domingo, 13 de março de 2011

Amor eterno e incondicional...

"Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo."

O Pequeno Principe



Hoje vou falar sobre o amor. O amor em sua forma mais incondicional existente. O amor mais puro de todo o universo. Hoje vou falar de um ser que mudou o rumo da minha vida nos últimos onze anos, mais especificamente nos quatro ou cinco últimos. Seu nome era Xuxa, uma cachorra que viveu junto conosco por todo esse tempo, nos trazendo alegrias, preocupações e transformando nossas vidas de forma inimaginável.





Xuxa, que nunca soubemos de qual raça era (talvez uma mistura de Yorkshire com vira-lata), dessas que não crescem muito, foi sempre pequenininha, porém altiva e forte. Chamávamos de cachorra metida, pois passava com o rabão empinado e parecia ser chefe dos cachorros do quintal, sendo a mais velha da trupe. Cachorros vieram e cachorros foram, mas ela perdurou. Como moramos em um quintal familiar, inicielmente ela pertencia às nossas primas. Mas um fato mudou tudo alguns anos atrás.

Xuxa engravidou. Como todos sabem, cachorras quando engravidam vão ter os filhotes em locais escondidos. Ela se escondeu perto de minha casa, dentro de uns entulhos, e minha mãe, vendo aquilo, ajudou acomodando-a e a seus filhotes quando esses nasceram.

Mais ou menos um mês depois, deu uma enchente aqui no quintal, e, desesperada, a Xuxa subiu em um local mais alto, uivando pra que alguém salvasse seus filhotes. Minha mãe foi quem os salvou e colocou junto dela. Após desmamarem, as filhotes foram dadas, mas daquele salvamento nasceu o maior amor que eu já vi. Xuxa abandonou seus donos antigos, ficando na nossa porta, às vezes entrando em casa. Criamos um cantinho pra ela com uma almofada e ela passou a viver aqui. Sempre que eu ia no banheiro, passava por ela e ela me acompanhava até a porta, esperando que eu saísse. Quando saía, à enchia de carinho e ela, toda manhosa, ficava choramingando. Pode-se ter certeza que nenhum bicho recebeu mais carinho nesse mundo do que ela.

Quando minha mãe saía pra algum lugar, a Xuxa ficava agitada, apreensiva e estressada, correndo pelos cantos farejando. O sossego só vinha quando minha mãe chegava. Ai era só festa. Ela sempre pulava e agarrava com suas patas nossas cochas, abaixando sua cabeça enquanto fazíamos carinho, choramingando como um filhote carente.

Decidimos não arriscar outra gravidêz e mandamos castrar a Xuxa. No dia em que a mulher veio buscá-la para castrar e a colocou na jaulinha, ela ficou nos olhando com aqueles olhões e nos bateu a primeira preocupação. Não aguentava ver aqueles olhos gigantes me encarando sem poder fazer nada. Mas ela voltou bem, e a médica disse que durante a castração, encontrou um princípio de câncer nela, mas conseguiu retirar antes que fosse um perigo. Se não à tivéssemos castrado, provavelmente teria durado mais alguns meses. Sua vida foi prolongada por anos.

Passei a me preocupar muito com a Xuxa quando soube que por duas vezes o carro tinha parado em cima dela, e ao invés de se esquivar, ela se encolhia no meio da rua. Sempre que um carro derrapava na rua ou brecava, eu corria pra ver se ela estava bem. Estabeleci uma relação quase de pai com ela, cuidando e dando todo o amor possível.

No fim do ano passado a orelha dela inchou e tivémos que levar ao veterinário pra fazer uma punsão (enfiar uma agulha pra tirar o sangue). Foi um dos momentos mais horríveis da minha vida ter que segurá-la pra realizar o procedimento sem anestesia devido á idade dela. Ela ficou com um cone na cabeça, desesperada pra poder coçar a orelha e no primeiro dia, desapareceu sem deixar pistas. Desesperado, fui atrás dela, correndo pelo bairro sem saber pra onde ir. Sentei no degrau de um bar fechado e pedi que ela estivesse bem, desesperado. Meu maior medo era que ela sumisse. Quando voltei pra casa, descobri que ela se refugiou debaixo da cama da sua antiga dona. Nunca fiquei tão aliviado.

No natal de 2010, sem nada pra fazer, eu passei com ela, que latia conta as bombas enquanto eu à abraçava, desejando um novo ano ótimo a ela. Compartilhamos muitos momentos juntos, repletos de felicidade. Ela ia de manhã fazer caminhada com minha mãe, se divertindo no parque aqui do lado de casa. Estava presente em todas as reuniões de família, era super lambida com as visitas, sempre esperando carinho.

Então, há dois meses mais ou menos, percebemos um inchaço em uma de suas mamas. Não achamos ser nada grave mas o inchaço aumentou e levamos no veterinário. A doutora diagnosticou como câncer (havia voltado) e disse que viajaria na próxima semana e poderia fazer a operação na semana seguinte. Esperamos, cometendo o maior erro de nossas vidas. Xuxa foi levada pra operação na semana seguinte e ficamos apreensivos no dia. Recebi a ligação e a doutora pediu pra eu ir com minha mãe até lá. Logo que chegamos, mesmo sem dizer uma palavra, ela começou a latir desesperada, presa numa jaula, provavelmente só sentiu nosso cheiro. A doutora disse que o câncer era irreversível e que a única opção era esperar. Quando o momento chegasse, teríamos que levá-la ao sacrifício. Com o pelo raspado bem curtinho (ela sempre foi peluda), Xuxa voltou pra casa, comendo na sua vasilhinha de comida. Vendo aquela cena, me dei conta da situação e comecei a chorar. Nos próximos dias, demos todo o amor possível a ela, já que era a única coisa que podíamos fazer. Ela foi forte o tempo todo. Colocamos uma almofada bem macia no quarto que era da minha irmã e ela passou a dormir lá, mas antes de dormir, ficava sempre na sala enquanto estávamos aqui, do lado da perna da minha mãe, fazendo parte de todos os momentos possíveis. Quando não queria comer, dávamos a ração na boca dela, que fazia um esforço. Um dia cheguei do serviço e me sentei do lado dela, colocando sua cabeça no meu colo. Cada vez que eu parava de fazer carinho, ela levantava a pata querendo mais. Dei comida na boca dela e fiquei lá o maior tempão. Sua respiração ficou bem difícil nos últimos dias, pois o câncer espalhara-se por todos os seus órgãos. Ontem, antes de dormir, passei no quarto dela e, como há muito tempo não fazia, ela abanou o rabo pra mim, que passei a mão nela antes de ir, sem nem imaginar ser uma despedida.

Hoje minha mãe me acordou dizendo que ela tinha falecido e fui me despedir. Prefiro pensar que ela morreu dormindo. Fomos enterrá-la perto da estrada e foi impossível conter as lágrimas e se lembrar dos bons momentos. Xuxa não morreu, apenas partiu, e está viva em nossos corações. Tenho certeza que há um local reservado pra todas essas almas que mudam nossas vidas com seu amor incondicional e sua alegria. Vou sempre me lembrar desse amor, por que tirando o familiar e de amizades mais próximas, foi o único que senti em plenitude e sinceridade. Só queria ter certeza de que um dia vou reencontrá-la e que um dia vou poder novamente lhe fazer carinho em algum lugar. Nessas horas a gente perde a fé, perde tudo. De que valem as conquistas se a gente perde quem ama? Espero que ela saiba que foi amada por nós, e que esteja olhando por nós lá de cima.

Boa viagem, Xuxa, e obrigado por nos proporcionar os melhores anos de nossas vidas.

2 comentários:

Junior disse...

Lamento muito Rud,sei como é,pois amo meus gatos(19)vivem com minha avô,pois mora numa chacara,aqui em casa tenho somente um o"haj",mas quando resolve brigar,paro tudo p ve lo e enxotar os intrusos,já perdi muitos gatos,pois quase ninguém gosta deles,mas envenena los é muito mal!!!E eu sou mais apegado a eles do que a qualquer outro,meu maridão fica até bravo,dizendo q dou mais atenção ao gato do que a ele,é péssimo perder um companheiro,mas tudo tem seu tempo na Terra.Bjos e melhoras

James disse...

Valeu pelos votos e pelo relato, Yossef......