segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cobaia: O grande acidente de percurso...



Bom, minha net voltou e retomo meu blog com força total.

Infelizmente nessas últimas semanas as novidades não foram muito boas. Mas vamos por partes.



Tudo começou quando eu e o Tiago tivemos um hiato de uma semana. Devido a ele estar muito cansado e eu estar com meu lábio machucado por causa de um remédio que estava tomando, ficamos uma segunda feira sem nos ver. Ele entrou no msn nesse dia em que ficou em casa e não tivemos uma conversa muito boa. Primeiro ele foi grosseiro na conversa que tivemos, e quando voltou, pediu desculpas. Ai eu perguntei o porquê de seu mal humor e recebi a primeira resposta estranha.

"Acho que preciso reavaliar isso.... Isso tudo. Inclusive nós."

Ok. Eu concordei, e completei.

"É, é melhor mesmo, antes que alguém saia mal dessa história."

Durante a semana ele me ligou e explicou todos os dilemas que vinha vivendo. Resumidamente:

"Eu não sei se eu quero um cara comigo. Odeio ter que ficar me escondendo, não poder pegar na mão, não poder levar em casa, não poder beijar em qualquer lugar. Acho que prefiro mina. Não é nada contra você, é contra a situação."

Conversamos muito, mas decidimos terminar a conversa na segunda feira, quando nos encontraríamos. Mesmo assim já estava bem subentendido o que estava por vir. Iríamos terminar...

Chegou segunda feira. Nos encontramos como de costume, eu atrasei e ele estava uma fera. Caminhamos, compramos ingresso pra ver Resident Evil 4 e ficamos esperando a sessão. Então ouvi uma das coisas mais idiotas da boca dele:

"Rud, digamos que você foi uma cobaia. Eu testei ter um relacionamento com você... com um cara... e vi que não é isso que eu quero. O que eu quero mesmo é pegar caras descompromissadamente e namorar minas..."

Sim, eu ouvi isso. O ideal seria eu virar as costas e sair caminhando, esquecendo-o pra sempre... mas não fiz isso, afinal, faltou 1 semana pra completar 3 meses. Essa tranqueira foi meu primeiro namorado, ainda que não declarado... Enfim, fomos ver o filme e nos despedimos ficando uma última vez.

Na estação, nos abraçamos e cada um foi pro seu lado, selando aquele fim de relacionamento. Um fim tranquilo. Como combinamos, dali em diante seríamos amigos. A vida é assim.

No dia seguinte, ele me ligou e nossa conversa foi ótima, sem climão, igual a todas as outras que tínhamos. E pude perceber que antes, enquanto namorávamos, éramos tão amigos, que pouco mudou depois que acabou. Isso foi uma das coisas que nos fadou ao insucesso. Namoro NÃO é amizade, namoro é namoro...

O veredito desse circo é que estou solteiro, e estou bem. Durante um dia até fiquei um pouco chateado, mas passou, acho que não me apaixonei, era mais aquela situação de comodismo, ter alguém uma vez por semana pra poder ficar e um amigo a mais pelo resto da semana por celular, msn e orkut.

Ele disse que provavelmente não é o fim, é um adiamento, e que no futuro, quando estivermos mais bem resolvidos, tentaremos de novo. Ele está REDONDAMENTE enganado. Sua chance passou, o tempo não para, dê valor ao que tem, carpe diem e mais milhares de outras citações dos poetas. Pra mim foi o fim com "F" maiúsculo. Ele é bi, ele curte "mina", disse que nosso relacionamento foi um acidente de percurso em sua diversão em pegar caras como se fossem descartáveis... então boa sorte. Quem dera eu tivesse aberto meus olhos mais cedo...

Agora estou solteiro... disponível no triste mercado de disponíveis, caça aos homens e orkuts, sem contar baladas.... voltando à vida da qual senti pouca falta. De agora em diante, tenho uma nova meta: Caras um pouco mais velhos e BEM resolvidos!!  
segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Corte

Olá, pessoas


Estou passando pra dizer que fiquei sem net. Cortaram, muito triste. Talvez seja um alerta avisando que preciso de um emprego. Agora, Posts só na Lan, as atualizações serão em menor número. Abraços a todos.
terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dicas ao Sol: Metafóricos Armários...



Achei esse vídeo muito interessante, cujo conteúdo fala diretamente conosco, gays assumidos ou não que buscam um lugar ao sol.


Uma metafórica lição de vida envolvendo religião, convenções sociais e costumes antigos.

Estou passando por uma fase estranha. Uma fase em que a necessidade de ser livre grita por meus poros. Sinto que é hora de arrebentar armários e voar pelo céu. Outro dia estava conversando com a Beata e do nada ela virou e perguntou:

"Rod, você é bicha?"

Sim, eu fui bombardeado com a questão exatamente dessa forma. "Bicha". A Beata é um reflexo da maioria das pessoas com quem eu convivo, que consideram a homossexualidade como pecado ou piada. O engraçado é que sem o gay aqui, meu grupo não iria passar de ano, já que por causa da bicha aqui eles terão um TCC no final do semestre. Por isso tenho cada vez mais raiva da sociedade hipócrita. Por isso tenho raiva de não dar pinta, de ser uma incógnita, isso me deixa covarde diante da sociedade. Não que eu quisesse chegar chamando a atenção mas queria que minha homossexualidade fosse mais evidente, pra que houvesse aquela pré-seleção. Estou em um grupo na faculdade que sei que não me aceita. Trabalhei em empregos que sei que se soubessem de mim haveriam muitos preconceitos. Olhar à minha volta e ver tantas pessoas homofóbicas me dá um desespero, parece uma batalha que não pode ser ganha. Parece um gigante contra o qual não podemos lutar. Isso faz alguns gays quererem percorrer o caminho mais fácil. Querem usar do artifício de serem bissexuais e desistir da batalha. Bom, aqui era para ser apenas um Dicas ao Sol e acabei desabafando. Não sei explicar como me sinto. Quando souber explico tudo. Estou em um momento de reflexão misturado com fraqueza... Uma vontade de depor as armas e procurar um caminho mais fácil. Só que não tenho essa opção...
sábado, 11 de setembro de 2010

Brainstorm: Réquiem de Borboletas e Furacões



No clima das borboletas, pensei em furacões. Existe uma famosa teoria de que o bater das asas de uma borboleta pode causar um grande furacão do outro lado do planeta. É a famosa causa e efeito. Eu, em minha pacata vidinha, preciso de um grande furacão que me arraste para novos horizontes, tal como Doroti é levada ao mundo de OZ.


Vivo em um período de confinamento por três motivos: O meu rolo (nunca soube nomear ou definir) Tiago trabalha de sábado e domingo, sendo o único dia que temos segunda feira, o melhor dia da semana pra se sair (estou sendo irônico); por causa do meu TGI, (trabalho de graduação interdisciplinar, como falei no meu POST anterior), se eu não ficar em casa planejando, coordenando e executando o projeto, ficarei de DP no último ano, e como sou bolsista, não posso ficar em DP. Como nunca tive uma DP, também conta a questão da minha honra. Eu PRECISO passar naquela banca julgadora e tirar uma boa nota!! O terceiro motivo é a falta de grana, que se não fosse esse, os outros dois eu superaria fácil fácil.

O mal de ficar em casa é que parece que todos os dias são o mesmo dia e as coisas começam a parar de fazer sentido como um todo. Parece que se está em um eterno recomeço do mesmo, e a não ser que se invente artifícios pra se livrar da rotina massacrante, o enlouquecimento é a parte final do processo. Esses artifícios vão desde escrever em um blog até assistir filmes chineses gravados no sábado à noite pelo vídeo cacete. Triste, muito triste.

"Nada é mais crítico do que a força exercida pelo tédio que consome minha existência com sua falta de lirismo e renovação"

Minha frase no MSN. Poética, não? Escrevi em um de meus dias mais entediantes. O que é o tédio senão a morte de toda inovação e criatividade? Como se a força que move o mundo lhe desse as costas. O que se pode fazer quando se está preso a uma relação estranha, a uma graduação e à falta de grana? Chorar as pitangas...

"O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!..."

"O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando..."

"Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!..."

Música sensacional de Gilberto Gil (dei Spoiler [contei o climax] da música), eu tenho uma teoria de que esses dois eram muito gays e que estavam tentando esquecer um ao outro, mas os nervos foram à flor da pele quando ambos tentaram usar a pobre Juliana pra se reprimirem em seus desejos... Heheh...

Amanhã tem feira, sim... é domingo.

Fiz ontem uma entrevista bem legal, se eu pudesse aconselharia todas as empresas a fazerem entrevistas assim. Primeiro tive que responder a todas aquelas perguntas chatas no papel (suas qualidades, defeitos, fale sobre você e blablabla), depois a entrevistadora pegou a prancheta e refez algumas das perguntas, achei isso bem legal, pois aqueles que enfeitaram o texto (como eu que adoro escrever) acabam se dando mal na hora de falar. Muito boa sacada.

Assisti um filme sobre solidão ontem, depois colocarei em algum Dicas ao Sol. É sobre gays e sobre solidão... Muito triste e intenso, os recursos que as pessoas usam pra lhe dar com a solidão. E com seus traumas. Acho que o filme é mesmo sobre como traumas podem moldar nossa vida e comportamento mas eu vi tanta solidão ali que a solidão me marcou no filme. É muito triste me imaginar em um daqueles carros, sendo um daqueles velhos oferecendo dinheiro a garotos pra ser tocado... O fundo do poço da solidão da qual ninguém está livre...

"O ser humano é um animal triste" Já dizia Gendou Hikari...

O mundo é composto de padrões imutáveis ou de constante mudança? Somos mero acaso em um bater de asas da borboleta ou somos furacões milimétricamente desenhados para coexistir? Somos Deuses ou monstros? Sábios ou loucos? Designers ou arquitetos da destruição? Canção de ninar ou réquiem para os mortos?

Fiquei triste que Stephen Hawckins tirou Deus de suas teorias em seu novo livro, nem me interessei pelo nome, preferia o homem com a humildade de admitir a existência de Deus ao arrogante que diz que somos parte de uma cadeia natural vinda da explosão primordial...

A explosão nada mais é do que o bater de uma asa, e talvez sejamos apenas o eco do que no princípio fez algum sentido, mas que agora é apenas consequência após consequência...

Os livros de história nos fazem tão grandes... as estrelas nos mostram tão pequenos... E ainda há pessoas que vivem no meio termo, nem são grandes, nem pequenas... Aquelas pobres vítimas de um tedioso destino que perdura. Aqueles que procuram no bater das asas... um grande furacão de possibilidades.

Encerro com o poema do (perturbado) Fernando Pessoa (quer nome mais irônico pra um escritor que falava como outras pessoas?):

Pecado Original

"Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.

Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?

Quantos Césares fui!

Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!"

Brainstorm filosófico, desculpem a chatiação,rsrs.




sexta-feira, 10 de setembro de 2010

De molho... But still alive



Olá, pessoal... Tô doente, meio que de molho aqui... Mas não esqueço meus leitores. Não posso escrever muito por causa do meu TGI (trabalho final da facul) mas passo pra deixar um bom e polêmico vídeo que pode ajudar algumas pessoas a decidir seu voto na época das eleições. Enjoy.


Seu Lula, seu Lula, que poca vergonha, kkk...
terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sala de Aula: Parte II: Congruências, Amor e Borboletas



Mais um post do Primo!!

Quero organizar minhas idéias, cumprir minhas metas e viver, simplesmente viver.

Resolvi escrever este post para contrapor ao do meu amigo Rud. Estávamos conversando, ultimamente, como temos algumas idéias congruentes e como as nossas vivencias são parecidas, mas não iguais.
A condição humana é intrigante e a cada dia me deixa mais curioso e intrigado. Há alguns meses atrás eu me considerava uma pessoa controlada e que era capaz de lidar facilmente com meus sentimentos e com minhas emoções na verdade essa afirmação se mostrou falsa ao ter passado pelo sentimento de “AMAR”.

Isso faz me lembrar da minha psicóloga que nos primeiros dias de minha analise falou sobre o “amor” e como está o amor na nossa sociedade; depois de destrinchar suas idéias ela falou pra eu tomar cuidado ao me apaixonar e ver muito bem com quem eu estava ficando ou namorando e por fim que eu deveria conhecer alguém legal e criar conforme o tempo e, junto ao relacionamento, laços de amor e carinho.

Quando eu ouvi o que ela falou fiquei feliz e achei perfeito! Ingênuo... Não que seja invalido estas idéias, mas eu não havia passado por experiências parecidas e tinha só idéias de como seria.

Depois dos últimos acontecidos me mostrei mais dramático e passional do que eu pensava, fiquei triste e bastante dependente das pessoas e mais ainda decepcionado comigo. Parece que essas emoções me deixavam sem rumo e eu precisava de alguém para me direcionar e me tirar desta confusão.
Eu o conheci na sala de aula da minha faculdade. No começo deste relacionamento um tanto frustrado tentei ser cauteloso, mas tudo parecia direcionar para o lado do “romance” como dizia a própria pessoa que ficou comigo. Tentei delimitar o que eu estava sentindo e fazia perguntas constantes sobre o que estava acontecendo entre ele e eu e as respostas que apareciam para mim levavam-me a crer que estava rolando algo a mais do que só atração física. A mudança em mim foi tão grande que eu não conseguia pensar mais em nenhum rapaz eu nem olhava mais em quem passava por mim, só tinha uma pessoa na minha mente. Eu me sentia quase que namorando.

Ao termos os nossos primeiros encontros sozinhos ele acabou me contando alguns segredos da sua vida, de suas vivencias e valores que me deixou um tanto desconcertado: Para ele ser homossexual é um pecado e ele possui o sonho de ter filhos e se casar com uma mulher. Loucura, mas continuei acreditando no amor. Pensei que ele mudasse com o tempo.
O que eu sentia era tão intenso que eu fui me entregando a esses sentimentos e fui percebendo que ele se afastava mais de mim e começou a me tratar como amigo e eu sentindo ao mesmo tempo saudade-raiva-amor. Foi assim durante alguns meses. Ficávamos sem nos ver e eu não sabia o que estava acontecendo. Comecei a me ver como uma criança atrás de colo. Tentava constantemente entende-lo e querer a sua aprovação e a sua atenção. Fui esquecendo de mim...

Não que ele seja um carrasco ou um malvado, mas eu me senti manipulado e preso por meus sentimentos. Ele me perguntou algumas vezes se eu o amava eu falei que sim. Ele me perguntou se eu me apaixonasse minha vida ia ficar melhor, eu falei que eu estou apaixonado e encontrei o amor. Não deu certo ter me declarado.

O baque foi quando ele me falou que nós seriamos amigos e poderíamos nos encontrar quando eu quisesse. As minhas idéias de namorar e ficar por um bom tempo com ele não deram certo e depois disto que ele falou parece que finalmente cai na real e comecei a me arrepender
Só que agora eu vejo que foi bom e queria que continuasse, mas como não foi possível estou seguindo a minha vida. Nunca senti tanta raiva-amor ao mesmo tempo e agora compreendo como algumas pessoas sentem e espero que ter passado por tudo isso tenha me fortalecido.
Estou soltando este sentimento aos poucos porque é difícil. E um pequeno adendo como as músicas que falam de amor, a maioria delas falam de um casal que terminaram, mas que um dia vão voltar. É difícil achar uma música que fale acabou e que se dane. Parece que essas novas levas de músicas sertanejas tão quebrando esses paradigmas. Graças a GOD!
Para terminar uma música da MARIAH CAREY - BUTTERFLY que diz um pouco sobre largar os sentimentos e viver. O que eu to tentando fazer. Eu vou conseguir.


Borboleta

"Quando você ama alguém tão profundamente
Eles se tornam parte de sua vida
E é fácil sucumbir a medos opressivos internos
Cegamente eu imaginei
Que poderia te manter dentro de um vidro
Eu preciso abrir minhas mãos
E ver você subir

Eu não posso fingir que estas lágrimas
não estão caindo sem parar
Eu não posso evitar essa dor
Que está me consumindo
Mas eu suportarei e direi adeus
Porque você nunca será meu"

Primo
sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Quarto: Parte I. Castelos de areia, fundações de papel



A primeira noite... Finalmente aconteceu.



Eu e o Tiago tivemos um encontro, digamos, caliente no parque Vila Lobos. Nada menos do que ele tirou a camisa e depois sua ferramenta pra fora, pra eu tocar e ver. E ficamos deitados na grama como se fosse uma cama, nos abraçando e nos pegando. Sim, cometemos um crime em plena luz do dia, fiquei imaginando se houvesse câmeras naquelas árvores, cruzes.



Foi então que percebemos: Não dava mais pra segurar. Era hora de superar os medos.



"Rod, eu não acho justo ficar segurando mais minha vontade por causa do meu medo de entrar em motel. Não acho justo segurar você. Então por isso terei que entrar lá. Por nós."



Ele disse, e eu achei lindo, retrucando que eu respeitaria o tempo dele. Nos encontramos na segunda feira e durante a semana combinamos que seria na próxima vez que nos víssemos. Primeiro iríamos no cinema e depois direto pra lá.



A semana toda passou, e minha ansiedade foi aumentando, mas tentei controlá-la. Afinal, não era certeza que ele iria entrar no local, e dessa vez eu não poderia ficar tão bravo. Desde que essa relação começou, tenho olhado pouco para homens na rua (eu olhava pra muitos), como se um véu de compromisso me encobrisse, como se eu tivesse o meu homem e não fosse necessário olhar mais. Isso é o que mais me deixou confortável.



Então, segunda feira, fomos ver o Último Mestre do AR (que eu aconselho a não ver em 3d, pois é nulo. Aliás, não vejam o filme, assistam o desenho, vale muito mais). Saindo horrorizado do filme, fui ao banheiro. Já perdi a conta de quantas vezes fui sozinho pra República e nunca deram em cima de mim, nem se quer puxaram assunto comigo. Lá no banheiro, um desconhecido virou pra mim e perguntou:



"Você já viu o Último Mestre do Ar?"



"Acabei de ver!"



"Nossa, que 3d mais mal aplicado!! Como pode??"



"Horrível né?"



Dei confiança, não querendo puxar muito assunto. Simpático, falou um pouco mais do filme e ia saindo enquanto eu fingia secar as mãos (já secas, apenas pra despistar) e ele partiu. Reencontrei o Tiago e caminhamos na direção do motel. Comecei a cantar a música de suspense do Star Wars (coisa de nerd) até chegar na rua. Como era mais tarde, não tinha ninguém. Pedi um quarto, deixei meu RG e dali em diante o nervozismo começou a me atacar. Ele até subiu na frente. Abri o quarto, entramos e tranquei a porta. Fomos até a cama e observamos o quarto e o banheiro. Começamos a rir constrangidos com a situação.



"Estou com muita vergonha."



Eu falei, sentando na ponta da cama.



"Eu também, srsrs"



Ele disse, sentando ao meu lado. Começamos a nos beijar.... O resto é história...



Após a noite, ficamos deitados um do lado do outro, conversando. Naquela noite, posso dizer que superei meu problema de ansiedade que não me deixava a vontade com os rapazes. No meio da conversa, ele virou e falou:



"Rod, será que não estamos nos tornando amigos?"




A música de românce arranhou.



As plantas mucharam.



O doce perfume tornou-se amargo.



A leve brisa transformou-se na aguardada tempestade....



No dia seguinte, acordei sem o fogo que me dominou a semana passada inteira. Fui pra facul e percebi que o véu havia caído. De repente todos os transeúntes ganharam faces, todos os homens ganharam beleza e lá estava eu novamente caminhando e encarando cada um deles e avaliando mentalmente as belezas alheias. The bitch is back to the town...



Chegando em casa, vi um recado no meu E-mail avisando que havia um recado em um site de relacionamento no qual nem entrava desde que conheci o Tiago. Cliquei pra ver. Um cara lindo, LINDÉRRIMO me mandando uma piscadinha. Então escrevi:



"Tem certeza que foi pra mim?"



Ele respondeu que sim, que me curtiu e mandou o MSN e o telefone. Fiquei triste por perceber que a regressão estava progredindo, os velhos hábitos retomando-se em minha vida. Aquela vida da qual não senti NENHUMA saudade. E as fotos daquele cara sarado, malhado e gostoso que sei que só quer uma trepada, me convidando a pecar...



Podem me chamar de vadio o quanto quiserem, mas aquela frase do Tiago acabou comigo, acabou com o brilho da nossa relação. Cogitamos a algumas semanas de sermos amigos e "brincarmos" quando tivéssemos vontade, e na hora pareceu-me bem interessante, mas falar isso na cama, em nosso mais íntimo momento... foi um baque. É como dizer: "O trato tá de pé, né? Você não se esqueceu né?"



Então o véu se rasgou, o clima de românce se foi e a insegurança, minha velha companheira, bateu em mim como um grande martelo. O peso da realidade desmoronando meu castelinho de areia. Minhas fundações de papel ragando-se e voando ao vento... O declínio da esperança. Talvez o princípio do fim.



Mas o PIOR de tudo é que apesar do baque, não fiquei triste como se fica quando um relacionamento está no fim. Não ameassei chorar, não fiquei magoado, por que parecia que eu previa aquilo. Combinamos a amizade e a partir de então comecei a sentí-lo como amigo. Então se terminarmos, de qualquer jeito será de modo pacífico, sem muito drama, e continuaremos amigos, nos falando, quem sabe saindo... Quem sabe ficando sem compromisso. Nunca quis isso, nunca pensei em viver isso, nem sei se vou querer, posso ter dito da boca pra fora. Não sei dizer qual será meu estado emocional no fim, mas sei bem pra onde estou caminhando, cabendo a mim resolver retroceder ou continuar pela estrada do inevitável. A menos que tudo que eu previ esteja errado... Nunca se sabe.