domingo, 26 de dezembro de 2010

Fim de ano: Parte V: Idéias suicídas em um mar de acomodações



Eu e o Fulano tivemos uma conversa que rendeu a última reflexão do ano de 2010. Foi uma conversa sobre a brevialidade da vida, o medo da morte, o medo de não viver maior do que o medo de morrer, o medo da solidão no fim da vida, de se valer mais a pena viver intensamente, ainda que pouco, ou uma longa vida ainda que regrada e pobre de conteúdo.

Não há conclusões, é claro, mas a vida que vivemos não é vida. Cada vez que deixamos de falar algo, cada vez que meus pais pensam algo sobre mim e tem expectativas com relação ao que eu sou e que eu sei que não corresponderei, ainda que minta pra eles...é um pouco de mentira. Meus pais não sabem nem 10% do que tenho sido nos ultimos 6 anos............ logo, eu sou uma mentira. O fato deles não saberem que sou gay e da sociedade não saber.... me torna uma máscara social.

Não sei se o pior são pessoas preocupadas como eu ou indiferentes como muitos que conheço que vivem numa redoma, despreocupados, sabendo que levam uma vida hiper limitada e não ligam, deixam acontecer. Conheço um rapaz de 22 anos na internet, cujo único encontro foi comigo e não rolou nada, que nem pensa em mudar de vida. Eu tenho mais medo da morte lenta e solitária do que repentina. Mas tenho medo da morte repentina pela sensação de que poderia ter feito mais.

Talvez já tenha falado aqui mas cheguei a conclusão de que as pessoas precisam, em algum momento de suas vidas, de um ponto de virada. Algo que as mude por dentro e por fora e que as faça tomar atitudes e passar a viver a vida de forma diferente....... O meu problema é não ter nada disso, viver no meio termo e estar acomodado.O pior do ponto de virada é que você não pode procurá-lo, ele precisa acontecer naturalmente. Enquanto não acontece, você acaba como uma vítima de seu próprio ciclo vicioso...

Quais riscos você já correu? Quais histórias vai contar no futuro? quem você vai ser? Quem você é? A gente se lamenta de quem é mas não faz nada pra ser algo mais, pra ser diferente...... adotamos um estilo de vida e somos escravos dele. No meu caso sou o grande acomodado que terá que acordar mas que por opção continuaria dormindo, projetando sonhos e desejando que eles nunca se realizem para ter sempre o que sonhar. COMODISMO é minha palavra chave, é meu elo com um mundo falso, é o mentir todos os dias pro mundo sobre quem eu sou, e as vezes me sentir culpado por ser, por existir. O ponto de virada será nesse sentido, será acordar desse sono, dessa mediocridade e viver algo real. Poder contar sobre isso no futuro. Fazer valer a pena.

O modo de vida nos escraviza. Meu comodismo me tranformou em uma pessoa com medo da realidade da vida. Medo de trabalhar no que não gosta, medo de não conquistar o que procura. Conheço um rapaz do Maranhão pela internet que vive um estilo de vida meio mórbido, entrando em sites de morte, pintando morte, sangue e destruição. Suas histórias também são sobre a morte. Percebi que ele é escravo de seu estilo de vida. Ele não pensa no futuro, por que vive sem esperanças, querendo se matar, em adiantar o inevitável, mas o inevitável nunca vem. Uma vitima de sua tristeza intrínseca. E afirma que a tristeza lhe trás inspiação. Logo, se a tristeza lhe recompensa, por que não conviver com ela? Tristeza com compensação acaba lhe tornando escravo de seu modo de vida. Acho que vivo como ele, mas no meu caso vivo na esperança da mudança, sem provocar efetivamente a mudança. Ela é necessária, mas meu medo me trava. É um ciclo. Preciso de uma ressaca. Porém, minha familia tem historico de alcoolismo, logo nunca coloquei uma gota na boca. Um deslise poderia me condenar. É triste ter que viver lúcido pra sempre

O Fulano disse que cada vez que nos omitimos de algo, cada vez que deixamos de dizer alguma coisa e de ser quem somos durante nosso dia nós nos matamos um pouco. E então, quantas vezes você se matou hoje? No fim, temos todos um pouco de suicídas...

0 comentários: