quinta-feira, 3 de março de 2011

Aborto expontâneo: Apresentando: O Webdesigner



"É terrível morrer de sede no mar. Porque haveis então de salgar a vossa verdade de modo a que não mate já a sede?"

Essa frase genial escrita por Nietzsche, meu filósofo maluco predileto, tem sido a moral de minha vida nos últimos tempos. Principalmente a primeira parte. Como é possível tanto gay no mundo, como um mar, e nem unzinho se interessar por mim? Como pode um mundo projetado por designers, artistas e estagiários e nenhuma vaga sobrar pra mim? Como pode tanta injustiça? Esse poderia ser um post sobre as injustiças do mundo e sobre as frustrações pessoais de alguém que acordou para o fato de ser um zero à esquerda; MAS NÃO É.




Esse é um post sobre justiça. Um post da entrega da vida a quem está morimbundo, de ar ao afogado. Esse post é sobre redenção e justiça.

Como eu disse anteriormente, para trabalhar em teleatendimento, eu tive que me desligar da racionalidade, vivendo sem pensar, sem refletir. E estava funcionando. Porém, no dia em que encontrei meu irmão na estação de trem, contei de minha situação atual. No dia seguinte, recebi um e-mail dele pedindo que eu enviasse um e-mail à sua amiga que trabalhava na área, para que ela tentasse me ajudar.  Mandei o currículo. Afinal, não custava nada, apesar da falta de fé na área. Continuei trabalhando. Comecei a atender, e até pensei que levava jeito pra coisa, sem me estressar com os clientes e rindo à toa de muitas situações. Um dia, cheguei e caminhei à minha PA (mesa de atendimento), passei pelo corredor e meus olhos encararam um rapaz bem interessante. Ele olhou para mim. Faíscas saíram dos olhares. Me encarando encará-lo, ele me mostrou um jóia. Correspondi simpaticamente e fui trabalhar otimista de que várias oportunidades surgiriam ali.

Foi então que, na segunda feira, estava em meio a um atendimento e meu telefone tocou. Pedi que esperasse e atendi quase embaixo da mesa (proibido entrar celulares na operação). Era um agendamento de entrevista. Em designer. Fiquei otimista, fui pra casa e vi o e-mail confirmando no dia seguinte para estar lá às nove da manhã. Eu teria que faltar na empresa. Se eu passasse, não precisaria me preocupar com a falta, mas e se eu não passasse? Que explicação daria? Enfim, decidi ir, inventaria uma intoxicação alimentar tratada em casa.

Fui à entrevista em uma cidade a meia hora da minha, em uma empresa visinha à que trabalhei de logística pela primeira vez, para a qual tinha mandado meu currículo de designer. Achei estranho, pois não sabia como meu currículo tinha ido parar na empresa visinha e não na que eu enviei. Na entrada, conheci uma moça bem legal, formada em jornalismo e concorrente à minha vaga, aspirante à área de criação tanto quanto eu. Conversamos bastante na recepção, subindo com uma turma grande de pessoas para as quais foi explicado mais sobre a empresa. Depois, fomos fazer uma prova. Específica na área. Português, matemática e produção. Bem difícil. Descemos um por um para entrevistas individuais. De designer, eu tinha apenas três acompanhantes, incluindo a jornalista. Uma outra entrevistadora desceu, e me cumprimentou. Então, diante da quase certeza de que seria somente mais uma tentativa frustrada de entrar para a área... DEUS EX MACHINA...

"Você é o irmão do RRR, não é?"

Era a amiga do meu irmão. ERA ELA. Fizemos uma entrevista leve e tranquila. Me explicou sobre a vaga, sobre não precisar de experiência, sobre a perfeição que seria. No final, perguntou: "Pronto pra começar?" e eu confirmei.

No fim da tarde, tive a confirmação. Eu estava contratado. Foi uma festa só. Minha mãe ficou feliz, o que é raro (ela disse que teleatendimento não era pra mim). Pensei na empresa em que estava, no que diria no dia seguinte pra sair, em tudo que aconteceu nos últimos tempos. É tão bom sentir-se vivo, sentir as mudanças na vida acontecendo, sacudir a poeira da comodidade. Enfim, é bom demais ter um post positivo pra postar aqui, pra variar.

E não acabou por ai. Fui à empresa no dia seguinte pra me desligar daempresa e no caminho, cruzei com uma colega do trampo, contando que estava indo pra cair fora. Fomos conversando até que de repente, cruzei os olhos com o Tulio (o rapaz que eu acabei gostando e acabou não respondendo meus recados). Minha colega foi embora e eu fiquei conversando com ele (quase uma hora e meia). Ele explicou que o único contato que tinha comigo era pela net e que como eu estava sem net, ficava difícil. Também disse que acabou limpando meu número sem querer (tá, ninguém cai nessa) e fiquei sabendo um pouco mais dele e vice-versa. Ele mora em São Paulo com a irmã mas  a família mora em Santos, o que me deixou um pouco receoso, pois ele vive indo pra lá. Mas receoso por que se nada temos? Marcamos de ir num cinema (quer que eu pague, já que agora tenho um bom emprego), e vamos combinar. Em um momento, chegamos ao assunto de eu às vezes ser iludido pelas pessoas, e ele então disse:

"Você tem que tomar cuidado, Rud. As pessoas são más por natureza, e por natureza maior ainda os homens são safados. Não digo isso na questão amorosa ou de relacionamento, mas isso inclui seus amigos também. Tome sempre cuidado para que não te machuquem."

Gostei do que ele disse, pois coube bem na minha ilusão de curtí-lo no primeiro encontro e de ficar abalado com seu sumisso. Não posso me apegar tão fácil às pessoas assim, para meu próprio bem. Foi um papo ótimo.

Chegando na empresa, falei com minha supervisora. Vi o rapaz que me deu jóia há uns dias atrás e ele não me viu. Virei a cabeça e vi minha Mini-obi lá no fundão, atendendo. Olhei para a operação e vi o caos instaurado. Me senti então aliviado por estar deixando o local, que apesar de eu ter gostado, não era pra mim no fim das contas. Minha supervisora perguntou o que houve e eu comuniquei que estava deixando a empresa por ter conseguido emprego na minha área. Ela perguntou qual área e eu disse que era designer. Daquele dia em diante, eu iria ser instruído por um novo supervisor, e ela pediu que ele fizesse meu desligamento. Ele me levou para o segundo andar, para um local mais tranquilo.

Chegando lá, expliquei os motivos do desligamento e ele começou com um discurso.

"O que tem lá na outra empresa que não temos aqui? Olha, aqui também temos webdesigner. Eu sempre falo às pessoas que nada é como a gente planeja, que nem sempre podemos dar um passo maior do que nossas pernas e que às vezes surge uma oportunidade e que não estamos prontos pra ela."

Eu então revidei:

"Ok, mas como você vai saber se está pronto ou não se nunca tentar? Eu prometi a mim mesmo que iria meter as caras esse ano."

"Ok, isso é verdade, mas as vezes acabamos nos precipitando. As vezes temos que ter paciência, principalmente nós que não nascemos com a bunda virada pra lua. Eu por exemplo, sou formado em TI, e estou aqui na empresa como supervisor sabendo que a bagagem que eu adquiri aqui irá me levar longe quando eu sair daqui. Um amigo meu me ofereceu uma vaga uma vez para que eu trabalhasse na Microsoft... e eu recusei, pois sabia que eu não tinha repertório ou bagagem pra trabalhar lá."

Fiquei mudo. E um pouco triste. Mas, mais do que tudo, inconformado. Que raios de pensamentos imbecís eram os daquele cara? RECUSAR MICROSOFT? Eu iria sem repertório, sem bagagem, com a cara e a coragem!!!!!!!!! O rapaz do jóia veio para o lanche e fiquei de olho nele, com a esperança de poder comunicar minha saída e quem sabe não conseguir seu telefone... Mas ele nem me viu.

Enfim, ele me convenceu de que seria melhor me desligar apenas quando tivesse certeza de que os exames médicos seriam positivos e tal. Achei legal da parte dele se importar comigo (ok, ele só se importa com mais um funcionário em sua equipe e em não ter o trabalho de me desligar....). Peguei minha carteira de trabalho e parti. De tarde, teria o exame médico e entrega de documentos. Correu tudo bem, não encontrei minha colega jornalista, será que ela passou? 

A carga horária do novo emprego é um pouco pesada (considerando que no atendimento eram 6 horas), e já me avisaram que não teremos feriado (trampar no carnavalzão) mas o importante é ter webdesigner na carteira e começar a trilhar no caminho certo. Sabia que 2011 não me decepcionaria. Agradeço ao apoio de todo mundo que disse pra eu acreditar e esperar. Segui a dica e aconteceu. A sede foi, enfim, saciada e uma nova fase começa. Essa foi somente a primeira batalha.


4 comentários:

Junior disse...

Parabens,eu falei p vc ter paciencia e esperar,pois nos colhemos o q plantamos,estou muito feliz por vc e contente com sua posiçao frente aos problemas.Um mega bjo p vc Rud

James disse...

Sim, graças a força de vcs fui capaz de esperar, agradecido, rsrs. Valew mesmo, abrax

Stênio disse...

cara, eu estou lendo você desde lá debaixo, e eu estou tão feliz por você, mas tanto, quase como se isso estivesse acontecendo comigo... Parabéns amigo... Esse ano será um ano de mudanças e você vai senti-las na pele!
É ISSO AÍ!

James disse...

Rsrsrs, valew pelo apoio, rapaz, realmente esse será um ano bom a todos nós, assim espero, muito sucesso a você também em suas mudanças.