domingo, 18 de setembro de 2011

Odisséia do Menino Devasso: Parte I: Homens, Sexo e rock´n Roll


Após a desilusão com o EX-Marido, decidi não ser mais o garoto inocente. Decidi deixar de ser o tonto que fica esperando o príncipe do cavalo branco. Afinal, nunca tive uma OBI sequer que fosse possível ter algo mais do que um sonho. O Marido era essa esperança. E ela morreu. 

Foi então que decidi avacalhar e partir para o descompromisso. O melhor local pra encontrar algo rápido e sem aprofundamento é a internet, e lá fui eu utilizar esse veículo pra conseguir me satisfazer. 

Entrei na rede social “Troca-Troca” (extinta, ao que parece, pois sumiu da web) e conheci um rapaz. Morava na cidade vizinha, e marcamos para o mesmo dia. Trocamos telefone. Voz legal, decidi sair com ele. Ficou de me buscar na estação de carro. Quando chegou, senti uma mistura de medo e adrenalina. Era a primeira vez que eu entrava no carro de um cara. 

Fomos para o shopping de Osasco, conversando mais sobre os ex-casinhos dele do que outra coisa. Achei o papo divertidinho, mas confesso que não estava no clima de conhecer para algo sério. 

“Hoje em dia ninguém quer nada com nada, Rud, todos só querem saber de sexo. Por isso ainda estou solteiro.” 

“Sim, é complicado, Tito... É complicado mesmo.” 

No shopping, não achamos horários para filmes, e então decidimos ir pra casa dele. Ser práticos. Nos beijamos no carro, nada de extra. Mas meu objetivo não era só ficar no beijo. 

Ao chegar em sua casa, me deparei com aquela bagunça, não pude deixar de me incomodar. Na verdade tudo ali estavam me incomodando. Os beijos dele, o fato de estarmos tirando a roupa. Não era pra ser assim. Eu estava entediado. Então, abri minha boca em meio aos beijos dele e disse: 

“Já dominou alguém?” 

Acho que todos já devem ter visto na vida ao menos um videozinho mais hardcore que fosse, com homens dominando rapazes mais fracos, com um ar de superioridade. O Tito nunca tinha feito... 

Nunca TINHA feito... 

Naquela noite, aquele tédio se transformou em uma das experiências mais interessantes que eu tive. O romântico, enfim, morreu, dando lugar ao devasso adormecido.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O fim de uma saga



E aconteceu que, como todos sabem, eu e o Tyler, vulgo "Marido", estávamos trabalhando no mesmo local, por coincidência ou ironia do destino. Nesse ínterim, fiz amizade com uma bela moça, Sunshine, que sentou-se ao meu lado (ela era da equipe do segundo andar, mas veio fazer um trampo no local, e nos tornamos amigos com facilidade). Ela também tornou-se amiga do Tyler, e em uma festinha de confraternização de aniversariantes do mês, eu o encontrei. Ele apertou minha mão, olhando nos meus olhos, e depois saiu. Fiquei observando-o de longe, de amizade junto a outros que eu desconfiava serem gays do setor de cima. Como eu podia ser tão deslocado naquele lugar? Todos pareciam ter um lugar. Até a Sunshine tinha sua equipe.


Um dia fui lanchar com a Sunshine e o Tyler surgiu. Conversamos um pouco. Falaram sobre o show da Katy Perry e eu fiquei na minha. Como a Sunshine podia ser tão cega de não ver que ele era gay? E como ele podia ser tão hipócrita e ficar tão na defensiva? Um ar de tensão ficou pairando entre nós três. A Sunshine me contou que o Tyler tinha lhe dito que se ela não namorasse, ele a pediria. Eu devia ter dito: “É, ele diz isso pra todos...”
Algumas vezes o yler foi no meu local de trabalho e eu (tonto) ficava esperando ao menos um cumprimento. Nem isso acontecia.
Então, os meses se passaram, e fiquei sabendo que o contrato do Tyler iria vencer, tal como o da Sunshine, ambos temporários. Fiquei triste principalmente por ela. Minha única companheira. Ela conseguiu destacar-se nos últimos dias e continuar efetiva na empresa, mas Tyler não teve a mesma sorte.
Alguns dias antes do fim para o Tyler, eu voltava do banheiro e ele surgiu no corredor.
“Ei, estou indo almoçar, quer vir?”
Perguntou, e eu me lembrei de todas as chances que ele teve de me fazer aquele convite e do quanto insisti para que acontecesse.
“Não, vou mais tarde.”
Ali, me libertei... 
No dia do Tyler partir, ele foi ao meu setor. Despediu-se de sua amiga no local, e nem olhei para ele. Ele partiu sem nem olhar para mim. Assim, terminou aquele sonho de uma pessoa inocente. Eu sempre acreditei em suas palavras enquanto era online e irreal. Mas então, quando tornou-se real, vi a verdade de uma pessoa muito mal resolvida emocionalmente. E me vi nele. Mas ao contrário dele, ao menos não minto mais pra mim.
O último resquício de um romântico esperançoso morreu com aquele adeus silencioso. Chegou a hora de nascer um Rud prático, desprovido de sentimentalismo. Assim é o mundo gay. Frio, carnal e mentiroso, e preciso sobreviver nele...