segunda-feira, 17 de maio de 2010

Virada Cultural: Parte III: Mãos dadas



Aquela noite estava esquentando. Ficamos dançando na pista por muito tempo, e eu sabia que mais tarde teria dor nas pernas, pois não estou acostumado a ficar dançando e me sacudindo. Mas continuei. Os dois garotos que nunca soube o nome decidiram partir e nos encontrariam depois. O Albano sumiu por um tempo, ficamos os cinco dançando de boa, o Danilo começou a se soltar mais.

Mauricio recebeu uma ligação e disse que um amigo dele estava vindo.

"Acho que ele quer ficar comigo..."

Falou, sem nem ligar. Albano reapareceu e nos chamou para fora da pista ao ar livre, para encontrarmos com mais dois amigos dele, Munhoz, um cara meio renato russo e Lucio, bonitinho até. Munhoz contou estar andando desde o meio dia, e que estava muito cansado. Compraram um vinho e começaram a beber. Eu tinha que ir ao banheiro e o Mauricio recebeu sua ligação novamente, decidindo esperar com a turma até eles chegarem. Tive vontade de ir no banheiro mas não queria ir sozinho, pois poderia me perder.

"Quer ir ao banheiro?"

Perguntei ao Danilo, que decidiu me acompanhar com a amiga, pra variar. Foi bem legal, fiquei a fim do Danilo, que vira e meche me dava umas olhadinhas e sorrisinhos. Será que estava a fim?

Quando voltamos do banheiro, os dois amigos do Mauricio tinham chegado. Ambos afro-brasileiros, um deles era o que Mauricio queria (ou não queria) ficar, Eliel. O outro era muito calado. Também não descobri o nome dele. E descobri que o Albano e o Fê estavam juntos, pois estavam dando uns amassos. Nem desconfiava.

Voltamos para a pista, mas lá estava um inferno. Muito lotada. Ficamos só um pouco e saímos. Então o Albano falou do show de reggae, e decidiram ir para lá. Mas o problema seria chegar, já que era bem longe de onde estávamos. E também seria bem mais tarde. Fomos caminhando para a República e o Lucio começou a conversar com o Danilo. Senti uma pontinha de ciúmes, que estranho. Querendo ou não, o Danilo era o que eu mais tinha conversado aquela noite. E tinha gostado disso. Conversei um pouco com o Lucio também, que contou fazer mestrado em fisioterapia.

Vanessa contou que descobriu que os dois amigos de Mauricio não eram gays, mas eu e Danilo duvidamos. Depois de muita andança, muita paciência (o Munhoz começou a cantar...) e muita doideira chegamos à praça em frente ao grande cartão postal de sampa. Descobri que eu era o mais velho do grupo (nossa, tô ficando velho) e o vinho estava rolando solto por ali. Descemos ao Anhangabaú e paramos novamente. Tinham umas pedras no chão e Danilo e Vanessa se sentaram. Me agachei próximo a eles e tentei escutar o que falavam.

"Pudesse escolher............. seria?"

Ouvi ela falar.

"Este aqui..."

Ele respondeu.

"Este?"

Não podia olhar para eles pra ver se falavam de mim, e ela me chamou.

"Rod... pega o vinho pra mim?"

Fui pegar o vinho com os rapazes, morrendo de curiosidade se o que eu estava escutando condizia com o que eu estava pensando que estavam falando, e voltei com o vinho. Os dois se levantaram e continuamos caminhando.

Fomos rumo ao temido show de reggae, muito lotado. Para conseguir chegar lá no meio, decidimos fazer um trenzinho de mãos dadas. Dei a mão pra Vanessa na frente, que segurava a de Danilo, e peguei atrás na de Mauricio. Fomos caminhando em meio ao empurra-empurra, guiados pelo Albano que queria chegar lá perto do palco. Foi o local menos civilizado que pisamos e o pior, com uma núvem de fumaça de maconha no céu, impregnando nas nossas roupas.

Chegamos lá no centro e fizemos uma roda com as dez pessoas reunidas.

"Agora, povo, é só fechar o olho e curtir o som..."

Foi o que fizemos, não de olho fechado, mas abri minha mente para aquela música molenga (me perdoem os regueiros), tentando ouvir sem reclamar. Danilo estava longe de mim, estava um aperto naquele local. Eliel foi mijar e Mauricio contou que pediu pra ficar mas ele não quis. E disse que não estava nem ai. Depois ele voltou, e o Lucio começou a dançar mais próximo dele. Bem mais próximo. O Mauricio ficou olhando com ódio para a cena: Lucio dançando e passando suas mãos na cintura do Eliel, que estava de costas para ele. O rapaz quieto se enjuriou e caiu fora dali. Minha mente foi longe, dando uma viajada legal e me imaginei falando pro Mauricio:

"Quer uma vingancinha?"

Em seguida, eu o beijava diante do Eliel. Claro que isso não rolou, mesmo por que olhei pro Danilo e imaginei ele ficando triste, rsrs.

Teve um momento que começou um empurra-empura e ficamos todos bem grudados. Fiz questão de ficar de frente pro Danilo nesse momento e levei minha mão ao peito dele. Inevitavelmente, comecei a sentir os efeitos colaterais. Não sei se ele chegou a sentir. Nossos rostos ficaram muito colados, ele com seu sorrisinho tímido. Pena que a confusão passou. Depois de muito tempo no reggae, decidimos sair. Pegamos nas mãos novamente. Dessa vez, me afastei da Vanessa e fiquei por último, atrás do Danilo. Peguei no ombro dele e no braço.

Foi então que sua mão se estendeu em suas costas, pedindo a minha. Peguei na mão dele e fomos saindo pelo meio das pessoas. Começamos a mecher levemente os dedos, como se fizesse carinho. Ele então puxou minha mão para frente e colocou na barriga dele, como se eu o abraçasse. Adorei aquilo. Saímos da multidão, e então eu falei:

"Posso continuar de mãos dadas com você?..."

1 comentários:

Ratio X disse...

Mano do ceu... rsrs nao era viRAda cultural? isso foi mais a viada cultural.. parece um surubao ao ar livre de gays rsrs


mas gay eh um problema memso pra saber o que pensam rsrs amo muito tudo isso rsrs


pode escrevendo e escrevendo...