sábado, 28 de agosto de 2010

A psicóloga, o rapaz sem nome e a gargalhada fatal...



Qual o peso da palavra "AMOR"? E da expressão "Eu te amo"? Quando devemos dizer isso? Quando temos certeza ou quando sentimos ser o momento ideal? E a banalização da expressão? É correto chamar alguém de amor o tempo todo? E quando for real? Qual impacto terá?

Outro dia eu estava caminhando pra facul e recebi um SMS de Tiago:

"I love you"

Como resposta, enviei:

"I like you so much"

Ai ele me devolveu:

"Eu escrevi 'eu te amo', não 'gosto de você'."

Ai eu respondi:

"Eu sei. Mas não vou te devolver por obrigação. Quando eu disser 'eu te amo', será pra valer, por que eu senti que devo."

Pra mim a palavra "AMOR" é mais forte que tudo. Posso dizer que nunca amei ninguém. Só aqueles que é natural amar (família, animais de estimação). Arrisco dizer que uma OBI é um amor não correspondido. Pra mim OBI é uma pessoa inalcançável, onde só o desejo de tê-la faz com que a deseje mais, e passa a viver em um ciclo sem fim.

Perguntei ao Tiago o quanto ele me amava em uma escala de zero a dez.

"Sete ponto cinco"

Foi a resposta que eu ouvi. O amor está na média. Quando me devolveu a pergunta, eu disse:

"Nunca amei alguém. Não posso dizer que te amo, pois não tenho com o que comparar, só sei que gosto muito de você."

O mais estranho em não saber o que é o amor é que passamos a vida toda vendo filmes, contos, livros, romances e épicos sobre o amor, descrições trágicas dessa máquina que move o mundo, que não deixa dormir, que nos faz sonhar. Nunca ter sentido o que todos sentem por natureza é mais um ponto que me faz ir sempre contra a maré da humanidade.

Por anos eu pensei que o amor não existiu em minha vida por causa de meus bloqueios gerados por minha insegurança. Tal insegurança me levou a tomar uma drástica atitude: Procurar um profissional.

Fui ao médico da minha cidade, mais precisamente o clínico geral e lá, pedi uma guia para o psicólogo.

"Por que você quer passar no psicólogo?"

"Como assim?"

"Pra você passar, preciso de um motivo pra colocar na sua guia." (disse o Clínico de forma muito estúpida [Por que não vai trabalhar no que gosta?])

"Hmmm... Stress..."

Na época eu tinha saído do trabalho, stress foi o motivo que me veio em mente mas eu sabia que não era isso, óbvio. Em casa, ninguém podia saber que eu ia passar em um psicólogo, escondi de todos. Então, em um sábado de manhã, o telefone tocou enquanto eu dormia. Alguém atendeu e após um tempinho, a porta do quarto abriu. Minha mãe.

"Rud, ligaram do médico. Disseram que seu psicólogo está marcado pra tal dia."

Óbvio que eu não soube onde enfiar minha cara. Só pra começar as consultas, já tinha acumulado meia dúzia de traumas novos. Minhas sessões não foram muito produtivas. A psicóloga era uma mulher legal... até demais. Eu procurava uma psicóloga que me desse tapas na cara, que me dissesse verdades que eu não podia ver, que eu não queria ver. Eu sentava, falava várias inseguranças que eu tinha e o que eu ouvia era:

"Hmmm... É complicado..."

Com o dinheiro do seguro, entrei na academia na época. Um lugar chato, onde eu me sentia por várias vezes deslocado, até que uma vez eu O avistei.

Cabelos enrolados, braços à mostra na regata, shorts revelando suas pernas definidas, um corpo PERFEITO, sem tirar nem por... simplesmente lindo. Eu apenas o admirei. Até que um dia no vestiário ele olhou pra mim e deu um sorrisinho. UM SORRISINHO...

Em um outro dia, eu estava sentado em um aparelho e ele se aproximou:

"Podemos revesar?"

"Claro!!"

Queria ter feito mil séries ali só pra revesar com ele.

Alguns dias depois, eu o reencontrei. Ele estava entrando e eu saindo e ele disse:

"Oi, tudo bem? Já vai?"

"É, vim mais cedo hoje."

Ele deu seu sorrisinho e parti contente. Estava ali meu motivo pra ir na academia sempre. E eu ia com gosto. Na psicóloga, contei sobre ele.

"Que bom, Rud. É bom saber que você está libertando-se de seus medos. Qual o nome dele?"

"Hmmm... Não sei..."

"Haaaaah, Rud, não acredito que você não sabe. Sua missão dessa semana vai ser descobrir esse nome."

Voltei à academia obstinado a descobrir aquele nome. Estávamos sempre juntos quando nos encontrávamos lá, fazendo os exercícios e falando sobre academia, eu sem corpo nenhum e ele com o corpasso desejando mais (detalhe que eu era dois anos mais velho que ele). Um dia ele me pediu ajuda em um exercício. Ele colocava seus braços no banco e as pernas no banco da frente, agaichando. Ele precisava de peso e pediu que eu pressionasse seus ombros pra baixo.............



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Eu poderia morrer naquele momento. Pensem na cena: Eu empurrando os ombros daquele Deus grego, em um movimento quase sexual pra cima e pra baixo... ele fazendo força pra subir e eu força pra descê-lo... Aiai, um daqueles momentos em que vale a pena estar vivo.

Eu não descobri seu nome, infelizmente. Ele desapareceu por quase um mês e nesse tempo eu abandonei minha psicóloga. Motivo? A distância pra chegar lá e um ato que ela cometeu que eu chamo de pecado. Lembram do caso Tom? Do namoro de uma semana? Quando eu contei esse caso a ela... sua ação foi totalmente ANTI-Profissional. Ela gargalhou...

"Namorar em uma semana? Ah, Rud, pelo amor de Deus né?"

Sem palavras. Isso por que eu procurava ajuda.

O rapaz voltou à academia depois de um tempo longe e me contou que havia se acidentado no local. Não fiquei mais muito tempo por lá devido à grana e a não gostar mesmo de academia. Me irrita repetição de coisas. Mas nunca esqueci aquela OBI de verão, só a dúvida se ele era gay ou não me deixa pensativo. Se fosse nos tempos atuais (vide Segurança) eu não mediria esforços pra descobrir.

Por que eu contei tudo isso? Bom, outro dia eu estava conversando com o Fulano e disse:

""Se uma OBI minha parasse na minha frente e dissesse: 'Vamos?' Eu largava tudo que estou tendo."

Até hoje tive 3 OBIS: Adriano, na "T", Alvaro, o motoqueiro e o rapaz sem nome... Esses três tem um poder sobre minha vida que não posso explicar. E esses dias estava voltando do FILE (evento de tecnologia na Paulista) e, caminhando no centro de minha cidade, eu o avistei.

O rapaz sem nome.

A partir dai meu corpo não me obedeceu mais. Comecei a seguí-lo de perto, caminhando em seu encalço. Percebi que ele estava com um amigo.

"Será que é amigo? Ou será algo mais? Será que é parceiro novo da academia? Será que ficou em meu lugar?"

Então eu parei de caminhar. Parei e os observei partir, atravessando a rua. E segui meu caminho. Será a vida me testando? Será que reencontrarei todas as minhas OBIs pra descobrir se a palavra amor poderá ser enfim usada? Ou foi só coincidência? Não acredito em coincidência...

Logo após encontrá-lo, contei ao Tiago sobre minhas três OBIs. Ele ficou enciumado, mas eu deixei bem claro:

"Assim como sei que sua vida não começou comigo, você tem que aceitar que a minha não começou com você."

Cogitamos a possibilidade de, se não der certo,além de sermos amigos, vivermos em uma espécie de relação aberta. Tipo, quando ambos estiverem sozinhos e quiserem resolver certas necessidades, irem se encontrar e se resolver sem mais compromissos... Relação moderna. Gostei da idéia (podem me crucificar a seguir).

Acho que o mal de eu ser roteirista é que autmaticamente eu espero o fim das coisas. Tenho necessidade em ver os créditos subirem. E o pior de tudo isso é que sou a pessoa mais mal resolvida que conheço. Seja em relacionamentos, seja em consultas com psicólogos, em academias e até com sonhos de uma OBI de verão. Nada nunca termina...

4 comentários:

Anônimo disse...

Lembro que no começo do meu namoro(quando eu ainda ficava sériozinho?) ele dizia que me amava e eu ficava assim, sem saber o que dizer, até que certo dia ele estava saindo de minha casa e disse, de supetão, que poderia vir me visitar no dia seguinte. Nossa, nunca tinha ficado daquele jeito, abri um sorriso enorme e comecei a rir, de pura felicidade hahaha. Depois desse evento eu descobri que não apenas gostava dele, mas nutria algo a mais.
(Isso e tambem quando o exame de ~HIV que ele fez deu um falso positivo e eu levei super de boa e quis continuar com ele do mesmo jeito)

Ah, desculpas por ter sumido, ainda acompanho o blog, so ando mega ocupado com a faculdade

~chimerawithin~

James disse...

Nossa, que legal seu relato!! Lembro-me de rir a toa na época em que tinha minhas OBIs, rsrsrs. Também sentia pura felicidade inesplicável. Ser correspondido nesse processo deve ser a coisa mais mágica do mundo!! Essa é minha grande busca e sei que essa conquista é lenta e pode até vir a acontecer no meu atual relacionamento, mas não pretendo forçar nada também. Acho que essas coisas quando naturais fazem tudo valer muito mais a pena.

Muito bonito seu gesto de apoiá-lo nesse momento difícil (ainda que falso), meus parabéns!!

Entendo perfeitamente a correria da facul, e agradeço por continuar lendo, maaaan,abração.

Tito Fierce disse...

Cara, eu descobri o seu blog a poucos dias e preciso dizer que estou amando. To lendo todas as postagens antiga e devo dizer que estou vendo que muitas das minhas angústias, vc tbm sente.

Eu tenho um blog tbm que aborda temas mais light, mas axo que nós dois temos a mesma proposta. Tentamos analisar nossas vidas, nossos relacionamentos e escrever sobre isso pq é como se estivessemos fazendo confissões.

Mas eu sei que é difícil julgar de fora e eu não estou na sua pele pra saber o que está acontecendo entre vc e o tiago, mas eu axo que você deveria ser mais flexível e ser um pouco mais carinhoso com ele. Eu tenho medo de me ferir também. por isso que hj em dia eu sou meio seco.

Enfim, sou um grande fã seu. E virei grande fã em menos de 2 dias!

Meu blog é goodboygonegay.blogspot.com

Bjos, cara

James disse...

POOOOOOXAA manu, fico muito feliz por ouvir isso!! É por essas e outra que nnca vou parar de postar aqui, rsrsr. Brigado mesmo pela paciência (dois dias??) de voltar ao início e ler todo o blog!!

É verdade, a maioria das pessoas jovens se identificam comigo (pois vivo minha juventude tardia aos 24, kkk) e isso me deixa feliz também. É sempre bom poder compartilhar!!

Ahn, quanto ao Tiago,já falei isso pra algumas pessoas: Eu exponho muito o lado negativo do rapaz aqui, vou fazer um post só falando o que eu gosto nele, por que de verdade, ele é a pessoa que até hoje eu mais gostei de sair e estar junto e isso não vem sem motivo. Infelizmente a gente é acostumado asó escrever desgraça e defeito,esquecendo do que há de bom, preciso me lembrar disso, rsrs.

Entrei no seu blog eachei bem interessante, prometo que vou ler com calma, mas valew mesmo por aparecer por aqui comentando, espero ter você sempre presente por aqui ajudando-me nessa jornada. E valew por ser meu fã, kkk, não mereço tanto!! Bjão, maaan.