segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Primeira vez: Parte IV: Salva-vidas (Sexo a três?)





Encontrei o Leonard na República e logo que chegamos na rua que conduz ao Largo do Arouche, caminhei na direção de um grande hotel na rua. Ele se espantou quando me viu entrando no saguão e perguntando o preço da hora. Ficou do lado de fora, fingindo nem mesmo me conhecer. O atendente disse que aquele hotel era por noite e que eu tinha que procurar um que cobrasse por hora. Pedi informação sobre aonde encontrar hotéis desse tipo e segui as orientações. Mas na rua que ele me indicou, próximo à praça do Arouche, não encontramos nada. Enquanto eu procurava nervozamente um local para nos engalfinharmos, Leonard começou a contar um pouco da família "UZ" que ele encontrava às segundas no Tatuapé. Contou também de seu trabalho como promoter para viagens a sítios e comecei a perceber que ele era bem engajado no circuíto, demonstrando-se muito amigo e devoto àquela família. Todas as vezes que se negou a encontrar-me na segunda feira não eram por causa de desculpas em relação a provas do emprego como me contara, mas sim para ter seus indispensáveis encontros de segunda. Dentre as pérolas que soltou, aqui vão algumas delas:

"Eu aconselho você a nunca ir comigo de segunda feira no Tatuapé. As 'meninas' me protegem como se eu fosse o tesouro delas."

Passava um cara bonito, ele fazia questão de dizer: "Viu o olhar que ele trocou comigo? Claro que ele estava olhando para mim."

"Quando posso, levo as pessoas para transar em casa ou espero que elas tenham uma casa para fazê-lo. Pelo menos todos os meus ex-namorados tinham."

"No dia em que terminei com meu namorado... eu fiquei com 25 no shopping Tatuapé. Mas eu estava muito nervoso. E fiz na frente dele."

Vinte e cinco. Mais do que eu fiquei em toda minha vida. Sem duvida naquela caminhada, Leonard me mostrou tudo o que eu encherguei assim que o vi na balada: o boyzinho intocável e experiente da área estava ali para diversão total. E ia conseguir comigo. Caminhamos, indo e voltando naquelas ruas escuras, até que avistei outro hotel e neste também era diária de 200 reais. Comecei a ficar um pouco desesperado. Em 20 e poucos anos de minha vida, nunca cheguei tão próximo do veredito. Não podia morrer na praia.

Passamos pela rua dos barezinhos na qual ficamos da outra vez e viramos a esquina. Avistei um hotelzinho do lado de um barzinho movimentado e, preparando-se para atravessar a rua, surgiu um cara. Camiseta preta, regata, calça jeans, rostinho perfeito. Atravessou lentamente nosso caminho. Eu e Leonard quebramos o pescoço vendo-o passar vagarosamente e ele deu uma olhadinha para nós. Sutil, porém olhou, todo com pose de machinho.

"Com certeza foi para mim que ele olhou." Soltou o Leonard, enquanto atravessávamos a rua. Loirinho, boyzinho metido a besta. Ia arregaçar ele na cama só pra mostrar com quem estava lhe dando. Entrei no hotelzinho micho do outro lado enquanto ele ficou do lado de fora fingindo falar no telefone. O hotel era 40 reais, duas horas. Era ali. Saí e comuniquei meu parceiro. Ele olhou para dentro, olhou para o barzinho com os homens bebendo e disparou a frase que mudou tudo.

"Eu não tenho coragem de entrar ai."



Foi como uma porrada no estômago. Foi como um banho de água fria. Foi como avistar a praia e começar a me afogar sem nenhum salva-vidas estar ao meu alcance. Sim, eu estava morrendo, de tesão, de fúria pelas bobagens que tinha que ouvir, por ter feito papel de otário perguntando nas portas dos hotéis quanto eram as entradas, me expondo. Para terminar assim. Insisti com ele, afinal, não queria perder a viagem. "Vamos entrar, a gente passa rapidinho ali."

"Não, dentro de quatro paredes eu me solto, mas não tenho coragem de entrar com você ai."

Depois de uma meia hora ali, parados diante do local, ele disse que achava melhor que fossemos para o barzinho que ficamos da outra vez. Atravessamos a rua, e o carinha machinho que topamos quando vinhamos estava voltando. Leonard parou, assim como eu e ele passou por nós. Nos viramos, admirando sua beleza estupenda. Ele atravessou a rua, agora nos fitando explicitamente e, de costas para nós, acenou com a mão na bunda um "vem" disfarsado.

PARA, PARA TUDO!!! Aquele gato monumental estava NOS chamando para um sexo a três... Ele entrou no hotelzinho em que o Leonard fez doce para entrar. Ficamos ali, olhando, estarrecidos. Perguntei, finalmente: "Tem coragem, agora?" e ele respondeu: "... Você teria?..."

0 comentários: