quarta-feira, 17 de março de 2010

Como meus amigos souberam? Parte II: Ed



A coisa foi meio automática com o Ed. Batemos o olho um no outro e percebemos. Mas tudo começou bem antes. Eu entrei na última empresa de Logística em que trabalhei e fiz algumas amizades bem aos pouquinhos. Um desses amigos chamava-se David, era conferente, um cara bem legal e completamente pirado que ficava me agarrando, me zoava e eu zoava ele. Mais velho do que eu, não demorou muito pra dizerem que tínhamos um caso às escondidas, pois ele era tipo um paizão louco. Três meses se passaram e chegou a época de minha efetivação. Eu, que estava estudando, não aguentava o rítmo frenético em que estava vivendo. Mas muita gente pediu que eu ficasse. David chegou em mim e falou:

"Poxa, cara, não vai não, a empresa é boa!!"

Mas eu estava irredutível,por mais que tudo aquilo das pessoas falarem pra eu continuar tivesse me dado um baque. Acabou que por esses motivos eu fiquei. Me lembro até hoje do dia em que cheguei no vestiário com o papel da contratação e vi sentado no banco o David com seu papel da demissão.

"É, eu tô saindo! Há tempos sonhava com isso."

A história do David na empresa era complicada. Desde muito antes de eu chegar, ele já tinha o desejo de sair. Um dos funcionários dirigia uma empilhadeira e atropelou seu pé. Tentaram manter-lhe lá, fazer acordo, não demitiram o funcionário, mas ele sempre foi irredutível: Queria deixar o lugar. Quando eu fiquei sabendo do caso do atropelamento, perguntei detalhes a ele e me contando, seus olhos se encheram de lágrimas: "Eu deixo nas mãos de Deus, doido. Não penso em vingança. Só quero sair mesmo."

Eu e o David nos despedimos no vestiário, ele estava muito feliz e deixou seu armário para um colega. Lembro até hoje que não consegui trabalhar direito naquele dia. E o pior, o cara que o atropelou continuava lá, e era um insuportável. Todo mundo ficava falando que meu marido tinha ido embora, que agora eu estava sozinho e triste. E em muito tinham razão. A última vez que vi David foi na estação de trem, eu entrei no trem e dei de cara com ele na porta. Ele estava voltando do exame demissional, a probabilidade daquele encontro era nula, mas aconteceu. Não era aquele louco da empresa, era alguém um pouco triste, sei lá. Ele tinha trabalhado três anos no local, é normal ter um impacto. Nos despedimos após uma conversa amena que nunca tínhamos tido na empresa. Eu nunca mais o vi dali em diante.

Mas a roda gira e para cada demissão há um substituto. Na segunda feira, chegou no turno da tarde um novo conferente. Ed. Lembro que fazíamos um briefing, uma mini reunião para apresentar as metas do dia. O Ed se apresentou naquele dia.

Eu era um péssimo separador de mercadorias. Meus pallets (espécie de carrinho de madeira onde colocávamos os produtos) eram difíceis de contar, e a tarefa do conferente era essa. Logo, eu travava guerras intermináveis com os conferentes. E o novato vindo da noite, Ed, seria um desses. Ele me chamou e me repreendeu pelo pallet mal feito que eu fiz. Então, com a maior má vontade do mundo, desfiz e recontei, corrigindo meu erro. É incrível como minhas amizades costumam começar com atritos. Cheguei a falar para o pessoal:

"Ô, aquele conferente novo é o maior folgado!! Chegou e já quer dar uma de bom."

Sei que não queria papo com o folgado. Em uma noite, então, na hora da janta, sentamos na mesma mesa. Não sei o que nos levou a conversar, mas o papo chegou às frutas. Estavam servindo alguma fruta na janta.

"E então, rod? Que tipo de fruta você gosta?"

Na maior inoscência, eu falei:

"Gosto de banana..."

Ele começou a sorrir maliciosamente pra mim, e eu que desde a apresentação dele sabia que ele era gay (GAYDAR, o radar gay) saquei a malícia, ficando muito sem jeito. Ele se aprofundou no papo das frutas e começou a fazer perguntas mais ousadas. Em momento nenhum falei que era gay, mas aquelas entrelinhas foram muito cômicas.

Logo, Ed me chamou para sair.

"Sair? pra que?"

"Pra ver um filme, oras..."

"Mas..."

"O que? Você não vê filmes?"

"Sim, mas depende do que você quer fazer..."

"Ver o filme, oras!!"

Ficamos nesse jogo por um tempo,até que ele ou eu acabamos por dizer a preferência. A partir de então, decidimos pela amizade e não demorou muito pra ele começar a namorar. Ele é fã de orientais, e conseguiu realizar-se namorando um. Seu namoro nos tornou muito mais amigos, eu vivia dando conselhos a ele, não gostava do japa, e o Ed vivia desconfiando que ele o traía, justificando assim suas traições. E eu sempre o aconselhando de que uma relação assim não era saudável. Compartilhamos lágrimas, brigas e reconciliamentos, risadas e angústias. Ambos temos personaidades tão fortes que se enfrentam e digladiam ineviavelmente, mas nos entendemos bem também!Muitos fatos de sua vida ele só compartilhou comigo, tal como eu com ele.

Atualmente, mesmo um ano depois de deixar a empresa, eu e o Ed continuamos amigos a todo vapor,é a única amizade que mantenho de lá, infelizmente. Ele agora está numa relação como outro oriental, novamente realizado, e fico na torcida pra que dê certo, até alianças trocaram. É isso ai, Ed, continuo na torcida aêw!!

3 comentários:

Ratio X disse...

Hey Rod pede ao Ed dicas de como conseguir um oriental, pq eu ainda nao tive um oriental na minha lista de namoros rsrs se ele usar oculos rsrs eu caso rsrs

Abração gostei do ED

James disse...

hahahah, não sei como ele faz.... mas é bem sortudo por conseguir o que quer. Na verdade o Ed me ensinou muito sobre ser um gay melhor. Meu "outro amigo" me ensinou a sair do armário mas o Ed me ensinou a me libertar. Vou dizer a ele que ele tem fãs, rsrs, abraxx

Ratio X disse...

Hei vc sumiu do msn rsrs tenho que te contar os acontecimentos rsrs... amei a Ju tmb e a Hayashi... mas diz pro Ed que preciso de aulas, se ele puder me ensinar ficarei muito grato rsrs ah eu sou o antigo gods