sábado, 11 de setembro de 2010

Brainstorm: Réquiem de Borboletas e Furacões



No clima das borboletas, pensei em furacões. Existe uma famosa teoria de que o bater das asas de uma borboleta pode causar um grande furacão do outro lado do planeta. É a famosa causa e efeito. Eu, em minha pacata vidinha, preciso de um grande furacão que me arraste para novos horizontes, tal como Doroti é levada ao mundo de OZ.


Vivo em um período de confinamento por três motivos: O meu rolo (nunca soube nomear ou definir) Tiago trabalha de sábado e domingo, sendo o único dia que temos segunda feira, o melhor dia da semana pra se sair (estou sendo irônico); por causa do meu TGI, (trabalho de graduação interdisciplinar, como falei no meu POST anterior), se eu não ficar em casa planejando, coordenando e executando o projeto, ficarei de DP no último ano, e como sou bolsista, não posso ficar em DP. Como nunca tive uma DP, também conta a questão da minha honra. Eu PRECISO passar naquela banca julgadora e tirar uma boa nota!! O terceiro motivo é a falta de grana, que se não fosse esse, os outros dois eu superaria fácil fácil.

O mal de ficar em casa é que parece que todos os dias são o mesmo dia e as coisas começam a parar de fazer sentido como um todo. Parece que se está em um eterno recomeço do mesmo, e a não ser que se invente artifícios pra se livrar da rotina massacrante, o enlouquecimento é a parte final do processo. Esses artifícios vão desde escrever em um blog até assistir filmes chineses gravados no sábado à noite pelo vídeo cacete. Triste, muito triste.

"Nada é mais crítico do que a força exercida pelo tédio que consome minha existência com sua falta de lirismo e renovação"

Minha frase no MSN. Poética, não? Escrevi em um de meus dias mais entediantes. O que é o tédio senão a morte de toda inovação e criatividade? Como se a força que move o mundo lhe desse as costas. O que se pode fazer quando se está preso a uma relação estranha, a uma graduação e à falta de grana? Chorar as pitangas...

"O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!..."

"O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando..."

"Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!..."

Música sensacional de Gilberto Gil (dei Spoiler [contei o climax] da música), eu tenho uma teoria de que esses dois eram muito gays e que estavam tentando esquecer um ao outro, mas os nervos foram à flor da pele quando ambos tentaram usar a pobre Juliana pra se reprimirem em seus desejos... Heheh...

Amanhã tem feira, sim... é domingo.

Fiz ontem uma entrevista bem legal, se eu pudesse aconselharia todas as empresas a fazerem entrevistas assim. Primeiro tive que responder a todas aquelas perguntas chatas no papel (suas qualidades, defeitos, fale sobre você e blablabla), depois a entrevistadora pegou a prancheta e refez algumas das perguntas, achei isso bem legal, pois aqueles que enfeitaram o texto (como eu que adoro escrever) acabam se dando mal na hora de falar. Muito boa sacada.

Assisti um filme sobre solidão ontem, depois colocarei em algum Dicas ao Sol. É sobre gays e sobre solidão... Muito triste e intenso, os recursos que as pessoas usam pra lhe dar com a solidão. E com seus traumas. Acho que o filme é mesmo sobre como traumas podem moldar nossa vida e comportamento mas eu vi tanta solidão ali que a solidão me marcou no filme. É muito triste me imaginar em um daqueles carros, sendo um daqueles velhos oferecendo dinheiro a garotos pra ser tocado... O fundo do poço da solidão da qual ninguém está livre...

"O ser humano é um animal triste" Já dizia Gendou Hikari...

O mundo é composto de padrões imutáveis ou de constante mudança? Somos mero acaso em um bater de asas da borboleta ou somos furacões milimétricamente desenhados para coexistir? Somos Deuses ou monstros? Sábios ou loucos? Designers ou arquitetos da destruição? Canção de ninar ou réquiem para os mortos?

Fiquei triste que Stephen Hawckins tirou Deus de suas teorias em seu novo livro, nem me interessei pelo nome, preferia o homem com a humildade de admitir a existência de Deus ao arrogante que diz que somos parte de uma cadeia natural vinda da explosão primordial...

A explosão nada mais é do que o bater de uma asa, e talvez sejamos apenas o eco do que no princípio fez algum sentido, mas que agora é apenas consequência após consequência...

Os livros de história nos fazem tão grandes... as estrelas nos mostram tão pequenos... E ainda há pessoas que vivem no meio termo, nem são grandes, nem pequenas... Aquelas pobres vítimas de um tedioso destino que perdura. Aqueles que procuram no bater das asas... um grande furacão de possibilidades.

Encerro com o poema do (perturbado) Fernando Pessoa (quer nome mais irônico pra um escritor que falava como outras pessoas?):

Pecado Original

"Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.

Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?

Quantos Césares fui!

Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!"

Brainstorm filosófico, desculpem a chatiação,rsrs.




2 comentários:

Tito Fierce disse...

Que chatiação nada!

Destino é pra manés. É só uma desculpa idiota pra esperar as coisas acontecerem ao invés de fazer elas acontecerem.

Ninguém está a salvo da solidão, mas acredito que não é algo que devemos pensar muito pq isso só nos faz ficar tristes imaginando sevamos ficar sozinhos. Somos novos. Temos muitas coisas pela frente.

Também estou atolado com TGI !!! HAHAHA só que o meu é relatório de estágio... to faando que estamos conectados!
Abrçs

James disse...

Eu penso que temos uma gigantesca caneta com a qual escrevemos nosso destino e só olhando pra trás é possível determiná-lo, pois até que escrevamos, o futuro é pura incógnita.

Eu não sou tão novo, kkk. Tô assustado com a velocidade do tempo e na minha idade, estar tendo o primeiro "relacionamento" que nem posso dizer que é firme me faz antecipar muitas coisas, principalmente o medo de ficar sozinho... Não consigo parar de pensar nisso...

TGI é sooooodaaaaa, hehehe. Eu tbém tenho um relatório de estágio... aliás, depois preciso contar sobre o milagre do estágio ( não é de natal mas tem final feliz, rsrs)

Abração, moço, gosto de sua energia positiva.