quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Saudações ao novo ciclo: Apresentando: O homofóbico



Olá, desculpem, a falta de posts novos, o Nosso Lugar anda meio parado mas isso tem um motivo. Finalmente comecei a trabalhar e a vida está do jeito que deve ser... correria pura. Sem contar que no fim dessa semana haverá a colação de grau da facul, finalmente. O ciclo se fechará.

Bom, não arranjei emprego na minha área. Depois de muito pensar, de noites sem dormir, de reflexão e auto-punição, decidi entrar em uma área que não tem nada a ver comigo, começar uma fase nova. Tinha que ser algo bem ruim, a ponto de todos os dias eu desejar não estar ali, que eu não me acomodasse mas fosse suficiente pra pagar as contas e trabalhasse poucas horas por dia pra me sobrar tempo de continuar buscando na minha área. Então eu cheguei à única conclusão possível: Teleatendimento.

Tá, essa é uma área que qualquer um entra, é uma vergonha pra alguém formado entrar pra esse ramo.... mas a necessidade falou mais alto e ficar sem internet como está ameassado aqui em casa (considerando que só eu estou utilizand-a) é algo fora de questão.

Participei de uma entrevista para uma empresa perto de minha cidade, só precisava pegar um trem. Porém, não havia horário da parte da manhã e fiquei em um grupo de espera. Mas decidi não esperar. Na mesma tarde daquela entrevista, fui participar de outra. Chegando lá, a entrevistadora fez uma seleção com um por um e enquanto esperava, fiz amizade com duas garotas bem legais. Na sala, haviam dois gays (super) andrógenos e uma das minhas companheiras olhou e deu rizada, dizendo:

"Na antiga empresa em que eu trabalhava tinham uns gays... a maioria era."

Sorri, querendo que ela soubesse que eu era. Mas não falei nada, não saio por ai espalhando que sou nem levantando a bandeira. Após todas as entrevistas, a entrevistadora falou:

"Os nomes que eu chamar não se adequaram ao perfil da empresa e podem sair."

Em um momento gayfriendly, eu disse:

"Boa sorte, meninas."

No fim,entre os nomes saiu o meu. Então eu disse tchau a elas, que disseram ao mesmo tempo, sem combinar, um "Aaaaahhhh" de lamento. Mas a empresa era a maior bocada, eu mesmo quis desistir quando ela falou da vaga, ainda bem que decidiram por mim.

Na semana seguinte, fui procurar emprego no centro comercial da minha cidade. Na primeira agencia que entrei, avistei vagas de teleatendimento e perguntei detalhes. Pagaria um salário baixo, porém sem atrazos e sem faltas, subia mais duzentos reais. Seisa horas por dia, tinha no horário da manhã. Tudo que eu procurava. Decidi voltar ao centro comercial para tentar a sorte na parte da tarde.

Fiz a entrevista, e após assistir a um show de horrores de pessoas com o 2° grau completo que não sabem falar "problema" sem acrescentar um "r" onde não deveria ter um, recebi a notícia de que tinha passado. No dia seguinte, teria que estar à partir das dez da manhã na empresa e levei todos os documentos. Após longa caminhada, achei o local. Porém, não tinham mandado da agência as fichas e provas que eu fiz, então eu tinha que refazer tudo. A mulher disse que só tinha vagas para o período da tarde, o que me fez levantar e ir até ela:

"Eu vim para as vagas da manhã que disseram na agência que inha. Caso não tenha, não vou ficar."

Ela então disse que poderia encaixar e fiquei. Fui reentrevistado e consegui passar novamente. Durante a entrevista, fiquei olhando um rapaz bem bonito de 18 anos sentado na cadeira. Segunda feira eu teria que voltar à empresa para exames médicos e etc.

E lá estavaeu novamente segunda feira. A fila do local era desesperadamente gigante. Primeiro passava pela triagem, depois exame médico, abria conta e por fim entrega de documentos. Cheguei às 15 e saí às 19. Lá, conjheci um rapaz e conforme íamos passando pelos processos, íamos nos reencontrando e conversando. Era um desses machistas.

"Já trabalhou na área de teleatendimento?"

"Já, na outra empresa eram 10% homens. O resto só mulher e viado."

Quase que eu falei: "E viado não é homem?" Mas deixei quieto, não estava a fim de começar uma briga. Fiquei o tempo todo de olho em um rapaz de óculos tipo nerd, cabeça raspada, braços fortes não-malhados e voz meio grossa, meio fina, bem enigmática que chegou... simplesmente o homem perfeito. Só seu jeito de andar, forçando uma macheza duvidável me incomodava. Só fiquei de olho. No final, fui embora com o homofóbico deixando minha carteira. Por que só atraio homofóbicos? Não conheci nenhum gay nesse processo de seleção. Saí de lá selando uma nova fase da minha vida. Não é a melhor fase do mundo, não chega nem perto, mas dou saudações ao novo e à morte da rotina que me matava aos poucos. Na estação, me despedi do homofóbico, não fiquei esperando ele recarregar seu cartão. Não tenho que pensar no bem estar de gente desse tipo...

4 comentários:

ThinkerBoy disse...

Hey, guy

Don't stop, make it pop!
Your time will come. Just wait and you'll see it.

Good luck, my friend.

James disse...

Thank´s my friend thinkerboy!!!!!!

Stênio disse...

Nossa, faz tanto tempo que não passo aqui... Me desculpa amigo, minha vida também está em ritmo de mudanças... cara, eu adoro os seus relatos, mesmo... A forma como enxerga o mundo, eu entro dentro da história, me vejo em cada processo e seleção com você, sendo um terceiro elemento a somar entre você e o machista homofóbico...
Muito bom... Continue assim!

James disse...

Opa, tava com muitas saudades do senhor Stenio!!! Valew por retornar ao lugar ao sol e pelos elogios, rsrs, que bom que entra nessa história verídica e compartilha dos meus sentimentos, muito bom saber, hehe