quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Que lugar é lugar nenhum?




Ouvi vozes
Vozes no horizonte de minha mente
Dizendo: desista
Ponha de lado seus sonhos
Mate-os.
Anule-os.

Ouvi vozes.
No mais oculto da mente
Dizendo: de que vale acreditar?
De que vale se iludir?
Seus sonhos lhe tornaram mole
Seus sonhos lhe tornaram nada mais que um sonhador

Não posso mais sonhar
diante do peso da realidade
Tudo me arrasta à mais fria constatação
Não sou nada além de sonhos
sonhos parecem ilusões

Desculpas para não aceitar
que a vida a você reservada
é a vida que lutou para se livrar
Não há escapatória
disse a voz que não quer calar
Volte para onde nunca devia ter saído

Sim, ela tenta me arrastar para baixo
ela tenta acabar com o que acredito
tenta me fazer ver o que a ilusão me impede
O que vale mais? Sonhos não realizados
ou verdades que nos fazem cair?

Será que foi tudo um grande equívoco?
Será que as estradas me levaram ao mesmo lugar?
Eles estavam certos me vendo como fracassado?
Quem eu sou? Por enquanto ninguém...

O buraco é fundo demais para encontrar a luz
Abandonei tudo...
Estou pronto para o ponto de partida.
A voz continua a sussurrar que não sou ninguém...
E lá no fundo da sombra...
bem lá no fundo
sinto a quentura do sonho adiado
engavetado
desesperado

estranho pensar
nessa terrível dicotomia
em que o sonho sou eu...
e a voz também sou eu...
ambos me disputando pra me levar a lugar nenhum...

1 comentários:

Stênio disse...

"O que vale mais? Sonhos não realizados
ou verdades que nos fazem cair?" - muito bom isso...
Eu realmente acredito que se a gente pudesse olhar para dentro de nós mesmos ficaríamos surpresos com o número de vozes que encontrariamos, e principalmente com a vastidão do nosso mundo interior... Esse poema é bem isso, em um desses diálogos...