quinta-feira, 18 de março de 2010

Como meus amigos souberam? Parte III: Ju



A Ju foi a última a descobrir, tive certa dificuldade pra contar pra ela por que ela nunca havia dado um sinal de opinião em relação à homossexualidade, e devido á minha insegurança, não sabia como fazê-lo.

Conheci a Ju no segundo ano do colegial. Eu e Paul, um amigo que desconfio também ser gay, estávamos querendo fazer novas amizades. No intervalo, o Paul falou com uma garota da sala e nos levou para conversar.

Paul: "Oi, Ju, esses é o Rod. O irmão dele desenha, você que gosta de mangá..."

Ju: "é?"

Rod: "É sim..."

Ju: "Ah, legal..."

Paul: ...

Rod: ...

Ju: "Ah, legal... então, depois a gente conversa!"

Tá, essa primeira conversa foi horrivel. Eu ficava sem jeito com a Ju. Ainda assim, tinha decidido esquecer a Hayashi e me dedicar a outra garota. Então escolhi a Ju. Um dia, sentei perto dela, na sua frente, no canto contrário da sala em que sentava, e puxei assunto sobre "Senhor dos Anéis", ela era fã. O 1° filme iria lançar naquele ano. Ai pronto, o assunto fluiu que fluiu. Mas eu não cabia na fila dela. Ainda assim,na aula seguinte ela falou: "Olha, Rod, tem ugar aqui!!" Nunca fiquei tão feliz. Sentávamos eu na frente e a Ju atrás. Mas vivia dando briga na fila por que eu estando lá apertava todo mundo no fundo. Ainda assim eu resisti à pressão. A Ju logo apaixonou-se e eu meio que desencanei. Me tornei um ouvinte de seus problemas, de seus causos, de suas desilusões em por que não,de seus amores. Nem deu tempo de me apaixonar. Mas nos tornamos amigos, consegui superar a japonesa. Além disso, ela tinha uma espécie de lado obscuro que eu não podia acessar e isso me frustrava. Às vezes ela era muito alegre e amiga, outras vezes sentava num canto e ficava calada, de mal com a vida. Até eu perceber que isso era coisa dela e aprender a respeitar, foi um árduo caminho.

Acabando o colegial, trocamos endereço e passamos a enviar cartas. Passou um tempo e as cartas sessaram. No fundo eu sentia que aconteceria, sabe quando você sente?! Estranho. Desisti, então.

Acho que dois anos se passaram. Eu comecei a fazer curso de 3d na cidade e em uma manhã, indo pegar o trem, encontrei por acaso aquela grandiosa pessoa (ainda que seja baixinha). Acaso? Destino? Tire suas conclusões. Mas eu estava errado. Nunca imaginei que aquela amizade conturbada que tivemos, cheia de brigas e desestablilidades iria continuar depois do colegial. O fato é que depois desse dia, nunca mais nos separamos, mesmo ela no Piaui e eu aqui.

Antes dela partir, eu tinha que contar a ela sobre eu ser gay. Saíamos juntos mas faltava algo. E eu, falando em metáforas, dizia ser uma caixa de pandora, dizia ter outro eu dentro de mim que ninguém podia conhecer. Ela não entendia nada e as vezes se sentia mal por mim. Mas eu tinha o maior medo de abrir o jogo. Então, em uma conversa pelo google talk, eu revelei a ela.

"É? E dai?"

Nossa, foi a reação mais inesperada que eu já ouvi. Ela contou que isso não mudava em nada nossa amizade. Pessoalmente, falamos pouco sobre o assunto. Quando a coisa começou a esquentar, ela partiu ao Piaui pra se formar em Biologia. Conversamos por telefone atualmente, mas nossa amizade está mais forte do que foi no passado!! Inclusive ela me chamou pra ser padrinho do seu casamento, já avisei que sou pão duro, ela quis mesmo assim. Valeu por tudo, Ju, ti amo, pequena.
PS: Hoje, dia dessa publicação, também é aniversário dela, puxa, que coicidência!! Parabénnnsss pra Juuuu

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