quarta-feira, 12 de maio de 2010

Deus ex machina (Dias de cão)



Tenho vivido dias de cão. É trabalho de facul pra fazer, brigas constantes com meu grupo de trabalho, brigas em casa por eu não arranjar um emprego, reforma em casa, o que à torna um ambiente hostil, além dos costumeiros dilemas de um adolescente tardio que não sabe o que quer da vida.

Hoje tive a apresentação de um trabalho de psicologia, trabalho esse que deu muitos conflitos internos no meu grupo de faculdade. Somos em cinco, quatro homens e uma mulher. De nós quatro, um deles é um deficiente que acolhemos, infelizmente ele não pode nos ajudar muito. Dos três rapazes, eu sou o único que não trabalha, o que acaba sobrando pra mim na hora de fazer trabalhos. Mas nesse trabalho de psicologia, resolvi me afastar pra cuidar de outros trabalhos e deixei a cargo deles. Aconteceu que um deles, Cauã, é um encrenqueiro, parece ter duas personalidades, sempre calmo e que dá aqueles tapinhas nas costas (que pra mim é sempre falsidade, na boa) e as vezes dá uns surtos psicóticos e começa a atacar todos. Em um desses ataques, a menina do meu grupo chegou até a chorar.

Além do stresse de trabalhos, aguentar uma pessoa inconstante não é minha praia, então estou querendo sair do grupo, o que pode ser fatal em um último ano, com TGI pra fazer. Como sempre, não sei o que quero da minha vida. Ontem a noite, eu e o Cauã ficamos no msn acertando o trabalho de psicologia, pois sozinho o grupo não deu conta, como já era de se esperar. Estressado, fui dormir às duas da amanhã e como psicologia era no segundo horário, às nove e vinte, resolvi matar a aula de legislação e dormir mais um pouquinho.

Foi ai que meu dia de cão começou...



Acordei oito e meia... O maravilhoso friozinho paulista me prendeu debaixo das cobertas e eu agora tinha quarenta minutos para percorrer um caminho que faço em cinquenta caso não perca o trem...

Perdi o trem...

Isso me dava desvantagem de quase trinta minutos. Liguei a cobrar para o grupo contando que tinha perdido o horário e que estava correndo para lá. Menti que estava na segunda estação do percurso enquanto ainda estava esperando o trem na minha cidade... Desesperado...

O trem chegou. As estações estão em obra por causa do projeto expansão e percursos que geralmente se fazem em dez minutos são feitos em vinte a trinta. Não sei como consegui chegar nove e vinte na estação de osasco... Mas ainda tinha o percurso de quinze minutos até a facul, então tirei a blusa, guardei o celular na mochila com a carteira e comecei a correr.

"Vou pedir carona!!!"

Foi o que eu pensei, mas não tinha cara de pau pra isso. Então avistei um taxi na porta da estação. Será que era caro? Continuei correndo, olhando para o taxi do qual saia um homem na maior lerdeza. O taxi então acelerou e eu fiz sinal.

Ele não parou.

Nove e trinta.

O professor era chato, já estava até vendo a bronca.

Continuei correndo, até que cheguei na ladeira que preciso subir para atravessar o bairro até a facul (ela é tão grande que ocupa um quarteirão e eu precisava chegar do outro lado do quarteirão depois da ladeira, o que daria uns quinze minutos).

Foi então que... Deus Ex Machina (termo de reviravotas nas histórias gregas, em que um Deus descia do céu e resolvia todo o conflito), do outro lado da avenida tinha um homem parado dentro de um carro e começou a acenar. Ele perguntou algo que eu não ouvi.

"O que??"

Perguntei, sem parar de correr.

"Quer carona???"

O que?? Ele estava, do nada, me oferecendo carona? Não pensei duas vezes, atravessei a avenida e entrei no carro (que perigo), ele era um senhor com uma criança no banco detrás.

"Eu vi você acenando pro taxi, vim buscar meu filho e fiquei esperando você aparecer, vi você correndo, lembro que já corri muito por causa de trabalho e senti que você precisava de ajuda."

"Com certeza eu precisava, muito obrigado!!!"

Fizemos em um minuto a travessia de dez e eu sai do carro agradecendo muito aquele anjo, correndo pra facul em seguida. Abri a porta do laboratório de apresentação e alguns alunos da sala falaram:

"Apareceu!!"

Não era eu que tinha aparecido, mas a imagem no telão do grupo. Ao que aparece, falhas técnicas atrasaram o início da aula, e ali estava eu, pronto pra apresentar um trabalho meia boca e sem ensaio.....

... que o professor (também gay, vive sofrendo preconceito da sala) acabou adorando!!

O dia de cão acabou, enfim...

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