sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Persona: Quem sou e quem gostaria de ser



Nos últimos posts tenho feito uma série de perspectivas com relação ao que eu almejo. Já passei pelo quesito afetivo, profissional... E agora vem o mais complexo: O quesito pessoal.

Traçar um perfil psicológico do que eu tenho sido nos últimos dez anos e no que eu quero ser daqui para frente é uma tarefa complexa e talvez não possa colocar tudo em um único post, mas vou tentar.

Há dez anos atrás, eu tinha 14 anos e estava na 7° série do ensino fundamental. Foi nesse ano que eu conheci as duas pessoas mais importantes de minha vida: O fulano e a Hayashi. Melhores amigos, eles me ensinaram muito. Na 7° série eu era um garoto deslocado, que vivia com o grupinho dos menos inteligentes e bagunceiros. Nesse ano, foi a transição em minha vida, pois fui para o grupo dos nerds (do qual nunca mais saí).

Com o término do colegial, me tornei uma pessoa reclusa. Dessas que não curte sair, e que quando sai parece ser uma obrigação e até um grande evento, e que tudo que acontece quando sai merece ser postado num blog................................

O que posso dizer é que sou recluso. Prefiro sair sozinho ou com apenas um amigo, para que eu seja o foco de sua atenção e para que eu só precise conversar com essa pessoa. Grupos me incomodam. Aprecio a solidão do meu quarto. O problema dessa personalidade isolada é que as pessoas "sociais" acabam se afastando de você. E acabo sozinho sem gostar, já que não é mais por opção, é por ter sido cortado. Já cortei pessoas da minha vida, já fui cortado da vida de muitas pessoas.

O que mais me angustia é a inércia. É a sensação de que em dez anos pouco mudou. Quando encontro com amigos do colégio que não falava faz tempo, vejo que eles estão sempre casados, amando ou felizes em sua vida resolvida. Em dez anos sou o mesmo garoto que não trabalha, que nunca amou ninguém e que está aqui, parado no tempo, vivendo na casa dos pais, esperando algo acontecer.

Tenho quatro amigos de sangue (daqueles que contaria que matei alguém), sendo duas héteros e dois gays. Uma das héteros mudou-se para o Piauí, e nosso contato é raro por E-mail... A outra hétero, Hayashi. Nossa amizade vivia em um constante equilíbrio, já que nós dois só tinhamos um ao outro, considerando que seus verdadeiros amigos ficaram em sua outra cidade, onde ela vivia. E tudo ia bem. Compartilhamos juntos o sonho da mudança, de encontrarmos pessoas por essa vida que nos guiassem para novos caminhos. Mas desejamos isso juntos. O caso é que ela foi a um evento (para o qual me chamou) em que trabalharia uma semana como apoio, e eu não fui. Lá, ela encontrou o que procurava. Além de ter conhecido o amor da sua vida, encontrou amigos e contatos pessoais e profissionais que mudaram tudo.

E eu...

Bom, eu fiquei. Acompanhando da estação mais um trem que se vai. Hayashi me levou para um encontro com seu mais novo grupo, e a sensação foi desastrosa. Fiquei deslocado diante daquele papo super nerd. Simplesmente eu não estive presente no lugar ao sol deles, eu era a peça fora do tabuleiro. Foi uma noite péssima. O que se seguiu foi uma amizade enfraquecendo-se cada vez mais. Sempre que ela me chamava, eu não podia ir por falta de grana e por não querer ficar novamente deslocado. Eu estava perdendo-a.

E a situação culminou no fim de semana em que ela me chamou para ir ao cinema e eu disse que só iria se conseguisse que um de meus amigos fossem. Ela considerou que eu estava chamando seu namorado e sua amiga de "nada", já que minha presença só seria confirmada caso eu conseguisse levar alguém. Disse ainda que eu tinha que mudar e que não dava pra ficar como eu estava, com medo de conhecer gente. Disse que queria me ajudar. E fechou com chave de ouro.

"Mas faz assim.... nem vá... não quero favores e desculpa... NUNCA mais tento lhe ajudar. Se é feliz assim fique desse jeito."

O que a hayashi não entende é que ela teve seu "Turning point", ela teve a grande virada em sua vida, aquele momento em que ela juntou oportunidade com atitude e conheceu um novo mundo. Ela mudou. Eu não.

Não devemos querer forçar ninguém a mudar. E não devemos também nos forçar a mudar. Eu tentei fazer isso me encontrando com um grupo gay de rapazes na virada cultural e de lá não tirei nenhuma amizade proveitosa (O Albano só serviu pra que eu conhecese o Primo, nada mais). Eu ainda não cheguei a um ponto em que diga que esse é o ponto de virada, e quando eu chegar, espero poder levar aqueles que mais amo comigo, não virar as costas para eles como alguns. O fato é que minha "melhor amiga" conheceu o homem de sua vida e essa história é velha: Quando amamos e nos entregamos demais à essa pessoa, todo o restante parece perder a importância. Mas existem duas questões muito perigosas em se esquecer de quem é importante:

1. Essa pessoa pela qual você vira as costas para seu mundo pode não durar para sempre na sua vida (relacionamentos começam e podem se acabar).

2. Voltar com o rabo entre as pernas pedindo colo pode ser bem constrangedor e a mágoa e o buraco deixado em quem você abandonou pode ser grande demais.

Bom, eu sempre acreditei em nossa amizade, mas essa é a primeira vez em que não sinto vontade alguma de buscá-la. É a primeira vez em que me sinto leve. Amizades não devem ser um fardo. Devem nos deixar bem. Mas eu considero que essas sacudidas podem ser um reforço caso a amizade seja real. Se é que não é real só para um dos dois lados...

Voltando à questão de estar no mesmo ponto em que estava há dez anos, devo ressaltar que fiz progressos.

Eu conheci a noite gay paulistana, que me salvou de muitos tempos de solidão

Eu escapei do exército e com curso profissionalizante entrei para a área de Logística

Descobri o designer como profissão e me identifiquei muito

Coloquei aparelhos nos dentes, que estão melhorando muito

Estou em tratamento de acne em sua reta final, o que para mim é muito importante resolver, já que minha auto-estima é um ponto a ser trabalhado

Consultei uma psicóloga para me encontrar (apesar da pobre estar meio perdida)

Superei todas as nêuras iniciais de ir pra cama com um cara (o que me trouxe de presente nêuras novas e quentinhas saídas do forno)

Tive um relacionamento de três meses que me fez ter uma idéia do que é gostar, sentir ciúmes e superar no término

Me formarei no fim do ano

Acho que esses são os progressos e as mudanças que nos últimos anos fizeram a grande diferença entre o que eu era e o que eu sou. Nossa, lendo isso me sinto tão pequeno com relação aos progressos alheios...

Em contrapartida, há muito mais que preciso trabalhar em mim:

Socialização

Encontrar lugares em que me sinta bem em estar sem sofrer discriminação ou me sentir obrigado a ir

Sair mais de casa e não parecer um velho com medo do mundo e da vida

Fazer contatos profissionais

Me tornar um ser multicultural (essas pessoas legais que conhecem o mundo da cultura como cineastas de curtas, médias e longas, fãs disso e daquilo)

Me tornar um Webmaníaco (será que eu quero isso?) conhecedor das tendências e do que rola na rede, ainda que somente por caráter profissional

Ter perto de mim pessoas que queiram estar

Saber terminar relacionamentos

Saber começar relacionamentos

Abandonar a noite paulistana (a idade chegando, preciso de novas opções)

Desbravar novos horizontes

Arranjar emprego

Arranjar alguém com quem compartilhar a vida

Colocar sonhos e expectativas para fora da gaveta

Viajar mais

E sair do armário...

Acho que um ser humano nunca deve alcançar o conceito da perfeição, nunca deve estar somente de passagem curtindo o momento sem se importar e nunca deve estar pleno. O ser humano é falho, e admitir que erra é o princípio da superação de sí próprio. Pessoas que chegam ao ponto de dizer: "Eu mudei e estou muito feliz assim" são aquelas que estacionaram em um porto seguro e que vivem satisfeitas pelo que conquistaram, como velhinhos na varanda. O que vale na vida é o desafio de escalar montanhas e olhar do topo dela para as mais altas. Se eu não mudei ainda, é por que não tenho pressa. Aprecio o vento no topo de cada mntanha, sem medo de deslizar e recomeçar do zero. "Sou errado, sou errante, sempre na estrada, sempre distante".

Minha frase em homenagem à estagnação e ao tédio: 

"Nada é mais crítico do que a força exercida pelo tédio que consome minha existência com sua falta de lirismo e renovação."

Boa sorte aos amigos ausentes...

2 comentários:

Anônimo disse...

No ginásio, eu também era daqueles deslocados e que acabou se tornando nerd... Sei lá o quanto isso foi bom ou ruim, o que importa é que agora estou caminhando pra ser uma pessoa melhor.

Ainda quero também ser alguém um pouco mais sociável e curtir um pouco mais a vida de uma maneira mais confortável, mas enfim... Tenho muito tempo pra isso, e você também.

Espero que consiga atingir suas metas. Abração!

James disse...

rsrssr, valew pelo apoio, jovem. Espero que todos nós consigamos evoluir muito ainda.

Gostei muito do seu blog, bem criativo, rsrs. E obrigado por nos seguir nessa empreitada. abrax