sábado, 10 de abril de 2010

O caso Tom: Parte Final: Que o destino se encarregue...



Bom, finalmente o caso Tom chega a um fim. Um brilhante desfecho, diga-se de passagem.

Há alguns fins de semana atrás recebi a visita de um de meus quatro amigos, a quem chamarei de fulano, já que ele não quer seu nome divulgado aqui. Marcamos de sair, e depois de uns contratempos, estavamos vips na "T", a clássica. Lá, encontramos o ex-namorado do Ed, que eu sabia que pintaria por lá. Conversamos um pouco e fulano disse que ele era bonito e perguntou:

"Por que você não pega?"

Não. Era impossível. No passado, eu, Ed e Miller tivemos muitos contratempos. Comecei a me comunicar com Miller pelo gmail e o Ed, apesar de ter dito que concordava, meio que discutiu comigo por causa disso. E não, nunca havia rolado esse tipo de química entre mim e o Miller. A mais pura amizade. Acho que namorado de amigo deve ser encarado como mulher, mesmo após o término. Jamais o faria.

Curtimos a noite. O fulano não estava no pique, não queria se envolver com ninguém por causa de um rolinho que estava tendo e eu fui à luta. Dancei algumas horas, estava mesmo a fim de curtir a balada e só ficar sem compromisso nem trocar telefones. Alcancei o objetivo algumas vezes. Fiquei com quem quis ficar.

Somente um não foi alcançado.

Não sei seu nome. Não sei de onde ele é. Sei que usa boné, é um pouco mais baixo do que eu e vive na "T",conversando com caras mais velhos. Sempre nos encaramos nos cantos. Às vezes, traço metas, objetivos a serem cumpridos na minha vida. Este era um deles. Pegar aquele carinha e ver se algo mais rolava. Eu e fulano conversávamos nos banquinhos e de repente, ele surgiu. E meio que me olhando, falou:

"Oi..."

Eu respondi bem baixinho, mas então ele beijou no rosto o cara do meu lado. O "oi" não tinha sido para mim, que vergonha.

Aquela noite acabou sem alcançar a meta, apesar de todas as outras terem sido alcançadas. Sou meio desencanado em determinadas questões. Às vezes, quando estou com vontade de ficar e dou sorte que me retribuam, eu o faço, mas esses surtos são raros.

No dia seguinte, sábado, fui ao teatro com uma velha amiga que nunca citei por aqui. Não sei por que nunca falei dela. Acho que nunca surgiu oportunidade. Fomos eu, o namorado dela e o irmão dela em uma peça chamada NuConcreto, uma crítica à sociedade moderna e à globalização que vive afetando nossas vidas. Adorei a peça, adorei o sábado chuvoso, apesar de algumas insinuações com relação à homossexualidade feitas por pessoas de fora do universo que nem sonham que eu faço parte de tal contexto. Bette é minha colega (não considero amigos pessoas a quem não contei sobre mim), e por muito tempo quis contar sobre mim mas que por não sentir confiança nela, mesmo por que descobri algumas coisas que nunca sonhei a seu respeito apenas pelo seu irmão (isso por que ela se diz amiga), acabei jamais contando. Seu irmão começou a me perguntar o motivo de frases que em uma época coloquei no msn (as quais aparentavam que eu estava gostando de alguém, não lembro na época de quem foi), mas desconversei. Sei lá, não minto mais em relação ao assunto, se me pressionarem demais acabo contando, mas há um motivo importante pelo qual ninguém dessa família sabe de mim: O irmão de Bette é um dos melhores amigos do meu irmão, que nem sonha de mim. E que fique assim. Uma vez Ed viu o namorado de Bette e jurou de pés juntos que ele é gay. Mas isso é impossível... será?! Tenho uns indícios, mas nada concreto. Posso adiantar que ele é uma pessoa estranha.




Enfim, a peça foi genial, mas me senti meio mal por mentir para todos, por não poder ser eu mesmo. Não quero mais interpretar papéis nem ter que mentir para as pessoas sobre meus gostos. Por isso geralmente me afasto. E outra: São pessoas que, provavelmente quando souberem de mim, se afastarão automaticamente. Ao menos assim eu suspeito.

Encontrei o Tom, que eu readicionei no msn, online, e citei nossos encontros anteriores na "T" e na porta da "F", outra baladinha como "obras do destino". Pra que...

"Não, R, na boa, destino? Não vai querer falar de destino justo comigo, né?"

O mesmo niilista frio de antes, naquele momento me senti mal.

No domingo desse fim de semana, há quase um mês atrás, voltei à "T". Dançando na pista, avistei o Tom e nem fui até ele, desci para a pista debaixo. Encontrei novamente o garoto do boné, minha meta. Comecei a dançar bastante abaixo do ventilador, com o vento batendo em mim naquele calor insuportável. Tom desceu e começou a dançar naquela pista debaixo. Ele me viu. Veio até mim, me cumprimentou e deu a punhalada final:

"É o destino, né?"

É, com certeza era o destino. Ele continuou dançando longe de mim e então, de repente, o destino começou a movimentar suas peças.

O garoto de boné.

Tom.

Dançando.

Na mesma pista.

O garoto de boné então falou algo em seu ouvido.

Mais cochichos.

Não demorou muito, e o destino cruel se revelou.

Tom agarrou o garoto pelos braços e o levou lá para fora. Eu os acompanhei com os olhos. Eles começaram a se beijar. Estavam curtindo a noite. Minha noite acabou ali, óbvio. Meu passado obscuro e meu futuro não realizado se agarrando loucamente... Nunca tive uma noite tão chata naquele lugar. Mas o destino se encarregou de concluir o caso Tom de uma vez por todas. Acabou mesmo! Bola pra frente.

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