domingo, 14 de fevereiro de 2010

O caso Tom: Parte III: Massacre



E então chegamos Sábado, véspera de carnaval. Decidi varar a noite na "T", considerando não ter nada melhor pra fazer. Decidi de ultima hora, tinha vip mesmo. Fui. Cheguei lá meia noite e dez, o vip era até meia noite, o cara quase não me deixou entrar!! Mas acabou que deixou, mesmo por que não tinha mais trem pra voltar!!

Beleza. Entrei na balada e no decorrer da noite, troquei uns olhares para alguns gatos, mas estava de boa, não fiz nada além disso. Ai, em um determinado momento, encontrei o Tom. Ele pegou na minha mão como sempre e partiu sem falar nada. Dali em diante, nos cruzamos a noite toda, e ele até beliscou minha barriga, rs.

Mais para o final da noite, eu estava dançando. Então vi o Tom, falando com um carinha que estava diante dele. Parei de dançar e assisti aquela cena. Os dois sorrindo juntos. Relembrei meus bons momentos com ele. Poderia ser eu lá, sorrindo com ele. Mas graças a mim mesmo, não era. Então, decidi ter uma recaída. Depois de meses sem conversa, iria tentar puxar assunto. Mas o que? Simples: Eu o vi na estação de trem!! Procurei ele, mas tava dificil encontrar, a casa nunca esteve tão lotada. Deu 5:00 da manhã. Decidi desistir da recaída, e então tropei com ele!!!

"Ei, já está indo embora?" perguntei, e ele disse que ia pagar. "Eu subo com você". Subimos, e citei que o vi na minha cidade.

"Ah, é. Eu trabalhei lá alguns dias." Matei minha curiosidade. Saímos.

Chegamos do lado de fora, ali eu já tinha certeza de que era só jogar alguma indireta e eu já o teria novamente. Mas então teve início uma cadeia de eventos inacreditável; Até agora às vezes não acredito que tenha acontecido. Do lado de fora, haviam umas sete pessoas andando em grupos aleatórios. E um outro, esse um brutamontes, gritando: "Vagabundo? Acha que sou vagabundo? Tá me tirando? Cê qué morrer?" Eu tentei ignorar os gritos, continuei falando, fui com o Tom para a rua vazia naquela hora enquanto o grandão caminhava pela calçada. Parecia estar falando com alguém. De repente, ele tirou o sapato e tacou nas costas de um cara que estava na frente dele. A vítmia então falou: "Ei, eu não te fiz nada..." O grandão passou por aquele que atacou e chegou em seu objetivo: O casal de héteros à frente. Ele deu um soco direto no rosto do rapaz e a menina começou a gritar "Covarde, a gente não fez nada pra você, sai fora!!" O segurança da boate aproximou-se e tentou conter o louco, que continuou a gritar "Acha que eu sou vagabundo? Hein, sua bixinha? Acha?" Eu e o Tom continuamos caminhando, logo à nossa frente o casal caminhava e o louco atravessou a rua, ainda gritando: "Corre, corre, seu viado, se não você vai morrer!! Corre!!" O Tom disse para irmos mais para perto do casal na tentativa de protegê-los e caminhamos mais próximos deles. Os outros grupos estavam mais afastados.
O brutamontes de cabeça raspada então atravessou a rua correndo e, diante do estacionamento da boate, acertou um outro soco no rapaz que ainda tentou voltar com a menina pouco antes. Ela começou a gritar, colocando-se na frente do namorado e o brutamontes à pegou pelo braço e jogou contra o chão. O Tom e outros começaram a gritar para que a briga parasse e o gigante deu uma gravata no rapaz. Eu, em um ato perigoso e impensado, tentei empurrar o cara para que ele soltasse a vítima e ele olhou nos meus olhos, ensandecido, dizendo: "Se tocar em mim vai morrer com tiro!!" Eu nunca briguei, minha força física é zero. Não tinha como fazer alguma diferença, mas naquele momento a coisa já estava tão crítica que ninguém estava pensando racionalmente. Em meio à gritaria dos outros por socorro, o louco arrastou o rapaz para o meio da rua. Eu gritei por socorro, tentei chamar os seguranças e um deles caminhou (lentamente) até nós. O alarme de um dos prédios disparou para tentar dispersar a confusão, sem sucesso. Um montinho juntou-se ao redor do discerebrado,tentando aplacá-lo enquanto ele gritava como louco e um dos rapazes falou para levarmos o ferido dali, que eles levariam a garota logo atrás. Eu, Tom e o desconhecido (que nem soube o nome), o qual estava com a cara inchando lentamente corremos para a estação e lá embaixo, o cara ainda apareceu gritando e correndo atrás de nós. Mas chegamos às 5:38 na estação de trem. Depois de uns dez minutos, chegou a namorada do rapaz, aos prantos. Ele teve alguns ferimentos,mas nada muito grave, enquanto a menina estava em choque. Explicaram que o cara os viu saindo da boate e que tentou mexer com ela. O rapaz então à puxou para perto dele, tentando apenas protegê-la e ele começou então a gritar daquela forma.

Sem leis de punição contra esses malditos, o mal continuará se proliferando e continuaremos sendo vítimas de uma sociedade hipócrita e violenta. O que seria deles se não estivéssemos por lá? Se não tivéssemos corrido? Podíamos ter realmente morrido ali, e seríamos só mais uma estatística nos jornais. Não diriam na televisão o nome da boate para preservá-la, provavelmente o careca drogado sairia em pune e nada seria feito. Somente números no noticiário. Nem que a balada era gay era capaz de falar, estaríamos dentre as estatísticas heterosexuais. Os motivos não seriam investigados à fundo. "Confusão de véspera de carnaval" é o que diriam. E logo, só as famílias se lembrariam dos que se perderam. A ÚNICA saída é aprender a se defender e torcer para que, quando nos defendermos, não acabemos presos no lugar dos agressores.

Bom, quanto ao Tom... na estação de trem, ele pediu que eu o adicionasse novamente no msn. Nunca imaginei que passariamos por isso juntos. Mas até agora não sei se adicioná-lo é o certo a fazer também. Vamos deixar acontecer.

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