segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Saudoso Fim dos Tempos


"Há um fluxo nas coisas dos homens que ao seguir a correnteza, leva fortuna, mas omitidos a viagem de suas vidas ficam envolvidas em sobras e desgraças, esse mar imenso que navegamos e devemos seguir a corrente, ganhando ou perdendo o desafio diante de nós." (Ricardo Soares Barros)

Faz quase um ano que não publico por aqui, provavelmente quem acompanhava minha jornada abandonou esse navio... peço desculpas a todos por não ter dado satisfações ou mesmo um final decente ao Nosso Lugar ao Sol. E tanta coisa aconteceu, ainda que pareça que nada aconteceu. Minha vida parece estacionada, enquanto a necessidade de mudar grita dentro de mim. Minhas dúvidas existenciais perduram, e não, não encontrei, nem passei perto do meu Lugar ao Sol nesse mundo.


Com a iminência de mais um fim de mundo prestes a chegar, dessa vez predito pelos maias, em quem confio mais do que em Nostradamus, é impossível não se deixar levar pelo devaneio da possibilidade do fim. Ah, o fim, o que é pior em se pensar sobre o fim, é que ele me faz sentir confortável depois de tudo. Sempre tive medo do fim, mas de como será, e não de seu acontecimento em si. E no 
período em que estou vivendo, de total inércia, não seria dispensável o fim. Pensar nele me conforta. Não quero ser pessimista, estou apenas colocando as cartas na mesa, e não há nada que me prenda a essa vida. Não há paixão avassaladora, nem força intrínseca que me faça querer viver, sobreviver e lutar. Tenho um projeto pessoal que dura anos e que as vezes penso que se ele não der certo não terei nada. E dependo da sorte pra que ele dê certo, de uma grande conspiração universal acontecendo. Será que essa muleta pode me sustentar por muito tempo? E o pior, não quero depender apenas de um objetivo, pois se ele se cumprir, o que me restará?


O amor ainda perdura em seu enigma, quase inexplicável... quase como um unicórnio, fugindo de mim, nunca se manifesta. Ah, amor, onde está você? Vivi um ano seco, frio, sem carinho, me entreguei a caprichos da vida em busca de realizar prazeres ocultos, e não 
passei vontade em nenhum deles. Experimentei, e voltei ao princípio. Sim, voltei pra cá, onde um dia recebi conforto de pessoas que sempre gostei de dialogar. Estou perdido, em um deserto onde não há sol. Procurei o amor, sem sucesso, e meu coração continua quebrado e sem remendo. Não esqueço antigas paixões, e reencontrei algumas. E mais decepções surgiram, como de praxe. Eu não entendo como uma pessoa pode continuar no mesmo ciclo por tanto tempo. Avaliando esse um ano que estive fora... são os mesmos problemas, a mesma alma doente e triste que lhes escreve. Por que não consigo mudar? Por que não posso experimentar o amor, em sua forma suprema? O amor é pra mim um grande mistério, como Deus, que não entendo, e nem ouso querer entender.


Um ano se passou, e nunca a necessidade de mudar gritou tanto dentro de mim. A vida parece toda errada. Mas pensando no copo "meio cheio", surge dessa necessidade de mudança interior algo bom. O que seria de nossas vidas, se tudo permanecesse? O que seria de nós, se não houvesse mudança? Temos tendencia a detestar que as coisas mudem. Mas do jeito que estou, não posso continuar. A jornada continua, o objetivo é encontrar meu lugar, ainda que ele mude nos tempos que virão. Será a profecia maia o fim, ou apenas uma grande mudança no mundo e na vida de seus residentes, como uma necessidade do próprio curso do mundo em se renovar, assim como todos nós? Que venha o fim do mundo, porque não tenho nada a perder.... estou pronto.

5 comentários:

FOXX disse...

eu entendo perfeitamente seu sentimento de não ter nada a perder, entendo perfeitamente, mas sou obrigado a fazer uma pergunta: pq? vc não explicou isso no texto, pq sua vida está uma inércia? existe alguma coisa que vc pudesse fazer para muda-la? por ex, vc ainda é o menino q vc descreve no seu perfil? no armário e tal? se seu problema é falta de algo pelo q lutar q tal sair do armário e se dedicar a militância? ou, saindo do armário, fica mto mais fácil de namorar, e talvez isso ajude a te fazer encontrar uma nova paixão. eu estou apenas lançando ideias porque vc não explicou o que é estar inerte pra vc... só tentando ajudar.

James disse...

Olá, Foxx

Minha inércia se trata dos mesmos objetivos, as mesmas razões, a mesma busca por um cara bacana, que me tire do chão, parece que os problemas não mudam, tanto que já me enjoei deles. E também a questão de estar em um armário. Não sinto a menor vontade de sair dele, não acredito ter força pra lutar por essa causa, nem muito menos ter que dar explicações sobre o que eu sou pra ninguém. Estou cansado de héteros acharem que o mundo é deles. Convivo com a homofobia todos os dias, meus colegas de trabalho, a quem não faço nem questão de chamar de algo além disso, manifestam abertamente seu desprezo por nós, e até nojo. Não sinto a menor vontade de me expor a pessoas desse nível, não vale a pena. Quanto a contar a meus pais, confesso que vivo em um estado de comodismo, sei que tenho que tomar essa atitude, mas não estou pronto nunca. Enfim, nada me motiva a lutar por algo, nada me motiva a nada. Por isso, a inércia. E não me interesso pela militância gay, alias, os gays em geral não me fascinam como antes. Talvez o meio esteja tão corrompido e eu tenha quebrado tanto a cara, que perdi a vontade por tudo. Talvez se eu encontrar alguém que destrua todos esses conceitos que nasceram em mim, eu mude. Minha forma de pensar foi extremamente influenciada pelo mundo ao meu redor. Simplesmente perdi o encanto. Espero ter explicado, voltarei com esse assunto nos próximos posts, alias, tentarei manter a regularidade de pelo menos um post por semana, hehe. abraço!!

Mister thinker disse...

Disse tudo que queria ouvir. Precisamos de mudanças... O amor se tornou podre... a vida, desesperadamente desvalorizada.... Belo post

Unknown disse...

Isso é tão... estranho. Desde que li pela primeira vez um post deste blog não pude deixar de correr para ler todos desde o inicio. Acabei me identificando muito com você e passei a esperar ansiosamente pelos seus posts, tanto que até hoje eu visito o blog pelo menos uma vez ao mês. Eu sempre torci muito por você e me entristece saber que durante todo este tempo você não conseguiu por as mãos no que tanto queria.

Acredito que mudanças são realmente importantes e necessárias, mas é a própria pessoa que fica responsável por isso. Tem que ficar atento e agarrar a oportunidade mais próxima.

E tenho que discordar do Mister thinker. Não creio que o amor se tornou podre, apenas raro(ou sempre foi?). Ao meu ver o amor é aquele fogo primitivo que surge do nada e que te aquece e conforta quando bem manejado, mas deve-se estar preparado para quando fugir do controle pular fora para não se machucar.

Enfim. Seja bem vindo de volta!

~chimerawithin~

James disse...

Mister Thinker

Que bom encontrá-lo por aqui. Acho que estamos atravessando caminhos obscuros em nossas vidas, espero que possamos encontrar algo pra nos reanimar... Obrigado por continuar por aqui

Chimerawithin

Também fico feliz que não tenha me abandonado, hehe, valew mesmo. Não entendi, você começou seu comentário com "isso é tão estranho", mas o que exatamente é estranho? Ouvi outro dia em uma palestra uma frase bem intrigante, mas não me lembro como era, então vou apenas escrever o que ela queria dizer: O ser humano tem dois infortúneos: um é desejar, o outro é ter o que deseja". Acho que estou antes do desejar, procurando o que desejar. Por isso me sinto tão deslocado. Mas a vida continua, e a busca também.

Não sou tão radical quanto o mr. Thinker. O amor pra mim é uma incógnita, e parece fugir de mim cada vez que me aproximo dele.

Valew por continuar entrando e desculpa a demora!