domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pequenas desilusões: Apresentando: A mini- Obi



Fiquei sem net por um tempo, por isso a falta de atualizações por aqui..... 

Bom, entrei no emprego de telatendimento e desde então tenho desligado minha cosciência para tentar sobreviver aos fatos que tenho passado. A vida tomou rumos inesperados e prometi que 2011 será um ano de experimentação e busca de minha identidade profissional. É o ano de eu desengavetar projetos. Mas enquanto não tenho grana pra pagar minhas contas nada disso é possível. Então estou dedicando esse tempo ao trabalho e no interim, escrevendo muito meus livros pra tentar a sorte na editora.

A experiência como teleatendimento é algo totalmente novo, e somente o fato de estar trabalhando já deu um UP em minha vida, ainda que em algo indesejado. Em três semanas conheci mais gente que no último ano em que passei, e essa é a parte boa de se ter uma vida social.

No primeiro dia de treinamento, fui para a última fileira e avistei na fileira da frente um rapaz de olhos verdes, cabelos arrepiados, brinco na orelha e tímido em seu canto. Aproveitei que a fileira dele estava praticamente vazia e pulei para ao lado dele. Tudo indicava, segundo minha primeira impressão, que se tratava de um gay. Quando ele abriu a boca, eu tive certeza. Tinha uma voz estranha, bem afeminada, porém misturada a um jeito meio mano para disfarsar. Quase não conversamos durante a aula, mas justo meu computador estava sem net e eu tive que ler as coisas com ele. Começamos a conversar mais. Seu nome era Reinan.

Em um certo momento, uma mulher comentou que na empresa, os homens mais bonitos eram todos gays. Então, o Reinan disse "geeeentiiii", de uma forma bem gay, começando a soltar as asinhas. Achei estranho ele zoar daquele jeito. Minhas suspeitas caíram por terra. Reinan não era gay. Ele começou a contar das meninas que pegava, andando no intervalo com uma garota que estava em seu "esquema". Para falar de mulheres, recorria ao rapaz do meu lado, Mauricio, um mulato alto e gostoso, que estava gostando de uma menina da sala e atá chegou a ter um lance com ela.

Com o tempo, a amizade com o Reinan foi crescendo. Na prova, nos ajudamos, nos intervalos, ficavamos conversando, foi bem interessante. Algo estúpido começou a crescer dentro de mim. Cada vez que via seu sorriso, cada vez que ele fazia uma piada, rindo bobamente, eu ia me encantando mais e mais. Não demorou muito...

....nasceu uma mini-Obi...

Tenho pretenção a causas impossíveis. É triste quando isso acontece. A verdade é que minhas expectativas frustradas criaram isso tudo. Na segunda semana de treinamento, conheci um rapaz na internet e tivemos um papo legal sobre querer namorar. Aproveitando que ele estuda na Barra funda assim como eu trabalho por lá, combinamos de nos encontrar no dia seguinte. O esperei na catraca, cheguei bem mais cedo do que o horário. De repente, meu irmão surgiu, contando estar indo ao tabalho e contei onde estava trabalhando. Avistei o rapaz, Tulio, do outro lado da catraca e, enquanto conversava com meu irmão, sinalizei para que ele esperasse. Após meu irmão partir, fui ao encontro dele.

Ele me acompanhou até a porta da empresa, e eu gostei muito de conhecê-lo. Fiquei bastante empolgado em ter algo com ele, em reencontrá-lo, e no fim do encontro perguntei se poderíamos nos encontrar de novo, ele disse que sim. No mesmo dia, minha internet cortou e pela lanhouse, enviei meu telefone pedindo que ele me ligasse. Ele disse então por scrap que tinha algo importante pra me dizer mas que contaria quando sua net voltasse. Limpou meu recado dos telefones e não enviou os dele e nem mais nenhuma mensagem. Foi um baque, e pra esquecer, comecei com essa palhaçada de investir forças no impossível.

Durante o treinamento, acabei criando uma mentira pra me encaixar. Uma garota perguntou se eu já tinha namorado e eu falei que sim:

"Namorei por três meses... mas não deu muito certo."

"Por que não?"

"Por que eu estava no fim da faculdade e estressado, foi um período muito difícil e a gente acabou brigando muito... Tentamos ser amigos mas mesmo assim não deu certo."

O Maurício ouviu nossa conversa e, identificando-se com a situação, veio conversar depois.

"Estou na fase da amizade com minha ex, mas também nao está dando certo."

"Ah, cara, desiste... mulheres são muito complicadas..."

Que merda, o que eu sabia sobre mulheres pra falar. Me senti ordinariamente patético naquele dia, mas não vou mentir mais. As vezes será difícil, mas vou tentar ao máximo ser verdadeiro. Comecei a atender no emprego há dois dias atrás. O primeiro foi um caos, o segundo até que foi melhor. O bom de teleatendimento é que tem muito gay  (porém até agora a maioria me pareceu esnobe e se sentindo meio superior) e não me sinto tão reprimido, porém preciso criar coragem pra ser eu mesmo...

Minha mais nova OBI me adicionou no orkut e vi que ele está namorando. Minha internet voltou e acho que posso tentar seguir em frente... Tomara.
domingo, 13 de fevereiro de 2011

Feliz aniversário, Nosso Lugar ao Sol



Parabéns pra você, Nosso Lugar ao Sol.

Finalmente ele completou um aninho de existência, e nada melhor do que uma mudança no visual pra acompanhar esse fato. Nunca pensei que seria capaz de escrever um blog regular por tanto tempo, e espero que possa durar ainda muitos anos.

Esse blog começou com uma idéia simples de contar meu cotidiano. A idéia é que ninguém que eu conheço ao vivo soubesse de sua existência, porém as coisas mudaram drasticamente em um ano. Tive alguns contratempos com alguns leitores, outros aceitaram até bem ter suas vidas ainda que em pseudônimos citadas no blog. Enfim, um ano se passou e pretendo criar algumas novidades. Uma delas é a sessão de contos (gays e por que não, não gays também!) que farei. Poderão ser minisséries ou capítulos únicos (quando em minha vida não estiver acontecendo nada muito interessante),  além de colaborativos (se os leitores tiverem contos publicados em outros lugares ou mesmo sem terem sido publicados) Nosso Lugar ao Sol estará aqui para isso. O foco do blog se deslocará um pouco, não sendo unicamente sobre mim, mas expandindo horizontes e contando histórias fictícias também. 

Com o tempo novas mudanças surgirão. Espero que meus leitores continuem me acompanhando pacientemente como sempre fizeram e agradeço a companhia de todos. Deixem comentários sobre o que acharam do novo visual, se a maioria não tiver curtido eu volto à versão antiga, rsrs.

O antigo logo, Nosso Lugar ao Sol Vitória, fiz seguindo o conceito visual de ornamentos bem descolados e modernos, com espirros de tinta e vários detalhes, com um homem no canto. O ano de criação do blog, 2010, foi um ano em que tive muitas vitórias e realizações, por isso o clima festivo do logo. 

O novo logo segue essa mesma linha, mas com uma cor mais fria, que tem mais a ver comigo e com esse momento vivido, chamado Nosso Lugar ao Sol Search (busca), pois já ficou claro que esse ano será um ano de busca de objetivos e de novos caminhos e realizações (espero eu). Além de mostrar ANO II escrito, situando os leitores, mostra também um outro homem com uma interrogação, a velha busca do homem da minha vida pra dividir com ele meu lugar ao sol. Os dois homens ainda estão separados, quem sabe esse ano ainda não se juntem... 

Espero que tenham gostado, e aqui fica a versão antiga pra matar a saudade:


Enjoy the new year...
sábado, 12 de fevereiro de 2011

As portas do novo mundo: Apresentando: O simpatizante



No primeiro dia de um novo destino, não um que eu desejei, mas pelo contrário, um que sempre temi, fui na parte da tarde fazer integração na empresa, apesar de meu horário ser de manhã, excepcionalmente naquele dia eu tinha médico no período da manhã. Finalmente meu tratamento de ácne com o remédio Roiacutan acabou e eu não teria mais os efeitos colaterais de secura nos lábios que por mais de seis meses me atormentavam. Após mais de dez anos com ácne, finalmente meu rosto está limpo e fiquei muito feliz com o fechamento de mais um ciclo. Agora teremos que ver os resultados a longo prazo e em seguida tratar as quase apagadas cicatrizes com outros remédios.

Na empresa, cheguei debaixo do sol quente, atrasado por não saber ao certo a localização da empresa e lá estava o homofóbico. Apenas falei "oi" sem nem cumprimentá-lo com a mão. Conversamos um pouco e chegou a hora de ir pra sala. Sozinho, olhei à minha volta a fim de identificar um gay solitário. Lá estava ele. Um mestiço de japonês com brasileiro, sentando-se sozinho. Mesmo sem ninguém ao lado dele, sentei próximo. Dei um sorrisinho simpático e ele retribuiu, fazendo algum comentário sobre a sala que não me lembro.

"Qual seu nome?"

"Rud, e o seu?"

"Billy, tudo bem?"

Era o primeiro contato em um ambiente hostil. Fiquei contente que havia sido rápido. Durante a integração, conversamos um pouco e eu estava cada vez mais convencido que o cara era gay.

"Nossa, tem umas mina daora aqui, né meu..."

Ele disse, e então, como uma bexiga que murcha, como um farol que se apaga, como um pirulito caindo no chão, todas as minhas expectativas se esvaíram.

"É, tem..."

Eu disse, sem o menor ânimo. Fiquei pensativo. Eu tinha prometido a mim mesmo que não iria mais mentir com relação à minha sexualidade em nenhum lugar, e ali seria um bom local pra começar. Era hora de ser autêntico.

"Olha a foto da minha mina... ela é bem gostosa, é mais velha, tem 27."

"Pow, legal..."

No intervalo, descemos ao pátio e me sentei. Billy começou a falar no celular com a tal "mina". Eu não fiquei ouvindo a conversa, porém em um trecho, ele falou em voz alta:

"Lá no orkut, a sua foto do lado daquela bicha..."

Meu sangue ferveu. Será possível que eu era um imã de homofóbicos? Me levantei e ao meu lado, um rapaz olhou igualmente raivozo pro Billy, que sentiu o olhar do rapaz, que era visivelmente gay e estava visivelmente ofendido. Billy afastou-se e comecei a encarar um rapaz que retribuiu. Nos encaramos um tempo mas o Billy voltou. Era um homofóbico atrapalhando minha caça...

Voltamos à sala e surgiram novos elogios às mulheres. Estava de saco cheio.

"Dei uma mancada lá no intervalo. Falei 'bicha ' perto de um gay, ele me olhou com uma cara..."

"É, eu reparei..."

"Cara, eu não tenho problema nenhum com gay... eu conheço muita gente desse meio, saio eu, minha mina e muito gay. Vou nas balada e pego as mina, tá ligado, as lésbica..."

"Sei..."

Era minha deixa:

"Já foi na 'T'?"

Ele me olhou com um pouco de espanto.

"Conheço a 'T' de nome.... você também curte o negócio?"

"Sim, curto muito esse negócio todo."

A partir daí, viramos MA (melhores amigos) quase que instantâneamente, falando abertamente sobre a maioria das coisas de forma tranquila e aberta. Descemos ao banheiro junto a outras pessoas e ele me perguntou:

"Mas e ai, já beijou mina alguma vez?"

"Hmm... não, nunca..."

"Caraca, então você é 100%"

"Isso ai..."

De volta à sala, ficamos identificando os gays e as lésbicas, só de olhar dava pra sacar muitos. A cada gesto denunciador de alguns, nos olhávamos e ríamos... Ficamos muito íntimos, trocamos orkut e msn, muito legal o contato.

Próximo à hora de ir embora, Billy disse que seria muito legal se fizéssemos o treinamento juntos, mas ele tinha escolhido o horário da madrugada pra trabalhar, enquanto eu estava no da manhã. Concordei que seria bem legal estarmos juntos e a responsável pela integração veio falar os horários de treinamento.

"Só os três nomes que eu falar irão fazer treinamento de manhã, os outros será a tarde."

Meu nome foi o segundo a ser dito. Eu estava de manhã. Mesmo chateado, Billy disse que dali em diante seríamos grandes companheiros de saída e papo pela net e pelas baladas da vida. Na estação de trem (fomos juntos) nos despedimos e voltei pra casa otimista. Se todas as pessoas que eu conhecer nessa fase forem assim, estarei em boas mãos.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saudações ao novo ciclo: Apresentando: O homofóbico



Olá, desculpem, a falta de posts novos, o Nosso Lugar anda meio parado mas isso tem um motivo. Finalmente comecei a trabalhar e a vida está do jeito que deve ser... correria pura. Sem contar que no fim dessa semana haverá a colação de grau da facul, finalmente. O ciclo se fechará.

Bom, não arranjei emprego na minha área. Depois de muito pensar, de noites sem dormir, de reflexão e auto-punição, decidi entrar em uma área que não tem nada a ver comigo, começar uma fase nova. Tinha que ser algo bem ruim, a ponto de todos os dias eu desejar não estar ali, que eu não me acomodasse mas fosse suficiente pra pagar as contas e trabalhasse poucas horas por dia pra me sobrar tempo de continuar buscando na minha área. Então eu cheguei à única conclusão possível: Teleatendimento.

Tá, essa é uma área que qualquer um entra, é uma vergonha pra alguém formado entrar pra esse ramo.... mas a necessidade falou mais alto e ficar sem internet como está ameassado aqui em casa (considerando que só eu estou utilizand-a) é algo fora de questão.

Participei de uma entrevista para uma empresa perto de minha cidade, só precisava pegar um trem. Porém, não havia horário da parte da manhã e fiquei em um grupo de espera. Mas decidi não esperar. Na mesma tarde daquela entrevista, fui participar de outra. Chegando lá, a entrevistadora fez uma seleção com um por um e enquanto esperava, fiz amizade com duas garotas bem legais. Na sala, haviam dois gays (super) andrógenos e uma das minhas companheiras olhou e deu rizada, dizendo:

"Na antiga empresa em que eu trabalhava tinham uns gays... a maioria era."

Sorri, querendo que ela soubesse que eu era. Mas não falei nada, não saio por ai espalhando que sou nem levantando a bandeira. Após todas as entrevistas, a entrevistadora falou:

"Os nomes que eu chamar não se adequaram ao perfil da empresa e podem sair."

Em um momento gayfriendly, eu disse:

"Boa sorte, meninas."

No fim,entre os nomes saiu o meu. Então eu disse tchau a elas, que disseram ao mesmo tempo, sem combinar, um "Aaaaahhhh" de lamento. Mas a empresa era a maior bocada, eu mesmo quis desistir quando ela falou da vaga, ainda bem que decidiram por mim.

Na semana seguinte, fui procurar emprego no centro comercial da minha cidade. Na primeira agencia que entrei, avistei vagas de teleatendimento e perguntei detalhes. Pagaria um salário baixo, porém sem atrazos e sem faltas, subia mais duzentos reais. Seisa horas por dia, tinha no horário da manhã. Tudo que eu procurava. Decidi voltar ao centro comercial para tentar a sorte na parte da tarde.

Fiz a entrevista, e após assistir a um show de horrores de pessoas com o 2° grau completo que não sabem falar "problema" sem acrescentar um "r" onde não deveria ter um, recebi a notícia de que tinha passado. No dia seguinte, teria que estar à partir das dez da manhã na empresa e levei todos os documentos. Após longa caminhada, achei o local. Porém, não tinham mandado da agência as fichas e provas que eu fiz, então eu tinha que refazer tudo. A mulher disse que só tinha vagas para o período da tarde, o que me fez levantar e ir até ela:

"Eu vim para as vagas da manhã que disseram na agência que inha. Caso não tenha, não vou ficar."

Ela então disse que poderia encaixar e fiquei. Fui reentrevistado e consegui passar novamente. Durante a entrevista, fiquei olhando um rapaz bem bonito de 18 anos sentado na cadeira. Segunda feira eu teria que voltar à empresa para exames médicos e etc.

E lá estavaeu novamente segunda feira. A fila do local era desesperadamente gigante. Primeiro passava pela triagem, depois exame médico, abria conta e por fim entrega de documentos. Cheguei às 15 e saí às 19. Lá, conjheci um rapaz e conforme íamos passando pelos processos, íamos nos reencontrando e conversando. Era um desses machistas.

"Já trabalhou na área de teleatendimento?"

"Já, na outra empresa eram 10% homens. O resto só mulher e viado."

Quase que eu falei: "E viado não é homem?" Mas deixei quieto, não estava a fim de começar uma briga. Fiquei o tempo todo de olho em um rapaz de óculos tipo nerd, cabeça raspada, braços fortes não-malhados e voz meio grossa, meio fina, bem enigmática que chegou... simplesmente o homem perfeito. Só seu jeito de andar, forçando uma macheza duvidável me incomodava. Só fiquei de olho. No final, fui embora com o homofóbico deixando minha carteira. Por que só atraio homofóbicos? Não conheci nenhum gay nesse processo de seleção. Saí de lá selando uma nova fase da minha vida. Não é a melhor fase do mundo, não chega nem perto, mas dou saudações ao novo e à morte da rotina que me matava aos poucos. Na estação, me despedi do homofóbico, não fiquei esperando ele recarregar seu cartão. Não tenho que pensar no bem estar de gente desse tipo...
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Que lugar é lugar nenhum?




Ouvi vozes
Vozes no horizonte de minha mente
Dizendo: desista
Ponha de lado seus sonhos
Mate-os.
Anule-os.

Ouvi vozes.
No mais oculto da mente
Dizendo: de que vale acreditar?
De que vale se iludir?
Seus sonhos lhe tornaram mole
Seus sonhos lhe tornaram nada mais que um sonhador

Não posso mais sonhar
diante do peso da realidade
Tudo me arrasta à mais fria constatação
Não sou nada além de sonhos
sonhos parecem ilusões

Desculpas para não aceitar
que a vida a você reservada
é a vida que lutou para se livrar
Não há escapatória
disse a voz que não quer calar
Volte para onde nunca devia ter saído

Sim, ela tenta me arrastar para baixo
ela tenta acabar com o que acredito
tenta me fazer ver o que a ilusão me impede
O que vale mais? Sonhos não realizados
ou verdades que nos fazem cair?

Será que foi tudo um grande equívoco?
Será que as estradas me levaram ao mesmo lugar?
Eles estavam certos me vendo como fracassado?
Quem eu sou? Por enquanto ninguém...

O buraco é fundo demais para encontrar a luz
Abandonei tudo...
Estou pronto para o ponto de partida.
A voz continua a sussurrar que não sou ninguém...
E lá no fundo da sombra...
bem lá no fundo
sinto a quentura do sonho adiado
engavetado
desesperado

estranho pensar
nessa terrível dicotomia
em que o sonho sou eu...
e a voz também sou eu...
ambos me disputando pra me levar a lugar nenhum...