará desse encontro algo perigoso), o Kevin do trem (que não é meu atual, mas mesmo assim temos um rolinho), o Tyler, meu marido (que está sumido e provavelmente não irá, inventando depois uma desculpa) e meu irmão e sua mulher, os homofóbicos de plantão.......... Enfim, estou ferrado e tudo isso só aumenta meu nervozismo.


Assisti a todas as bancas e vi ótimos trabalhos, espero que o meu faça jus. E espero que todos torçam por mim.


De qualquer forma, o fim está próximo.
domingo, 5 de dezembro de 2010

Sensações de fim de domingo...



Aceitei que a vida se resolve por si propria, por enquanto aceito a solidão, aceito que não me aceito, aceito que o mundo não me aceita e quem sabe um dia a vida não me resolve.............
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por que (não) choro?



Sua reação foi a que eu já esperava. Pegou na minha mão, cumprimentando-me, e virou-se, ficando em silêncio o resto do caminho. Dessa vez ficou um climão o caminho todo. Kevin pegou meu celular e limpou o número do amigo. Quando ele saiu:

"Viu, eu disse que seu amigo não gosta de mim!!"

"Não, Rud, ele é assim com todos! É muito tímido."

O Kevin me contou que na escola, quando estudavam juntos, o Zangado sofria bullyng por não ser assumido. Ele chegava até a chorar, e só assumiu depois de muito tempo. Ele e Kevin já transaram..........



No domingo, fui para a "T" e na volta, reencontrei o 4.0 no trem. Gostei muito de reencontrá-lo. Contei minha situação de desempregado e ele ficou triste.

"Eu não tenho acreditado muito em mim ultimamente."

Eu disse, desanimado.

"O que? Como assim? Quem vai acreditar em você se você não o fizer?"

Em seguida, falou do quanto sua vida lhe foi ingrata e de quantos sapos ele já tinha engolido para chegar em algum lugar.

"Nada vem nas nossas vidas sem sacrifício. E se vier fácil, vai fácil."

Às vezes escutamos o que precisamos escutar nos momentos certos. Aquele encontro me proporcionou exatamente aquilo. Alguns bancos à frente, tinha um rapaz sentado. Solitário, começou a chorar.




E chorou...

Chorou como nunca vi alguém chorar em público, para todos verem. A sua expontaneidade, sua dor intensa ali manifestada... Sem se saber por que... sem se saber o que lhe causou... E a minha vontade de sentar lá e perguntar o porquê... e os devaneios de mim consolando-o, abraçando-o e dizendo que tudo iria melhorar... quem sabe um dia, quando ele superasse aquele por quem chorava, não poderíamos ter algo e nos lembraríamos de como tudo começou, naquele vagão de trem, com aquela dúvida intrínceca: Por que choras?

Voltando a mim, após breve devaneio, o 4.0 me falou:

"Fiquei triste agora."

"Por que? Por causa dele chorando?"

"Não... Lágrimas são aprendizado.... fico triste por você... Pela situação que você está passando."

Nos despedimos na estação dele e continuei em frente, assistindo aquele rapaz chorando, solitário, contorcendo-se naquela manifestação emocionante, olhei no fundo dos olhos dele, que ao me ver olhando para ele, não se importou e continuou seu pranto, e a pergunta não queria calar. Por que? Por que? Por que?

Por que nunca senti isso? Por que não choro? Não sei quanto tempo faz desde a última vez que chorei. Não sei por que mas pareço ter trancado as lágrimas. Eu simplesmente não sinto muita vontade de chorar. Será que a minha vida é tão inerte que nem um choro sincero, nem uma lágrima honesta eu sei manifestar?

Ele se levantou. Faltava muito para minha estação, e aquele era o último trem. Lá se foi minha história não vivida, minha escolha não compartilhada, meu relacionamento não acontecido. Ele limpou suas lágrimas antes de sair, como se dissesse: "Não há ninguém que venha me consolar, é hora de levantar e partir".E se foi.

A coisa com o Kevin vai bem morna, só nos falamos por telefone, mas eu tenho o tratado como ele me trata, sem muita dedicação (disse que colocaria crédito no celular pra me ligar e não colocou e mentiu que tinha compromisso no fim de semana, depois ele falou que dormiu até as 15 hor). Coisas que começam mornas não têm futuro, sem contar que me chamou para ir ao M.O. (motel, segundo ele), sendo que nem nos conhecemos direito. Procuro algo que me tire o fôlego. Ao falar sobre seu ex, ele quase chorou. É disso que eu falo. Quando eu encontrar algo assim, valerá realmente a pena.

Mas agora não é hora de pensar nisso. Semana que vem viverei os últimos dias de vida universitária, pegarei em um microfone e apresentarei meu projeto que começou em 2004. A vida me trouxe até aqui, e chegou a hora de mostrar minha obra ao mundo.

Torçam por mim..................................................