sexta-feira, 12 de março de 2010

OBIs: Rumos que a vida toma




Esses dias me peguei lembrando de um acontecimento do passado, não gosto de ser nostáugico, mas acho que se veio à mente, deve ter alguma razão. Eu e meu amigo Will costumamos nomear como "OBI" (do original "Obsessão) aquelas pessoas que vez ou outra (ou sempre) povoam nossas mentes. A primeira "OBI" masculina da minha vida foi um cara chamado Kevin. Na época, acho que 2008, ou 07 não lembro, a Hayashi estava ainda desaparecida (vou tratar disso futuramente). Basicamente ela ficou sumida por alguns anos e voltou pra cá naquela época.

A época em que eu conheci o Kevin era uma época em que eu estava no começo de tudo. Talvez tenha sido a primeira vez que eu tenha ido sozinho na "T", sem o Will. Me sentei em um daqueles banquinhos e lembro que a pista ficou vazia por que todos se juntaram no palco para ver o show. Foi então que eu o avistei, caminhando solitário como eu. E por incrível que pareça, eu tomei uma iniciativa e estendi minha mão para ele, coisa que quase nunca faço. Ele me deu um sorrisinho tão puro...

PRIMEIRA REGRA DA OBI: Um sorrisinho, uma carinha de anjo, qualquer detalhe que passa despercebido pelo mundo para a vítima é a maior coisa do mundo.

Ele sentou perto de mim e conversamos muito (eu até então nunca conversava muito pra ficar e quando o fazia, eram papos chatos). Em meia hora soube que ele tinha 28 (com cara de 20), era separado de uma relação estável (tipo casado) e morava sozinho (eu nem sonhava em fazer sexo naquela era). Ficamos, e foi a melhor ficada da minha vida até então. Beijo bom, pegada leve e carinhosa, nos abraçávamos entre beijos, simplesmente incrível. Depois nos sentamos lá embaixo, eu no colo dele e ele percebendo que eu era bem tímido começou a me perguntar as coisas, confessei minha pouca esperiência e ele falou "Vou no seu rítmo".

SEGUNDA REGRA DA OBI: Qualquer coisa que essa pessoa diga, por mais normal e até insignificante que seja, faz seus olhos brilharem como se fosse algo do outro mundo.

Saí da "T" depois de trocar celular e me senti muito feliz diante da primeira possibilidade de namoro com um cara descente. Na segunda feira, não lembro ao certo como mas marquei com a Hayashi que acabara de voltar do fim do mundo e íamos nos encontrar em sampa. Ela estava morando na Penha. Fui naquela tarde encontrá-la na grandiosa igreja da Sé. Nosso encontro foi bem estranho, foi como jamais ter se separado, mas eu estava bem tímido. No viaduto Santa Ifigênia, ela me perguntou: Mas e ai, Rod, e as mulheres? Meu coração disparou. Afinal, a Hayashi foi inegavelmente minha primeira paixão. Sim, eu já gostei de mulheres, ou pelo menos tive tanto carinho e afeto que confundi as coisas. A questão era que nossas vidas tomaram rumos diferentes na esquina da rua da casa dela, onde ela confessou que iria embora de uma hora para a outra no fim da oitava série. Hayashi foi minha primeira "OBI", mulher no caso. Quando ela perguntou disso, falou da Pat, que na oitava série era a menina que todos achavam que eu gostava. E eu inclusive mentia gostar dela às vezes. Mas o mais estranho foi que pouco depois de mentir a ela dizendo estar à procura de uma mulher, meu celular tocou diante da São Bento. Era o Kevin. Disfarcei, tentando não expecificar gênero enquanto falava ao celular. Contei que estava com uma amiga e ele pediu para eu o encontrar ali em sampa. Então eu tomei a decisão que provavelmente mudou o rumo da minha vida. Eu disse não. Ele iria viajar a trabalho no dia seguinte e não poderíamos nos ver por um bom tempo. Ao desligar, disse a Hayashi que era a menina que eu estava enrolado, chamada "Adriana" (tá, eu era super idiota). Ela ficou empolgada e queria até falar com a "Adriana". Mas óbvio que não deixei. No confronto entre "OBIs", a Hayashi foi a vencedora.

Muito tempo passou, e em algumas vezes na "T", cheguei a ver o Kevin passeando, ele me olhava com uma cara feia, mas eu estranhamente não o reconheci no início. Só depois de muito tempo, eu cheguei a puxar assunto com ele, que estava com um amigo. Seu amigo cochichou com ele e veio até mim, perguntando meu nome. Eu saquei na hora que quem perguntava meu nome era o Kevin. Naquele momento, percebi o quanto fui tolo por ter pensado tanto em um cara que me tratou como mais um. Ainda assim prometi que da próxima vez que o encontrasse, eu o pediria em namoro ou ficaria com ele.

Então, o encontrei novamente na "T" e nunca o tinha visto tão feliz. Ele ria, se divertia, conversava e agarrava um rapaizinho (feio) e um grupo de amigos. Ele ficou com o rapaizinho. Depois disso, não voltou mais lá.

Mas a última vez que eu o vi foi na Parada Gay de 2009, a primeira que fui. Eu o vi e, instintivamente, estendi-lhe o braço, como na primeira vez.

"Oi, Kevin..."

Ele pegou na minha mão, sorriu (graciosamente) e disse:

"Oi, tudo bem?"

E então partiu. E nunca mais o vi.

Como ser humano falho que sou, mandei-lhe uma mensagem muito tempo depois disso, dizendo entre outras bobagens sinceras "Você me marcou muito, se ainda estiver sem ninguém..."

TERCEIRA REGRA DA OBI: Ela te faz falar as coisas mais sinceras e idiotas possíveis sem que você se dê conta ou se envergonhe disso. Pelo menos naquele instante. O arrependimento vem depois.

Pôxa, eu tinha que tentar. Não obtive resposta. Acabou assim, como quase todas as minhas histórias, sem terminar. Um dia ei de colocar um ponto final nas pendências. A vida não é um filme que as letras sobem no final, isso acho que é o que mais me incomoda nela. As coisas ficam pelo caminho, incompletas, esperando soluções. Esperando acontecer... Mas não acontecem talvez por incompentência. Hoje em dia sou mais inseguro do que era. Não estendo a mão a quem acho bonito. Eu tinha mais atitude. São as marcas que as "OBI"s nos deixam...

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